[Original] Ela me faz - Capítulo 19 - Parte 1
“O amor não resiste a tudo, não. O amor é jardim. O amor enche de erva daninha. Amizade também. Todas as formas de amor” – Caio Fernando Abreu.
Capítulo 19 - O amor também é erva daninha – Parte 1
Pela manhã eu acordei com uma ligação de Gabriel às 08 horas da manhã. Eu cogitei a ideia de não atender, mas a curiosidade me venceu. Sabe como é.
“Achei que a madame não me atenderia!!”
- Foi mal. Eu estava dormindo.
Olhei a cama vazia e pensei em Rafaela.
“Eu sei... Deixa eu perguntar, é verdade que você foi expulso do Amália?”
- Bah. Sim. Armaram para a Rafaela e eu tive que me meter.
“Quem?”
- A professora de inglês, Raquel. E o ex-namorado da Rafaela. Eu meio que puxei o tapete deles fazendo isso, mas estou preocupado. Esse guri é doente pela Rafaela.
“Ex é um problema.”
- Sei bem. Mas a que devo a honra da ligação?
“Ah... Aconteceu uma coisa meio inédita ”
- O que?
“Eu fiquei com a Nina!”
- Tu tá brincando?
“Não, pior que não. Tipo, foi muito espontâneo, cara.”
- Me conta essa espontaneidade, mané!
E Gabriel me relatou o acontecido. Nina e eles estavam na sala da casa dele conversando, até que a conversa tomou um rumo um pouco diferente, o clima esquentou e o beijo aconteceu. Teria sido algo tranquilo se Ingrid não tivesse aparecido no momento. As duas brigaram feio por causa dele que agora se encontra num dilema, pois, segundo o mesmo, beijar a Nina foi “esquisito, mas o atraiu muito”.
Aproveitando o gancho, eu contei a ele sobre o plano de Rafaela. Para a minha total felicidade, Gabriel não se importou. Até riu, disse que a ideia do plano foi “clichê, mas esperta”. Eu, como seu amigo o aconselhei a ser sincero com as duas gurias. Principalmente com Nina que o ama de verdade.
Desci para tomar café. E infelizmente como estava sozinho, tive que fazer tudo, desde o café, ao meu lanche. Arrumei a casa toda, e depois quando não aguentava mais segurar um balde com produto de limpeza dentro, decidi procurar vagas de emprego pela internet.
Entretido com o que eu fazia, nem vi quando Pamela entrou em casa.
- Muito bom! Quando a gente saí do nosso estado para visitar um amigo e ele simplesmente está nem ai com isso! – Ela murmurou, o tom de voz agressivo. Eu franzi o cenho. – Ou será que teu relacionamento com essa guria te faz esquecer do mundo? Nasceste grudado com ela?
- Primeiro tu baixa o tom, Pamela! Tu não tá na sua casa!
- E NEM TU NA SUA! OU TU ACHAS QUE ESSE CONTO DE FADAS É ETERNO? LUCAS, PELO O AMOR DE DEUS! PARA FICAR MAIS FANTASIOSO SÓ FALTA VOCÊS DOIS CASAREM!
- Pamela, o que tu queres?
- Eu quero o meu amigo Lucas de volta. – Murmurou, a voz contida, calma. Suspirei fundo. – Não esse guri idiota que eu vejo na minha frente.
- Esse guri “idiota” é o que eu sou agora. E se tu não consegues aceitar isso talvez esteja na hora de voltar para Porto Alegre. – Revidei, em palavras frias. Eu jamais tinha falado assim com ela.
As minhas palavras a atingiram como um soco na boca. Pamela abriu a boca várias vezes, mas não emitiu som algum. Ela balançou a cabeça negativamente e saiu batendo a porta de entrada.
Estou começando a achar que não foi uma ideia tão boa a visita dela.