[Original] The Simple Plan - Capítulo 33

O telefonema - Capítulo 33

Era muito cedo quando me ligaram. Cedo mesmo, 5h00 da manhã.

– Ahn! – Atendi, pouco me importando com o alô.

– Bom dia guria! – Não reconheci a voz. Poderia ser o Eric pela animação irritante, mas o “guria” não era dele não.

– Quem é?

– Não lembra do guri gostoso que tirou a teia de aranha da sua boca?

Só pela humildade já sei quem é.

– Diego? Mas... Não... Você, como, ahn?

– Bah, não entendi nada.

Gente, isso não ta acontecendo.

– Diego...?

– Oi!

– Como você descobriu meu número? Meu Deus.

– Sua mãe me deu.

– Mas...

– Bah, chega de engasgar comigo, só liguei pra avisar que sábado nós estamos chegando ai!

– O que?

– Eu, sua mãe e meus irmãos chegaremos ai sábado! Acorda!

– Por quê? Eu não quero que ela venha.

– Bom, ela disse que quer te ver né Paolla. Tu fará 18 anos no próximo mês, daí ela não terá chances de te ver mais. Diz ela né... Vocês que são parentes que se entendam.

– E daí? Dane-se ela!

– Bah, para de brabeza.

– Não paro não. Já disse que seu sotaque me irrita?

A verdade era que falar com o Diego trazia todo meu passado sem graça a tona. Eu me sentia abrindo um velho diário e vendo tudo o que eu vivi e não queria lembrar, mas não sabia esquecer.

– Desculpa paulista. – É claro que após sete anos sem vê-lo eu teria que me acostumar com o Diego homem, e esquecer do Diego garoto, aquele que me roubou um beijo quando eu tinha 12 anos.

– Idiota.

– Opa, também te amo.

– Problema é seu.

– Tu me ama também!

– Se situa babaca.

– To situadinho amor, sempre.

– Diego...! – Ah, é verdade que certas coisas não mudam com o tempo, não mesmo.

– Paolla... – Ele suspirou meu nome. – Na moral to ansioso pra te pegar.

Foi a minha vez de rir.

– Bah, qual foi à piada?

– Você... – Ri bem alto e em total provocação. – ... Dizendo que vai me pegar.

– Continuo procurando a graça.

– Ai, desculpa, mas meu senso de humor é único.

– Percebi, tonta.

– Iludido!

– Iludido? Quer apostar comigo?

– Não vou ficar contigo. – Eu espero não morder minha língua depois.

– Tu namora?

– Não.

Já disse o quanto me incomoda ser questionada sobre isso?

– E porque não vai ficar comigo então? Bah.

– Simples, porque eu não quero.

– Antes de rejeitar o produto, analise-o.

– Se situe Diego, meu Deus! Já não basta à merda da visita da minha mãe?

– Que horror guria.

– Daqui a pouco é hora de ir pra escola, você me tirou 30 minutos de sono.

– Isso é bom.

– Bom é um soco em você.

– Amorosa... – Eu sorri.

Até que estava sendo bom falar com ele.

– Diego, porque você vai vir?

– Quero te ver.

– Ah, sei. – Murmurei, irônica. – Quem não te conhece, que te compre.

– Bah, continua irritante.

– Sempre.

– Eu sei.

– Vão passar quanto tempo aqui?

– Uma semana, eu acho.

– Porra! Uma semana aguentando vocês?

Às vezes eu amo minha mania de falar as coisas sem pensar, sério.

– Nossa, quanta sinceridade, Paolla! Assim eu me apaixono.

– Enfie sua ironia bem no meio...

– Bem no meio da minha mão? Pode deixar. – Ele me cortou, impedindo de falar algo bem feio. – Guria mal-educada.

– Cala a boca.

– Para de fingir brabeza, eu sei que tu está feliz pela minha ida.

– To não.

Ok, to sim. E ele não precisa saber.

– Ta bem, finjo que acredito.

– Aham.

– Guria, tenho que desligar.

– Que bom.

Sua risada grossa e sensual trouxera algumas sensações involuntárias em mim.

– Vejo que passarei dias ótimos com tu.

– É com você! Por acaso vocês gaúchos tem algum problema com o português?

– Bah, que chata TU É!!! Tchau Paolla!

– Tchau Diego.

– Chata.

– Igualmente.

E ele desligou o celular deixando-me perdida em tantos pensamentos. De repente a visita da minha mãe não parecia mais tão ruim.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 04/05/2011
Reeditado em 07/06/2014
Código do texto: T2949071
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