A Goiabeira

A goiabeira do Povoado Cocal, uma árvore que se erguia com majestosidade no quintal de minha avó, era um marco na infância de todos nós que crescemos naquele povoado na zona rural da cidade de Santa Quitéria do Maranhão, no interior do Maranhão. Era mais do que uma simples árvore, era um portal do tempo, uma fonte de aventuras e memórias que perduram até hoje.

Naqueles dias, as tardes pareciam mais longas e a vida mais simples. Quando a sombra da goiabeira se estendia sobre a terra batida, era o sinal de que a diversão estava prestes a começar. Corríamos descalços, com a terra quente sob nossos pés, e nos aventurávamos embaixo daquela árvore frondosa. As folhas grandes e verdes eram nosso teto, e os raios dourados do sol filtravam-se suavemente, criando uma atmosfera mágica.

As goiabas eram o nosso tesouro, penduradas como joias na árvore. Subíamos pelos galhos com destemor, desafiando a gravidade e o medo da queda iminente. As goiabas verdes eram perfeitas para um duelo de arremessos, enquanto as maduras eram saboreadas com deleite, com o suco escorrendo pelos cantos dos lábios e os olhos semicerrados de prazer.

As histórias fluíam sob a goiabeira. Contávamos casos de assombrações que habitavam a mata próxima e aventuras que planejávamos para o futuro. Era ali, sob aquela copa verde, que aprendíamos sobre amizade, confiança e a importância de cuidar uns dos outros.

Hoje, ao olhar para trás, a saudade daquelas tardes de verão é intensa e melancólica. A goiabeira de Cocal já não está lá, derrubada pelo tempo e pelo progresso que chegou mesmo àquele recanto remoto. As crianças de hoje talvez não saibam o que perderam, mas nós, que tivemos o privilégio de crescer sob a sombra daquela árvore, entendemos a importância das lembranças que ela nos deixou.

A goiabeira era mais do que uma árvore. Era um pilar de nossa infância, um testemunho silencioso de nossas alegrias e travessuras. Ela nos ensinou a valorizar os momentos simples da vida e a cultivar as raízes de nossa história. Hoje, quando fecho os olhos e me transporto de volta àquele quintal ensolarado no Cocal, sinto gratidão por ter tido uma goiabeira que, mesmo aos meus 22 anos, continua a ser uma parte preciosa de minha jornada, como um símbolo eterno da felicidade da infância e das lições que ela nos ensinou.

Pasia Aventuristo
Enviado por Pasia Aventuristo em 13/09/2023
Código do texto: T7884315
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.