Fan Fic Percy Jackson >> Decisões. (Capítulo 3)
Hey pessoas linda que leem a fic!ACHO que me empolguei um pouco nesse cap,e realmente espero que gostem E que comentem *-*
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Capítulo 3 : Myrmekos.
Capturas de bandeira são, de longe, a MELHOR atividade de todo o Acampamento.Sim,corridas de biga são legais também,mas,na minha opinião,é muito trabalho pra pouco tempo.Passam-se dias e dias pra fazer uma biga,que tem 99% de chance de ser estraçalhada e completamente destruída num intervalo de menos de uma hora.
Há alguns anos,propuseram um novo jeito das classificações na captura de bandeira.A sugestão foi haver duas por semana (uma na quarta e uma no domingo),e,no último domingo de cada mês,fazermos A captura da bandeira.Não importavam as semanais,na verdade elas eram só um treinamento.A do final do mês era a crucial,além de garantir alguns privilégios para o chalé que conseguisse capturar a bandeira do adversário. Pode parecer besteira,mas, quando você não pode se garantir na organização do seu chalé para passar na avaliação dos inspetores e conseguir os primeiros horários do chuveiro ou se livrar da limpeza da cozinha, tudo é válido.
Era por isso que estávamos determinados a ganhar.Pensando exatamente nisso,fizemos alianças com Ares, Hefesto e Deméter. Mesmo assim,Atena não ficou por baixo,e se juntou a Apolo, Afrodite, Dionisio e Hermes.Éramos mais fortes,mas eles tinham maior número e, não gosto de admitir, mas as estratégias de Atena eram praticamente perfeitas.
Eram sete da noite.A lua irradiava uma luz prateada no céu,garantindo uma boa visibilidade (pelo menos naquele momento).Mesmo assim,sabia que o bosque não estaria assim tão claro.
Estávamos reunidos na barraca de lona desmontável,à luz de quatro lampiões a gás.De última hora,conseguíramos o apoio dos chalés de Hécate e Morfeu.Eram onze campistas a mais.
Sam e Allan,o líder do chalé de Ares,como sempre,davam as ordens,riscando um mapa do bosque.
-Vamos traçar um trapézio para proteger a bandeira.Vocês – ele apontava para George e Mike,dois filhos de Hefesto – ficam aqui,do lado dessa árvore.Malcolm e David ficam na base maior.
-Mas não é contra as regras? - uma das filhas de Hécate se manifestou – só pode haver dois campistas guardando a bandeira.
-Tecnicamente,sim – Sam exibia uma expressão convencida – mas,se você for ler o regulamento, vai ver que “proteção à bandeira” só é válida até uma distância de sete metros do lugar em que ela está.E nós planejamos pra eles ficarem a uma distância de sete metros E MEIO.
-Só por curiosidade – perguntei – onde é que vocês estão pensando em colocar a bandeira?
-É,ela tem que ficar num lugar visível – não consegui identificar a voz fina que fizera a pergunta.
-Deuses,até parece que eu sou uma campista novata!EU SEI que tem que ficar num lugar visível.Mas,pra matar a curiosidade,ela vai ficar pendurada numa árvore.Laura e Jane já estão verificando a posição em que ela vai ficar.Voltando ao planejamento...
Não aguentava mais ficar naquela tenda apertada e cheia de gente.Já estava sentindo minha testa pingar,sem sequer ter vestido a armadura. Além de tudo,planejamentos só funcionavam até certo ponto.Quando era a hora do “vamos ver”,posições,táticas e estratégias eram completamente esquecidas.
Saí e fui dar uma volta pelo bosque,pra respirar um pouco de ar fresco. Sentei numas das rochas à beira do córrego,inalando o cheiro de nada que a água tinha.Os únicos barulhos audíveis eram o sacolejar das folhas e os passos leves da ninfas,que saíam à noite pra fazer só os deuses sabem o quê.Estava lá pensando em tudo e em nada quando senti que alguém me observava.
-Oi.
Virei pra observar a menina que estava sentada nas raízes de uma das árvores.Parecia estar ali já a algum tempo.
-Oi. – não dava pra distinguir direito quem era,até que a lua bateu em cheio no rosto da garota – você é a campista novata,né?
-Na verdade,eu tenho nome – mas sim,eu sou a campista novata.E você,quem é?
-James.
-Annie.Mas você já deve saber,depois daquela apresentação vergonhosa de ontem.
-É,já tentaram convencer Quíron a parar com elas – eu ri – mas parece que ele insiste com isso.Pensa positivo,quando o Sr. D. apresentava era bem pior.
