Harry Potter - FanFic - Capítulo 05

HARRY POTTER E OS PESADELOS DO PASSADO

CAPÍTULO 05

Quim olhou ao redor, viu que todas as portas da sala estavam fechadas, e começou a explicar o que estava acontecendo.

– Como vocês devem se lembrar, há cerca de dezenove anos, vocês e a Ordem da Fênix lutaram contra comensais da morte por todo o Departamento de Mistérios, eu, inclusive, estava aqui. Naquela ocasião, acidentalmente, este armário de Vira-tempos foi quebrado e desde aquele dia, ele repete seu ciclo: destruição e regeneração.

“Durante anos pensamos no que poderíamos fazer para resolver este problema. Dumbledore, pessoalmente examinou o armário, embora tudo o que ele tenha dito foi: ‘Acho que a única coisa que temos a fazer, senhores, é dar tempo ao tempo, se é que vocês me entendem’“.

– Parece realmente o tipo de coisa que Dumbledore diria – comentou Rony.

Harry e Hermione concordaram fervorosamente.

– O problema é que – continuou Quim –, nos últimos anos, as coisas começaram a mudar. Há três anos, dois inomináveis simplesmente desapareceram enquanto mantinham guarda na sala, e até hoje não sabemos o que aconteceu com eles. Foi quando resolvi vigiar esta sala regularmente. – Ele olhou bem para o armário. – Por favor, se aproximem e olhem atentamente para os vira-tempos, mas tenham o cuidado de não tocar em nada.

Harry, Rony e Hermione se aproximaram com cautela do armário. Durante alguns segundos eles não perceberam o que Quim quis dizer, então viram que, nos vidros quebrados do armário, imagens passavam e se repetiam, todas as vezes que o armário caia, quebrava e se regenerava. Em uma das imagens em especial, Harry viu uma pessoa, com os olhos imensamente aumentados pelas lentes grossas dos óculos, envolta em xales e colares aos montes, assim como pulseiras e anéis, era Sibila Trelawney. O fato curioso é que não era a Sibila atual, mais velha e caduca do que nunca, mas sim a imagem que Harry tinha da professora, na primeira vez que a vira.

Harry se assustou.

– Está mostrando o passado!

Quim aprovou o raciocinio de Harry.

– Você está parcialmente certo, Harry. Foi assim que tudo começou. Antes, o armário simplesmente caia, se despedaçava e se regenerava, então, entre um ciclo e outro, ele começou a mostrar imagens do passado, uma imagem diferente para cada pessoa.

Harry olhou para Rony e Hermione.

– O que vocês viram? Eu vi Trelawney.

– Eu vi o traidor do Perebas! – Disse Rony, chateado.

Hermione corou quando os dois se viraram para ela.

– Bem, eu... Eu vi o Vitor.

Rony parecia ter sido esbofeteado. Por um momento o Rony de quinze anos apareceu em seus olhos.

– Krum? Você viu Vitor Krum?

– Ela não pode controlar, Rony – Quim interviu. – O armário escolhe lembranças que podem causar raiva e discórdia. Veja por você, que viu seu rato, ou melhor, Pedro Pettigrew! Não vá me dizer que esta é uma lembrança feliz! O armário provavelmente escolheu Krum para que você e Hermione brigassem.

Rony tentou balbuciar alguma coisa, mas não conseguiu emitir som por algum tempo. Quando finalmente recuperou a voz, se virou para Harry.

– Se Quim está certo, por que você viu Trelawney? O que ela lhe fez?

– Você só pode estar de brincadeira, Rony! – Exclamou Hermione. – Pense um pouco, o que Trelawney fez que afetou o passado de Harry?

Antes dela falar, nem mesmo Harry tinha se dado conta do motivo do armário lhe mostrar Sibila Trelawney, mas agora estava tão claro que ele se penalizou por não ter pensado nisso de cara. O que Trelawney fizera para ele? Simplesmente previra a profecia que levou Voldemort a matar seus pais, profecia que, posteriormente levou à morte de Sirius.

