Barulhinhos do Silêncio
Mesmo sem companhia, não estou só
Falo comigo mesmo e gosto da resposta
Aprecio e curto o diálogo
Às vezes me conheço, outras me estranho
Quando quero meu silêncio
Encerro o papo e me calo
Nesse espaço, que parece vazio
Encontro oxigênio e combustível
Acendo e alimento meu fogo de pensar
Ouço muito com essa falta de sons
Barulhinhos aguçam minha percepção
Aspiro e, calmamente, me inspiro
Namoro do saber com a imaginação
Desapego que esvazia e completa
E a loucura, guardada no social
Vira arte pura no papel
Em letras e depois canção
A música não quebra essa paz
Em perfeita sintonia com o gosto
Ela é o movimento do silêncio
Barulhinhos bons que alimentam
Com a mente satisfeita e saciada
Modo contínuo, não paro a criação
Questiono e comigo concordo
Troco palavras, risco e rabisco letras
Sinto o momento e volto a conversar
Cessam alguns sons e outros renascem
Conheço os barulhinhos do meu silêncio
Por vezes, são minha companhia
Comigo não estou só