-Eu quase morri de vergonha ontem,juro que se eu pudesse cavar um buraco,me esconderia nele.
-Nem se preocupa – daqui a um tempo você vai ser tão normal quanto todo mundo aqui – bem,tão normal quanto se pode ser quando você é um semideus.
-É,já me disseram isso.Mas enfim,quem é você no sentido filosófico?Tipo,de onde você veio e quem são seus pais?
Vontade de responder à pergunta : -50.
-Uhn,eu morava com a minha mãe em St. George,até dois anos atrás.E meu pai,bem,meu pai...
-Seu pai é...
-Hades – cuspi a palavra.
-Sério? – não acreditei que ela tinha escutado – Puxa,deve ser legal.
-NÃO MESMO.Sério,preferia ser filho do Sr. D.
Ela riu.
-Não pode ser tão ruim assim.
-Claro que pode.Pensando bem,pode ser até bem pior do que qualquer um imagina.Mas e você,é filha de quem?
Parecia que ela também não queria responder.
-Meus pais são semideuses.Mas eu nem sei se devia ter vindo pra cá.Não acho que realmente seja um perigo pra sociedade.
-Quer dizer que...
-Nunca comentei isso,mas não acho que tenha dom nenhum.Sabe,não me sinto melhor na água nem tenho ideias mirabolantes,nem nada do gênero.
-Vai ver você só demorou um pouco mais pra desenvolver.
Nessa hora,escutamos a trombeta anunciar que era hora de se aprontar.
-Bem,tão chamando a gente.
-É,deve ser.Boa sorte,James.
-Não vou desejar o mesmo.Você sabe,vamos ganhar.
Voltei correndo,ainda tinha que vestir a armadura.
-Onde você se meteu,seu imbecil??? – Sam esbravejava – Perdeu toda a estratégia,toda a explicação.Vai fazer porcaria,como sempre.
-Mas tenho notícias que acho que você vai gostar de saber.Adivinha quem eu encontrei no bosque?
Ela estava na minha mão.
-Quem?Fala logo,não temos o tempo do mundo inteiro.
Terminei de vestir completamente a armadura antes de contar a ela as novidades.
-Você estava se preocupando à toa,maninha.A novata não é especial coisíssima nenhuma.
-Tem certeza?
-Tenho.E,antes que você pergunte,não foi um blefe.
-Pelo menos você foi útil nisso.Vai pro flanco esquerdo.
-Certo.Eu e mais quem?
-Você e Adam.Não me desapontem.
-Como se qualquer coisa que fizéssemos fosse deixar você feliz.
-Façam o que devem,e eu vou ficar feliz. – retrucou - Pelos cálculos, vocês devem ter caminho livre até o regato.
-Cálculos nunca dão certo.
Adam chegou,trazendo minha espada e um escudo.
-Achei que você fosse esquecer e lutar com uma espada normal.
Nossas espadas eram banhadas de ferro Estígio.Não podiam ser completamente feitas por ele,já que era contra as regras matar campistas nas capturas de bandeira.Por isso,elas eram feitas de bronze celestial,e depois banhadas no rio Estige.Não matavam, mas, dependendo do golpe,deixavam a pessoa desmaiada por algum tempo. Tempo suficiente pra capturar a bandeira.
-Nunca – coloquei a espada na bainha e coloquei o elmo – E pode ficar com o escudo pra você, sabe que eu odeio esse troço.
-Então pelo menos coloca esse punho.Benjamin passou um tempão trabalhando nele.
-Mas o que é que ele faz?
-Sei lá – ele deu de ombros – mas parece que,pra ativar ou o que quer que seja,você só tem que comprimir a palma da mão.
Não tinha nada a perder,então,pus o punho no braço.Era surpreendentemente leve,feito de uma liga metálica azulada,com adornos que eu não consegui identificar à meia-luz.
-Antes de começar,juntem os dois aqui – Sam ordenou – Vamos,juntem logo!
Ela se afastou um pouco dos outros campistas que terminavam de ajustar as armaduras.
-Vocês sabem,é cada um por si.Fizemos as alianças,mas tenho quase certeza que Allan vai nos sabotar.Ou,pelo menos,tentar.Um de nós três vai pegar a bandeira.De qualquer jeito. QUALQUER JEITO.Entenderam?
O olhar dela não deixava dúvidas.
-Esse mês,a bandeira vai ter um elmo estampado.
