RAÇA DE HERÓIS - Capítulo 17 - A Verdadeira Beleza

Capítulo 17

A Verdadeira Beleza

Nos tempos atuais há um culto e um valor transtornantes em torno da aparência física. Muitos homens e mulheres, começando já na infância, querem e buscam por um corpo perfeito. Perfeito para quem? Para os outros. É o desejo de ser visto, desejado, admirado e invejado. Horas e mais horas são gastas em uma academia, produtos, plásticas e roupas, e muito tempo perdido com excessos que causam distúrbios. A indústria dos produtos e cosméticos para uso exterior está prosperando, mas o ser humano está vazio de emoções e em declínio interior. Nessa busca desenfreada pelo corpo perfeito muitas pessoas já causaram danos ao seus corpos, porque ficam sem ingerir substâncias necessárias à manutenção de uma boa saúde e se matam, inconscientemente.

Quando estamos perto de pessoas serenas, brandas nos sentimos bem, em paz, e um sentimento de calma nos envolve. Essa beleza que nos contagia é a energia interna do bem que alguns possuem e que faz com que se tornem belos. Essa é a beleza que todos deveríamos buscar construir em nós. Não há coração endurecido o suficiente que resista a essas boas vibrações de alguém.

O homem e a mulher não podem ser avaliados por um corpo carnal, mas por qualidades como a honestidade, a simplicidade, a doçura e o carisma. Nossos corpos modificarão apesar de todos os cuidados, pois trata-se de uma propriedade da matéria a qual propicia renovação. Por isso envelhecimento, significa, de fato, maturação e renovação, tanto física como espiritualmente.

Não há nada de errado em cuidar da alimentação, fazer exercícios físicos e se vestir com uma roupa bonita. Temos, porém que nos acautelar com a paranoia e a obcecação por tudo isso. Além de buscarmos o bem estar físico não nos esqueçamos da prática de ações como sorrir e conversar com alguém que está passando, mesmo que seja um estranho, falar de paz e caminhar em paz para que as criaturas violentas se acalmem, as flores sejam vistas, os animais sejam amparados e todos os seres, assim, exteriorizem um sentimento puro, e fique a Terra repleta de amor como um paraíso. E essas vibrações viajarão pelo Universo fazendo com que esse amor toque a muitos, e muitos sentirão a energia harmoniosa que ela, a verdadeira beleza,

é capaz de transmitir.

Podemos classificar a atual condição de nossa civilização de inquietude. O agito das cidades, o excesso de informações, poluição atmosférica, visual e sonora, desperdício de um lado e escassez de outro, corrupção, violência, cobranças e regras do mercado de trabalho, da moda e a existência de guetos como lobistas, partidos políticos ou qualquer outro grupo fechado que não pensa na prosperidade de uma nação, mas está sempre pensando em vantagens, em primeiro lugar, desestruturam o orbe terreno.

Será que a causa de todo esse desassossego no qual estamos imbuídos não é por estarmos fechando nossos olhos e ouvidos para as frases edificantes, a leitura educativa, os filmes instrutivos, as palavras animadoras e cheias de beleza que nos são dirigidas?

Ficamos em frente à TV alimentando-nos de notícias depressivas e de repórteres e apresentadores formadores de opinião que adoram jogar uns contra os outros através de notícias deprimentes que enchem nossos lares de terror.

E os filmes e programas pornográficos? Muitos homens e mulheres estão adentrando nesse mercado rentável e decadente, onde o sexo é visto unicamente como instrumento de sentir prazer de uma forma sórdida. Não podemos nos esquecer de que quando alugamos, compramos, vendemos e fomentamos a propagação de tais produtos, estamos divulgando e alimentando essa indústria e ajudando a desvirtuar pessoas que poderiam ser excelentes professoras, donas de casa, cantoras, costureiras, engenheiros, enfermeiros, dançarinos ou qualquer outra profissão. Será que o dinheiro ganho desta maneira traz conforto; digo conforto espiritual?

E será também que não estamos fechando nossos olhos e ouvidos para o Evangelho de Jesus e estamos totalmente esquecidos dos nossos irmãos em dificuldade? Alegamos não ter tempo, dizemos que nossas vidas estão corridas e esquecemos-nos de fazer uma pausa durante o dia e dar uma olhada em nossa volta para apreciarmos o brilho do sol, o som da chuva, os sorrisos que nos dão.

Falamos que amamos, mas precisamos entender que quem ama não abandona nos momentos difíceis, e mesmo sem saber fazer o que o outro faz, entende que um abraço, um sorriso e um olhar servem de incentivo, e com eles damos um meio de esse alguém vencer suas

dificuldades. Falar “eu te amo” é simples e fácil, mas amar é muito difícil... Quem ama tem consideração para com o outro. Mesmo que ele não lembre o dia do aniversario da pessoa, no dia, reconhece a importância desse alguém que está ao seu lado, já que cada dia de vida deve ser comemorado. E aniversário não é motivo para dar ou querer ganhar presentes. Uma lembrança simples, um telefonema, um e-mail, um bilhete de bom dia dizendo “estou com saudades”, “sinto sua falta”, pois não é o valor financeiro do presente, mas é o fato de você estar presente e agradecer a Deus pelo presente que ele te deu ao colocar alguém especial em sua vida.

