Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. (Resenha)
Carlos Alberto Faraco é um linguista brasileiro, formado em Letras
Português/Inglês pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1972). Fez mestrado
em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1978), doutorado em
Linguística na University of Salford (1982) e pós-doutorado em Linguística na
University of California (1995-1996). Atualmente é professor titular (aposentado) de
língua portuguesa na Universidade Federal do Paraná, da qual foi reitor no período de
1990 a 1994.
Uma de suas obras é o livro ‘Linguística Histórica: uma introdução ao estudo
da história das línguas’, publicado em 2005, que é uma edição revista e ampliada da
primeira versão, 1989. Inicialmente destinada aos estudantes do curso de Letras, mas
aberta a qualquer pessoa interessada em conhecer as mudanças linguísticas. O livro é
composto por seis capítulos que apresentam discussões teóricas, conflitos entre sistemas
e seus respectivos resultados; ao final traz um anexo contendo algumas informações
sobre a família linguística indo-europeia.
O primeiro capítulo – Primeiras Palavras - faz a apresentação do objetivo do
livro, que no geral é fornecer uma visão panorâmica da disciplina ao leitor, buscando
despertar-lhe o interesse pela mudança linguística. O autor também apresenta a estrutura
do livro e faz uma breve síntese do que será exposto no próximo capítulo.
No segundo capítulo – A percepção da mudança - o autor aborda as questões de
como a língua está sempre em movimento e como as mudanças geram alterações nas
configurações estruturais dessas línguas, tanto no viés de tempo, entre grupos de
pessoas de gerações e classes sociais diferentes.
Outra colocação que o autor apresenta é a relação entre a língua escrita e a
língua falada, onde ele discute fatores que contribuem para ideia de que a língua escrita
é mais conservadora do que a língua falada, que por sua vez é considerada como
inovadora. Porém, ele coloca que nem todas as diferenças entre escrita e fala
caracterizam mudanças linguísticas, já que nem todas as mudanças ocorridas na fala
entram para a escrita.
No terceiro capítulo – Características da mudança – o autor aborda algumas
características que ocorrem na língua no correr do tempo, já que seu resultado é
decorrente de um longo e contínuo fluxo histórico. Ele também explica como ocorre o
encaixamento estrutural e encaixamento social e suas diferenças.
No quarto capítulo – A linguística histórica é uma disciplina cientifica – o
linguista irá explanar sobre as diversidades teóricas sobre essa ciência, apresentando
confrontos entre os dados empíricos e a teoria. Para exemplificar algumas questões
relacionadas ao real e a ciência, Faraco discute os conceitos de sincronia e diacronia,
que tem sido objeto de constantes discussões, a partir do livro Curso de linguística
geral, de Saussure, publicado em 1916, que vai a oposição aos estudos linguísticos
hegemônicos nos séculos XVII e XVIII. Ainda nesse capítulo, o autor chama atenção
sobre a concepção de linguagem.
Na sequência, o linguista apresenta as orientações que estão estudando a história
das línguas: Teoria Variacionista e a Teoria Gerativista. Ele expõe as características de
cada uma e apresenta Fernando Tarallo como um dos primeiros a defender a
aproximação entre as duas orientações, dando o nome de ‘Sociolinguística Paramétrica’
a esse fenômeno.
No quinto capítulo do livro, intitulado – História da nossa disciplina – o autor
resgata traços gerais da história da linguística histórica, como suas obras mais
importantes, seus autores e momentos. Para isso ele dividiu a disciplina em duas fases: de 1786 a 1878 (ano da publicação do manifesto dos neogramáticos), e de 1878 a até os
dias de hoje (período de tensão entre duas grandes linhas interpretativas).
No mesmo capítulo o autor fala do método comparativo desenvolvido por
Friedrich Schlegel e Franz Bopp, assim como sua criação e objetivo, cita o nome de
Jacob Grimm, autor do livro ‘Gramática alemã’ e sua diferença com Bopp. Além desses
estudiosos, Faraco destaca o linguista dinamarquês Rasmus Rask e também a criação e
o papel da filologia românica.
No decorrer do texto, o autor apresenta obras de nomes como: Schleicher, Paul,
Schuchardt, Meillet, e fala também sobre os neogramáticos, as leis de Verner e Grimm,
analogia, o impacto do estruturalismo nos estudos diacrônicos, o gerativismo em
diacronia, análises tipológicas e sua avaliação do ponto de vista gerativista, a
dialetologia, a sociolinguística, entre outros tópicos.
A obra se conclui com o sexto capítulo – Concluindo – que é o momento em que
o linguista deixa uma vasta indicação de leitura ao leitor que deseja ampliar o
conhecimento sobre a linguística histórica. Aos interessados o autor traz anexada a
explicação de como ocorre a classificação da Família Indo-Europeia, que compreende
uma série de línguas faladas na Ásia e na Europa.
Linguística Histórica é um livro introdutório, mas não deixa de ser amplo. Do
primeiro ao quarto capítulo o autor aborda as teorias de maneiras particulares para que o
leitor entenda cada uma em sua individualidade. Já no quinto capítulo, o autor faz uma
correlação entre todos os tópicos já apresentados, e isso faz com que a leitura
desenvolva sem empecilhos, como se fosse um agrupamento teórico de maneira
aprofundada. O livro em questão é sem dúvida um excelente material a todos os
interessados em saber mais sobre os estudos da língua, principalmente aos estudantes de
Letras.