-Heróis! – Quíron anunciou – Vocês conhecem as regras.Sem matar ou aleijar,o bosque inteiro está valendo.Atena,por enquanto, detém a bandeira – ouvimos gritos e vivas – que deve ficar num local visível e não pode ter mais de dois guardas.Não é permitido amarrar ou amordaçar prisioneiros.Sevirei como médico e juiz.Agora,preparar!
Fomos para nossas posições.Eu e Adam nos dirigimos até o flanco esquerdo,enquanto Sam ia para o centro.Desembainhamos as espadas. Eram praticamente idênticas,exceto pelo fato de que a dela era um pouco mais comprida.Todas eram pretas e reluzentes como piche.Os outros diziam que elas espalhavam o terror.
Do nada,Arthur,filho de Ares,veio se juntar a nós.
-Mudança de planos – ele deu um sorriso amarelo.
Adam e eu trocamos um olhar de cumplicidade.
Algo me disse que Arthur não conseguiria nos passar o pé.Afinal,eram dois contra um.
Até que chegaram mais dois campistas de Ares.
-Mas que merda é essa? – perguntei - E a formação original?
- Só obedecendo ordens.
Eles faziam cara de anjo,mas eu bem sabia o que estavam aprontando.
Ok,minha hora de passar eles pra trás.
-Mas vocês não escutaram o aviso? Eles esconderam a bandeira no antigo Punho de Zeus. Idiotas,é claro que temos uma guarda por lá.
Eles me olharam espantados.
-Não temos?
-Bem,não soubemos de nada sobre...
-Mas como é que mandam TODOS os campistas exatamente para o lado oposto ao da bandeira?Voltem pra o flanco direito,E VOLTEM AGORA!
Eles saíram exatamente quando o som da trombeta ressoou,anunciando o começo da busca.
Como previsto,chegamos até o regato sem maiores problemas.Íamos devagar,em formação delta 1-2.Só outro jeito pra dizer que íamos em forma de triângulo,um na frente e os outros dois atrás.
Mas,só comprovando a minha teoria de que cálculos sempre falham (ao menos quando o assunto são capturas de bandeira) alguns metros após o regato apareceram os primeiros guerreiros com penachos azuis.Na verdade,eram dois,que foram derrubados em pouco menos de um minuto. Garanti que eles tinham realmente desmaiado antes de seguirmos em frente.
Seguíamos na maior tranquilidade,como o plano havia previsto.Só tínhamos que achar a bandeira(a qual não fazíamos a mínima ideia de onde estava,só pra constar),derrubar os possíveis defensores,escapar dos inimigos que viriam e voltar pra o nosso campo.E,é claro,dar um jeito para que eu ou Adam atravessássemos segurando a dita cuja,ou dar um jeito para que Arthur subitamente desaparecesse ou ficasse inconsciente.
Simples,rápido e prático.
Fomos adentrando o bosque,vez por outra escutando o retinir de espadas batendo,ou o som mais grave de uma espada se encontrando com um escudo,muito à nossa direita.Não paramos para observar.
Já tínhamos quase dado a volta completa no lado esquerdo e atravessado o riacho,quando surgiram,do nada,no mínimo meia dúzia de defensores.
E gente pensando que fazer um trapézio era contra as regras.
Não contei quantos guerreiros tinham ali.Só sabia que estávamos cercados,e que,se falhássemos, eles teriam o caminho completamente livre até muito perto da nossa bandeira.
Logo de cara,vieram três caras altões pra cima de mim.Sem escudo,era três vezes mais difícil bloquear os ataques deles,quem dirá tentar desarmá-los.Modéstia à parte,não sou um guerreiro ruim,mas um contra três é difícil.Eles começaram a me encurralar,forçando-me a recuar até chegar a um bordo gigante.Eu sabia que,se encostasse ali,seria o meu fim.Tentei virar um pouco para os lados,mas sem sucesso.
Foi só quando o Alto da esquerda me atingiu no ombro que lembrei do punho.A dor parecia ter se propagado pelo meu braço,como uma onda,retinindo contra a armadura e fazendo um zumbido estranho nos meus ouvidos.Esqueci a dor e comprimi a palma da mão,como se fosse dar um soco na cara dele.
Instantaneamente,o punho se dilatou,tornando-se um pequeno filete de metal de uns 20 centímetros.Depois,deu uma volta rápida em sentido horário,formando um escudo pequeno e leve,do mesmo metal azulado.
Sim,eu sei que a ideia tinha sido copiada.Mesmo assim,veio bem a calhar.
