São Paulo

Eu já vivi aqui tempo o suficiente

Pra saber que de manhã o sol quente

Traz uma forte chuva ao entardecer

Em São Paulo da para sentir

As quatro estações num dia

Em São Paulo da para ouvir

O silêncio que não se pronuncia

Amar você tem me desgastado

Mas o que eu posso fazer?

Também tem desgastado você

Atritos sempre arrancam pedaços

Deixam palavras perdidas no espaço

Dizem que o tempo tudo cura

Isso é uma resposta falsa pra quem procura

Uma pequena segurança

O que o tempo faz

É apenas reorganizar as lembranças

O tempo põe tudo em seu devido lugar

Deixa tudo exatamente onde deve estar

Agora o presente, o futuro lá na frente

E o passado, o passado bem atrás

E eu não sei bem as soluções

Para acertar o rumo dos nossos corações

Nossas histórias se cruzaram tantas vezes

Parece que não querem separar

Embora a gente insista, não pare de tentar

Sem contato, nossas palavras cortam o ar

Sem contato, nossas palavras cortam a alma

Sem contato, o que posso falar?

Sem contato... sem contato...

Quando deixamos nossos corpos falar

E, inexplicavelmente, decidimos nos abraçar

As duvidas se vão, as cicatrizes se fecham

E eu faço uma presse pra você nunca partir

Quando você não está olhando, eu choro

Eu choro de alegria, ou choro de solidão

Eu sinto sua falta na vinda, na partida, na prontidão

Quando você está por perto dói

Quando você está longe dói

Quando você me abraça, tudo se reconstrói

Tudo faz sentido novamente

Me da vontade de seguir em frente

Eu não tenho facilitado as coisas

Mas você tem dificultado um pouco

O que posso fazer se sou um louco?

Todos somos, no fundo, realmente todos somos

E por aqui, nessa capital

Estamos cercados de pessoas

E no entanto... completamente à sós.

Pablo de Sena
Enviado por Pablo de Sena em 09/01/2015
Reeditado em 01/12/2021
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