[Original] Ela me faz - Capítulo 25 (FINAL)

Eis então aquele momento que a autora sofre um pouco por terminar a saga gaúcha que escreve desde 2012. A gente se fala lá embaixo. ^-^

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Capítulo 25 – E a gente então se vê – (Final)

Rafaela Marchiori

O churrasco no enorme quintal da casa de Merten começou as 18h. Era uma comemoração por sua gravidez, por isso metade de sua família estava lá. Iasmin acabou esbarrando em Emerson e Eveline. Ela é muito bonita. Chega a ser chato ficar perto dela.

Como Iasmin JAMAIS perde a compostura, os cumprimentou com a maior delicadeza o possível. Eu já disse o quanto amo essa minha amiga? Bruna e Isabel pareciam ter esquecido os problemas do passado e se tornaram boas amigas. Quando chegamos ela nos recebeu com uma alegria que não condizia com as coisas que eu sabia dela. Acho que Demétri teve um efeito mais do que positivo em sua vida. Nos sentamos a uma mesa próxima do muro que dividia a casa de Bruna com a do vizinho. Eu segurei a neném para Isabel poder ir ao banheiro. E Iasmin voltou com duas bebidas.

- Até que eu fiz bem deixando o Emerson com a Eveline. Eles combinam. – Ela me deu um copo com uma bebida rosa. Experimentei. Era gostosa. Olhei o casal rapidamente.

- É, concordo. Eveline e a Bruna não tem nada a ver uma com a outra.

- Não mesmo.

Uma música ambiente tipicamente gaúcha tocava para os convidados. Alguns arriscavam dançar, mas a maioria estavam em grupos de conversas altas. Isabel, ao voltar, cumprimentou os familiares de Bruna e quando sentou-se à mesa conosco, pegou a Monica. Lennon chegou a festa e nem sei se é necessário dizer a melação com que ele e Isabel mataram a saudade. Ele me cumprimentou animado e fez o mesmo com Iasmin.

Agora estavam quase todos ali. Quase todos.

Um pouco mais tarde eu pedi licença e fui até o banheiro. A casa de Bruna era enorme. Perguntei a uma mulher que parecia conhecer a casa onde era o banheiro.

- Segunda porta a direita, nos fundos. – Respondeu, apontando a direção que eu deveria ir. No caminho, distraidamente não vi quando bati de frente com alguém que fez o meu coração quase pular pela boca. Eu sei, eu sei. Foi um tanto babaca, mas lá estava eu sem ar na frente de Lucas. E como sempre sentindo a mesma tremedeira que só ele era capaz de me fazer sentir. O olhar dele fixou em mim e o silêncio foi perturbador. Algo nele havia mudado, além do crescimento da barba e dos músculos ou da indescritível beleza. Eu não sei se quero saber o que é. Ele abriu a boca uma vez, depois a fechou e baixou a cabeça e riu, balançando-a, como se lamentasse algo.

Covarde, eu passei por ele como se nada tivesse acontecido. Mas não fui tão longe, pois fui puxada pelo antebraço e trocamos aquele longo olhar, que ao meu ver, foi bem triste. Na minha cabeça uma vozinha sacana gritava “ele não te ama mais”.

- Rafaela.

- Olá. – Forcei um sorriso e pisquei seguidas vezes espantando a vontade imbecil de chorar. Pelo o amor de Deus. Eu não vou chorar na frente de um cara que... Que é o cara que eu amo. – Eu achei que você não viria.

- Eu já estava aqui antes de tu chegar com Iasmin. Só não saí porque...

- Por que?

- Porque eu não queria ver tu.

A distância com que conversamos no corredor deixava a vozinha cada vez mais certa.

- Bom, eu também não queria te ver, mas as coisas não são como eu quero, não é?

- É. Já foram por tempo demais da forma que tu queria. – Falou ele, com uma suave sinceridade. Eu revirei os olhos. – Vai ver é por isso que acabou.

- É. Acabou. – Lucas ainda não me tinha me soltado. Eu tentei me libertar mas não consegui. – Conseguiu se livrar de mim, Lucas. Isso não é motivo para comemorar?

- Eu comemorei.

- Que bom. Estou feliz por você. Agora será que posso ir ao banheiro ou temos mais alguma coisa para falarmos?

- Quando é que tu vais embora? – A pergunta não foi bem ríspida, mas conseguiu me irritar a ponto de eu empurra-lo. – Rafaela... – Murmurou, bufando.

- Qual é o teu problema garoto? Será que você não tá vendo que isso está ridículo?

- Estou sim.

- PARA DE ME RESPONDER COM ESSA SERENIDADE!

- Bah, tu queres que eu te responda como?

Eu o empurrei e saí em direção ao banheiro, ainda ouvi o maldito dando uma risadinha cheia de provocação. Meu Deus. Ele além de não me amar, ainda resolveu tirar uma com a minha cara. Quando eu voltei para a mesa, Lucas estava conversando animadamente com Iasmin. Eu bufei e fui para a cozinha. Alguns minutos depois Lennon apareceu.

- Tu tá bem guria? – Ele perguntou, me olhando com o cenho franzido.