Comecemos a observar as proezas que irmãos nossos foram capazes de realizar quebrando preconceitos, desenvolvendo medicamentos, saciando a fome de muitos, levando esclarecimento e consolo: Isso é a maior beleza, o trabalho fraterno, que é capaz de catequizar mentes e corações.

Estamos dependentes de nossos desejos, da busca desenfreada por artefatos terrestres, e quando damos conta, parece que nada faz sentido, que está faltando alguma coisa e um sentimento de vazio se faz em nós. Essa sensação de vazio é vazio, sim. Vazio de caridade, compaixão, perdão, perdoar, simplicidade, humildade e tolerância.

Quando fechamos nossos olhos e ouvidos para as obras salutares da vida, sofremos, ficamos depressivos e com raiva de tudo e de todos. É preciso dar uma chance a nós mesmos. Chorar menos e sorrir mais, ouvir mais e falar menos, olhar para frente e vislumbrar a conquista de uma era iluminada e olhar para trás para ver se não estamos nos esquecendo de alguém. Doar um pouco de nosso tempo a alguém ou alguma causa nobre. Desligar a televisão, fechar o livro e o jornal, sair de frente do computador e agir, colocando as mãos em uma atividade benemérita.

Grande parte do comportamento social é aprendido através dos meios de comunicação. A programação nesses meios é feita por patrocinadores e mantida pelo povo. Assim chegam às nossas casas programas que deturpam a moral e a boa conduta. Quem patrocina, muitas vezes, quer apenas vender sem se importar com as consequências e com os telespectadores. Desde que se venda, de nada valem a saúde, a educação e os efeitos colaterais. Quem compra mantém os patrocinadores ativos, mas todos são atingidos, uma vez que estamos interligados.

Um tema muito mal trabalhado dentro da mídia é a Arte Marcial, onde a agressividade e a violência são glorificadas. Filmes e eventos violentos têm sido organizados e classificados como esportivos. Há pessoas se digladiando nos ringues e tatames em troca de fama e dinheiro. Para coadjuvar, instrutores fazem de seus alunos fonte de renda e não explicam-lhes os princípios marciais. Outros os ensinam a serem violentos, incentivando-os a disputarem esses torneios selvagens em que lesões danosas são causadas no corpo físico e no campo perispiritual, demorando-se longo tempo para o refazimento, devido ao fato de não ser essa uma opção de defesa, mas sim de se promover.

As Artes-Marciais foram criadas para defesa pessoal e não apenas para ganhar medalhas, troféus e reconhecimento. Seu maior objetivo não é para usarmo-las para vencer o outro; é vencer nós mesmos. Vencer nossos medos, nossas inseguranças, burilar nossas arestas e conquistar autocontrole para, assim, desempenharmos nossos papeis de homens de bem, adquirindo disciplina, concentração, cidadania, buscando sempre por um espaço de equidade para todos.

A disputa de competições, desde que bem organizadas e que se use protetores adequados, preservando a integridade física e psicológica é proveitosa, mas não se deve ter o ganho de prêmios como único objetivo. Como instrumento de defesa que são, ou deveriam ser, as Artes Marciais são uma maneira de viver calmamente e em paz consigo, com Deus, as pessoas e a natureza. É lamentável, mas essa filosofia não é seguida por muitos. Infelizmente, esses valores estão se perdendo no mundo marcial. Academias rivais, pseudos mestres e atletas fracos psicologicamente, motivados pela conspurcação midiática, têm corrompido esses valores. Carecemos de eliminar essa ideia de violentar nosso próximo em troca de prêmios. Isso só nos endivida e nos passa uma ilusão de vitória. Não podemos nos esquecer daquela Lei de Ação e Reação sobre a qual já conversamos, e não nos esqueçamos de que só vence aquele que se utiliza do amor. Podemos praticar arte-marcial para termos qualidade de vida, boa saúde, disciplina, mas cabe a nós dominá-la e não deixar que ela nos controle, ou melhor, nos descontrole. E vamos nos recordar de um pensamento do artista marcial, Bruce Lee que nos diz que: “Com relação a outros estilos e escolas não pense em termos de certo ou errado, melhor ou pior. Não seja contra ou a favor.

Nas colinas, durante a primavera, não há melhor ou pior... Os ramos crescem naturalmente, floridos, uns curtos, outros longos”...

O estilo de arte-marcial, de roupa, de vida, é a vontade de cada um. Podemos opinar, trocar pareceres, sem deixar de lado o respeito pelos pontos de vista alheios. Respeitar não significa concordar. A necessidade da transformação é evidente em determinados pontos. Entretanto para que ela se faça é necessária nossa participação, nosso envolvimento, movidos pela vontade de querer um mundo elevado. Qual será nossa opção de escolha? Existem vários caminhos, mas nem todos conduzem ao mesmo destino.

Aprendamos a ver que as diferenças completam o todo. E com relação à religião, profissão, cor, nacionalidade, não pense em termos de certo ou errado, melhor ou pior; não seja contra ou a favor. As flores que surgem nas colinas durante a primavera, as religiões, as músicas, o trabalho, as pessoas, as diversas formas de vida que aí estão, são um campo de estudo e aprimoramento para todos nós, seres imortais.