– O armário errou – disse Harry, de repente. – Eu já senti muita raiva disso, mas Trelawney não tem culpa nenhuma do que aconteceu.

Nem bem tinha terminado de falar quando a imagem de Sibila foi substituída pela de Dolores Umbrige.

– É, agora sim ele acertou.

Quim, que estava observando atentamente os três, voltou a falar.

– Como eu ia dizendo, o armário começou a mostrar o passado, era uma mudança, mas não era nada preocupante. Isso continuou por cerca de três anos. Então, cerca de três anos atrás, ele começou a mostrar o futuro.

Hermione, para variar, raciocinou um pouco mais rápido que Harry e Rony.

– Foi mais ou menos quando os dois inomináveis desapareceram?

Quim concordou, acenando com a cabeça.

– Exatamente. Foi aí que começamos a nos preocupar de verdade, por que, dezenove anos atrás, havíamos mexido no tempo, e parecia que o tempo não ficara muito feliz com isso. Então nós entramos em um novo estágio – ele olhou para os vira-tempos por alguns segundos. – Neste novo estágio, o armário começou a modelar o futuro de acordo com seus desejos. Este ano, perdemos mais um inominável, então reforçamos a guarda da sala, foi quando descobrimos que o armário estava modelando o futuro dos inomináveis que o guardavam, especificamente, para tira-los do caminho. Ontem à noite, um inominável morreu em um acidente de carro. Quando ele saiu do ministério, confessou para um de seus colegas que vira a própria morte nos vidros quebrados.

Os três estavam sem palavras. Quim continuou.

– Nosso medo é que o armário comece a causar grandes catástrofes. Pensem, por exemplo, o que pode acontecer se um semáforo demorar dez segundos a mais para fechar.

Harry quase pode visualizar um acidente de transito de grandes proporções, envolvendo pedestres, ciclistas e veículos.

– Eu sei que isso não é trabalho para vocês. Inclusive, vocês já fizeram mais pelo mundo bruxo do que metade da população junta. Mas vocês foram capazes de deter Lord Voldemort e foram ensinados pelo próprio Dumbledore. Vocês, Harry e Rony, são dois dos melhores aurores que temos, e você Hermione, é a bruxa mais inteligente que já conheci e conhece vira-tempos, pois teve um durante seu terceiro ano. Qualquer ajuda que possam oferecer é bem-vinda.

Os três se olharam aflitos. Harry viu, no olhar dos dois, que eles não faziam ideia do que poderiam fazer para parar um inimigo como o próprio tempo.

– Nós temos que pensar, Quim, será que podemos sair desta sala? Não consigo raciocinar aqui.

Quim concordou.

– Fiquem à vontade, vocês estão dispensados de suas funções por tempo indeterminado, peço que se dediquem exclusivamente a este problema.

Quando estavam dando as costas ao armário, Harry olhou mais uma vez para as imagens nos vidros quebrados. Ficou confuso, pois o rosto de Dolores Umbrige sumira, não havia mais nada nos vidros.

– Mas que diabos...

Sem se dar conta do que estava fazendo, Harry se aproximou do armário.

– Harry? – Chamou Rony.

Mas Harry não se virou, uma nova imagem surgira em um estilhaço de vidro e, por um momento, ele esqueceu tudo o que sabia sobre magia, esqueceu que mexer com o tempo era perigoso, e voltou a ser um garotinho de quinze anos. Pois ali, naquele caco de vidro, estava Sirius Black, com as mãos estendidas para ele, caindo através de um véu, seu rosto vidrado, sem vida. Antes que percebesse o que estava fazendo, Harry estendeu a mão, tentando impedir Sirius de atravessar o véu, como não conseguira fazer naquela fatídica noite. No momento em que sua mão tocou no armário, ele sentiu Rony e Hermione agarrando seu braço, tentando impedi-lo, mas era tarde demais.

Quando Quim Shacklebolt percebeu, ele estava sozinho, olhando para um armário que se despedaçava e se regenerava infinitamente.