- Não.

- É o Lucas?

- Ele não me amar mais, tudo bem, agora ficar me tratando dessa forma não dá. – Desabafei, sabendo que Lennon não era a pessoa mais correta para me ouvir, mas é o que tem no momento né. Quem sou eu pra reclamar... Tsc.

- Não te amar mais? Esse guri ficou meses falando de ti, Rafaela.

- Ah, claro. Não foi o que ele me disse no corredor.

- É claro que esse tempo que vocês ficaram longe um do outro deve tê-lo mudado, mas ele ainda a ama sim. Lucas deve tá fazendo isso pra te provocar.

- Ele tá conseguindo viu, Lennon. – Falei, fazendo-o rir. – Acho que vou voltar para sua casa, estou cansada.

- Tu tens certeza?

- Sim. Avise pras meninas, tudo bem?

- Aviso... Então espera aí que pedirei a alguém pra te levar embora.

- Tudo bem.

Ele voltou para a festa e cinco minutos depois o maldito Lucas entrou na cozinha encostando-se ao meu lado na pia. Fechei a cara na mesma hora.

- O que é?

- Bah, tu não queres ir embora? Eu te levo.

- Dispenso.

- Tu não tens escolhas.

- Ah, tenho.

- Só vou te levar até a casa do Lennon, prometo não importuna-la.

Puxei um golfo de ar e depois o soltei. Lucas saiu na frente e eu o segui batendo pé. Voltamos com o carro de Demétri. Por um tempo manteve a sua promessa de não me importunar, mas quando o silêncio começou a nos encher ele teve que abrir a maldita boca e falar coisas que eu nem sequer perguntei. Por exemplo: Que até dois dias atrás estava ficando com uma garota. Eu fingi que não o ouvi pois não daria o braço a torcer e assumir meu ciúme. Ele então falou mais. O que me lembrou vagamente de Conrado.

Reparei que ele não fizera o caminho da casa de Lennon e sim um aleatório. O carro parou em frente ao estacionamento de um prédio bonito e bem localizado. Lucas pegou um mini controle que abriu o portão automático e desceu a rampa da garagem. Eu o fitei com a sobrancelha arqueada, fazendo-o rir. Ele desceu do carro e eu fiz o mesmo.

- Tá, o que é isso? – Perguntei, cruzando os braços. Ele me olhou dos pés à cabeça e com muita elegância me puxou pela cintura, fazendo-me sentar no carro. – Lucas o que você ta faz...

Os lábios dele selaram-se aos meus com possessão e uma pitada dolorosa de saudade. Suas mãos cravaram em minha cintura e nos beijamos. A língua dele invadiu a minha boca e eu lembrei na hora o quanto senti falta de estar com ele.

“Ele me ama sim, ele me ama pra caralho”. – Foi o que consegui pensar com aquele beijo. Senhor, abana.

- Eu passei meses pensando que nunca mais te veria. E admito que por um tempo eu acreditei que o meu sentimento por ti tinha ficado em algum lugar do passado, mas não. Ainda não passou. E não vai passar nunca. – E seu olhar fixou em mim.

- Mas...

- Eu sou um idiota. Fiquei com raiva quando te vi. Por isso falei aquelas coisas.

- Você é mesmo um idiota.

- Tu também és uma idiota.

- Ah, sou? – Eu dei um soquinho em seu peito, fazendo-o rir. Lucas segurou meu rosto e me beijou novamente. – Que saudade eu senti de você...

- Eu também senti muitas saudades.

Nossa reconciliação num estacionamento de um prédio foi repleta de certezas. Lucas me levou para conhecer seu apartamento de homem solteiro e “independente”. Nós brigamos um pouquinho quando vi que tinha uma peça da roupa de sua ex ficante no sofá. Como ele me deixou joga-la no lixo, não estiquei a briga. As vezes sou obrigada a concordar com as coisas que me fala. Eu amo mesmo brigar.

Entramos em seu quarto abraçados. A cama dele era enorme. E seu olhar sugestivo me fez rir enquanto suas hábeis mãos abriam os botões da minha jaqueta.

- Você quer mesmo ficar com uma garota que vai partir seu coração quando for embora novamente?

- Bah, que saudade dessa irritante ironia. – Eu o ajudei a tirar sua camiseta. – Em relação a sua pergunta essa guria infelizmente não sabe de uma coisa.

- O que?

- Ela vai viver comigo em Porto Alegre!

Travei na mesma hora. Ele deu um sorriso lindo que quase me impediu de contestar.

- Lucas... Eu voltei pra São Paulo não faz nem uma semana.

- Isso não está em contestação não, Rafaela. Tu vai morar comigo aqui. Não vou mais deixá-la ir embora... E inclusive vou fazer algo que qualquer guria sonha.

Arqueei a sobrancelha, debochadamente. Agora ele tirou a minha camiseta regata, deixando-me apenas de sutiã. A satisfação dele com a visão quase o fez perder o fio da meada.

- O que seria, meu rapaz?

- Nós vamos noivar. – Respondeu, mas olhando para os meus seios. Ah, os homens...

