A Lua, Vista Por Um Menino Caipira

Na humilde casinha da colônia da fazenda de café, a mãe, filhinho nos braços, conversa com as comadres, sobre as questões comuns.

Dali, o filhinho contempla a lua, pairando sobre o morro do angical.

-Banana; sussurrou ele!

A mãe e as comadres acham muito esquisito aquilo e, incontinenti, dizem:

-Ave Maria!

A mãe se preocupa, balança o filhinho; este sorri e diz mais uma vez:

-Banana!

A comadre Benvinda sai num carreirão pra casa e volta com uma banana, já um tanto passada do ponto.

A mãe descasca a banana e a dá ao filhinho, introduzindo-a na boca do rebento.

O filhinho faz um muxoxo; tenta iniciar um choro.

A comadre Nair corre até sua casa e traz outra banana, bem madura, no ponto.

Mais uma vez o menino caipira faz cara de nojo e principia um chororó.

Alguém se lembra de chamar a Sá Zefa, para benzer a criança; afinal ela nunca havia falado antes: - nenhuma palavra!

A benzedeira traz um ramo de arruda e bate com ele três vezes nas costas e três vezes no peito do menino. Depois, sussurra uma ladainha, faz o sinal da cruz na testa do menino e vai embora, sem dizer uma palavra.

O menino agora parece mais calmo e começa a dormir. A mãe leva o filho para o quarto, aninha-o e beija-o, deixando-o dormir. Volta ao terreiro da fazenda para continuar a prosa com as comadres.

Lá, no alto do céu, a lua minguante, brilhante e dourada, exibe uma banana madura que ilumina o terreiro da fazenda e as comadres, que não se apercebem da visão que o menino teve... .

Tio Babá
Enviado por Tio Babá em 03/11/2014
Reeditado em 13/11/2014
Código do texto: T5021808
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