Colher o dia - de Cesar Dohler - repasse.

Colher o dia

Viver o dia de hoje como se não houvesse amanhã, aproveitar 15 minutos para fazer o que você quiser, tirar o pé do acelerador, relaxar. A vida é uma travessia em que cada braçada é importante para chegar ao outro lado. A corda do violão não pode estar muito esticada, senão arrebenta. E não pode estar muito frouxa, senão o som não sai. Assim é a vida, igual a uma música, tem que tirar agora ou não sai mais. A fugacidade do tempo e a fragilidade da existência estão atrapalhando a colheita dos dias que seguem. No século 16, Pierre Ronsard escreveu: “Vive sem esperar pelo dia que vem; colhe hoje, desde já, as rosas da vida”. A sociedade anda abarrotada de afazeres e sem tempo para esses pequenos prazeres de se viver o hoje.

A professora Betania Tanure disse que a confiança pessoal está na esfera da certeza de que seu colega de trabalho não lhe dará uma rasteira ou, pior, de que ele não tem uma faca escondida debaixo do paletó de seu elegante terno ou tailleur. Que tipo de colheita iremos fazer em um cenário como esse? As pessoas ficam estimuladas quando se faz um jogo em que, se um dos participantes erra, todos perdem, como no frescobol. Mas o mais comum nas organizações é que as pessoas se relacionem como em uma partida de tênis, na qual cada jogador usa toda a sua competência para que o outro receba a bola do pior modo possível. O sonho seria o frescobol, embora muitas vezes a vida se pareça mesmo com o tênis.

A vida é breve. É preciso aproveitar o dia e valorizar as oportunidades fascinantes de uma vida simples. Diante das pressões modernas, com o isolamento de uma sociedade consumista, workaholic e enclausurada nas metrópoles cinzas, ainda há espaço para um espírito de colher e curtir a vida. Que tal uma caminhada sem destino, o pastel na feira, conversar com os filhos, as cores únicas do céu no pôr do sol? A vida é algo que se gasta, que se esvai, que flui. Permitir-se não pensar demais é desfrutar de um dia diferente. A ideia de que hoje pode ser o último dia de nossas vidas tende a ser angustiante, mas também pode ser libertadora à medida que nos convida a semear nossas pequenas doses diárias de felicidade. Vamos colher? Agora!

Compartilho este texto de César Döhler por entender que contém ótima messagem.

Raio Eterno
Enviado por Raio Eterno em 08/07/2011
Código do texto: T3083053