Carta Caipira

Uma carta de amor de um caipira

é feita à luz do sol,

no meio do laranjal

ou na janela enluarada

à luz de lamparina.

E tem um gosto de jaca,

de jabuticaba

que só vendo.

E cheira a capim-gordura,

capim do vale...

Cheira a tantos matos.

O caipira escreve,

em mal-traçadas linhas,

com uma satisfação

que até a alma vai no envelope.

E é uma carta grande que nem jibóia...

E no final uma nota:

Querida Mariquinha, não arrepara, não,

o papé vai com noda.

Mas em compensação, botei nele

todas as borboletas que sonho,

todo o meu coração saudoso

e um cherim de frô gostoso

que vai te derrubá no chão,

minha formosa!

de Cristina Ribeiro