Travessuras do tempo

Eu sou pivete, pés no chão, camisa aberta

Não quero andar nem de patins nem bicicleta

Quero a poeira e um pneu de caminhão

Não ruas cheias de cimento e solidão

Desço ladeira pra avistar o meu menino

Cabelo ao vento, pés no chão jogando bola

Entrar na roda, quando eu era pequenino

Dizer um verso bem bonito e ir-me embora

Me diga, moço, então quem foi que destruiu

O matagal e avelha ponte que partiu

E a laranjeira que um dia floresceu

Não diga, moço, que o gato já comeu

O anel que tu me deste era vidro e se quebrou

O amor que tu me tinhas era pouco se acabou

Eu sou moleque atravessando o tempo

Seu rei mandou eu viajar no pensamento

E a merendeira pendurada no pescoço

Lata vazia a mergulhar no fim do poço

O meu brinquedo é a liberdade proibida

Mexer botão eletrizando a ferida

Meu estilingue joga ferro, feito vômito,

Meu avião brinca sozinho, é supersônico

Me diga, moço, então quem foi que destruiu

O matagal e avelha ponte que partiu

E a laranjeira que um dia floresceu

Não diga, moço, que o gato já comeu

O anel que tu me deste era vidro e se quebrou

O amor que tu me tinhas era pouco se acabou

Rogemar Santos
Enviado por Rogemar Santos em 29/06/2017
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