- Ah, Lucas. Qual é! – Me afastei dele, esperando o momento que ele diria que era brincadeira. E o momento não veio. – Não é assim que as coisas são.

- Ah, são sim!

- Não.

- Sim!

- Olha, eu quero ficar com você. E todas aquelas coisas românticas que as pessoas querem por estar amando, mas noivar não é um passo muito sério?

- Noivar é uma forma de não te deixar partir da minha vida novamente. Esse tempo que tu esteves longe só me fez perceber que sim, quero mesmo ficar contigo.

- Belas palavras, mas não.

Ele me puxou novamente e cochichou em meu ouvido algumas palavras.

- De novo aposta? – Dei um tapa em seu braço.

- Bah, foi o Lennon.

- Bem, uma viagem para Miami é uma viagem para Miami. – Murmurei, já me imaginando passeando por aquelas praias maravilhosas de lá. – É...

- Entendeu o pedido??

- Entendi.

- Deus me livre noivar contigo por amor, Rafaela. – Ele disse, irônico e sorrindo de canto. - Logo eu?

- Cala a boca. – Ele me deu um selinho rápido e caímos sob a cama. – Achei uma sacanagem sem limites você ter entrado nessa aposta... Mas como está valendo uma passagem para Miami, sei lá, a gente pode noivar. – Dei de ombros. – Deus me livre te fazer perder uma viagem para Miami, não é?

- Eu te amo. – Ele disse, com seriedade. Meus cabelos caíram sob o peito dele.

- Eu amo você gaúcho bobo.

Noivamos dois dias depois. Foi uma cerimônia simples, mas bem bonita. Infelizmente meus pais não puderam vir pro Sul, mas prometi que quando voltasse de viagem eu os visitaria.

Isabel me presenteou com o vestido, e no mesmo dia foi escolhido os padrinhos da Monica: Demétri e Iasmin. Sim, eu me roí de ciúme, mas Isabel prometeu fazer outro filho e eu não reclamei mais. Lucas e eu viajamos escondidos (com a ajuda de nada mais, nada menos que Bruna Merten) após a festa que eles fizeram para nós. Eu tenho que agradecer ao Lennon por ter apostado com o irmão que ainda me veria de novo e acabaríamos nos reconciliando. Sem ele eu jamais conheceria esse lugar fantástico.

Já no avião sentamos lado a lado e Lucas segurou a minha mão. Ele estava gelado e olhando aflito pela janela.

- Eu já viajei de avião, mas sério, tenho um medo dessa coisa cair.

- É de se esperar de um cara que tem medo de gato.

Ele riu, tentando relaxar e pra ajuda-lo eu o beijei depois me aninhei em seu peito. É bom estar feliz. É melhor ainda estar feliz ao lado de Lucas.

Eu sei que um feliz PARA SEMPRE é fantasioso. Clichê. Coisa de filme da Disney. Palavrinhas com um grande peso e responsabilidade. Então adaptei o meu final feliz com Lucas para: “o homem com quem quero ficar bem velhinha e reclamando de dor das costas quando não aguentar mais ficar em pé”.

E algo me diz - talvez seja a minha infalível intuição feminina – que dessa vez as coisas vão finalmente dar certo.

E dizem por aí que quando a gente quer, as coisas acontecem.

FIM

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Notinhas finais da autora!!! <33

Primeiramente MUITO OBRIGADA a todos que comentaram a história. Eu sofri um bloqueio com ela ano passado, por isso eu fiquei um tempo em hiatus. Quando voltei, prometi a mim mesma que tentaria novamente e o resultado esta aí. Erros conterão sempre, mas eu to a todo minuto relendo o que eu escrevo e corrigindo. Mudando uma coisa ali, outra aculá. A quem comentou, a quem somente leu, a quem quis comentar e ficou tímida (o), a quem mandou um e-mail e também a quem já me acompanha desde os tempos do dinossauro. Todos vocês foram importantes nessas três temporadas. Desde o início com Isabel e Lennon, passando por Demétri e Bruna e finalizando com Lucas, Rafaela e Iasmin. Eu disse que terminaria essa história e entre trancos e barrancos, consegui finaliza-la.

Espero que tenham gostando do final. Inicialmente a ideia era não deixa-los juntos. Mas aí pensei e repensei. E decidi sim finalizar com Rafaela tendo que ficar com Lucas por causa de uma aposta. Deus me livre deixar meus protagonistas juntos por amor né!! UAHUAHUAHAUAHUAHAUHA

Não romantizei muito porque honestamente não acho que combinaria com eles. Agora o que acontece nessa viagem a Miami fica por conta da imaginação de cada uma.

Eu volto (não sei quando ok) com uma nova original que ainda to vendo o título... Meus protagonistas já tem até nome: Maria Luiza Teixeira (Malu) e Michel Taino.

Nesse tempo sem nova história eu vou reescrever uma fanfic do Mcfly (All About You) e postar meus contos yuri +18 (mxm). Vamos ver como será a aceitação do público daqui.

Até breve <3

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 05/07/2014
Reeditado em 02/07/2022
Código do texto: T4871136
Classificação de conteúdo: seguro
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