Com um escudo,mesmo que pequeno,a situação melhorou um pouco pro meu lado.Lutar contra dois não é tão difícil.Mantive o Alto da esquerda entretido com o escudo.Prestava atenção aos mínimos detalhes,e sabia que era o meu déficit de atenção em ação.Fintei com a espada do Alto da direita,girando-a e rapidamente invertendo o movimento,atingindo-o nas pernas,a única parte do corpo que fica sem armadura (é,imagina correr com um negócio pesado nas pernas) .Quando a lâmina da espada atingiu-o na altura das coxas,ele tombou desmaiado.
Beleza,agora faltam só dois.
Não prestava muita atenção às lutas à minha volta,só sabia que estavam acontecendo.O Alto da esquerda deu um giro na espada que cortou rente as plumas do meu elmo,por pouco não atingindo a minha testa.Foi uma manobra arriscada da parte dele,então aproveitei. Tranquei com a espada o Alto da direita,enquanto dava um tabefe no Alto da esquerda com o escudo.
Lição número um: não importa o quão leve seja um metal,ele vai te deixar tonto se atingir sua cabeça.
Lição número dois:quando você ficar tonto,caia.Ou então seu oponente vai te dar outro tabefe bem na mandíbula,te fazendo desmaiar.
Um contra um,foi até fácil.O cara ficou meio que amedrontado,e perdeu a espada no primeiro golpe que eu dei.Ainda tentou se defender com o escudo,o que só atrasou a queda dele. Que, por sinal,foi ridícula.Ele estava recuando,até que tropeçou numa raiz de bordo exposta e caiu, batendo a cabeça no tronco da árvore.Só fiz completar o serviço, acertando ele com o cabo da espada.
Só então percebi que as lutas ao meu redor não tinham acabado.Um baixinho de penacho azul estava prestes a dar o golpe de misericórdia em Adam,quando um escudo-frisbee-voador o atingiu bem na nuca.
Benditos sejam os punhos-escudos-removíveis.
Olhando ao redor,identifiquei Arthur caído aos pés de uma árvorenuma posição estranha,com um dos braços fazendo um ângulo esquisito. Adam respirava,ofegante,ao lado do baixinho atingido pelo frisbee voador.
-Bom trabalho,Jamie.
-Você tá legal? – abaixei e apanhei o escudo,recolocando-o no braço.
-Aham.Nem se preocupa.Tô só um pouco zonzo aqui,o idiota me atingiu na cabeça.
Ele estava sem elmo.Acima da orelha esquerda,um galo do tamanho de uma bola de tênis de mesa.
-Pelos deuses,Adam.Você tem que sair daqui.Vamos.
Ajudei-o a se levantar,e levei-o coxeando até o regato.Ainda não ouvíramos a trombeta anunciando o fim da busca.
-James,você tem que voltar.Me deixa aqui,eu consigo chegar até próximo do nosso lado.Vai lá e pega a bandeira.
-Tem certeza que você tá legal?
-Aham.Nada que um pouco de néctar não cure depois – ele sorriu – agora,corre.Quero ver a bandeira com um elmo cintilando.
-Pode deixar.
Saí,enquanto ele se deixou cair ali,entre os arbustos.
Meu ombro doía,mas nada que não pudesse esperar mais um pouco.
Passei correndo pelo que tinha sido nosso campo de batalha. Agora, como estava sozinho,tinha que ser o mais cauteloso possível.Não podia correr o risco de ser descoberto.
Foram os minutos mais longos da minha vida.A cada curva,eu parava e escutava,tentando até mesmo respirar sem fazer barulho.Não era muito seguro se guiar pela posição das árvores,já que elas,muitas vezes,se mexiam.
Até que um cheiro podre invadiu minhas narinas.
Como se tivessem misturado carne estragada com ovo podre,mais um molhinho de alguma coisa gosmenta.
Fui me afastando de onde o cheiro vinha,até que a vi.
A bandeira.
Ali.
Sem guardiões.
A uns 20 metros.
Fácil demais,eu pensei.
Dane-se.
Ainda em silêncio,fui andando devagar até ela, o que não me privou da surpresa.
Paul Bincher.Filho de Hermes.O MELHOR espadachim de todo o acampamento.
Ali,me esperando,protegendo a bandeira.
Mas só um?
Mesmo assim,um que dava trabalho por dez.
-Ora,ora,ora.O espertinho vem pegar a bandeira SOZINHO?
-É,fazer o quê? – foi a melhor resposta em que eu consegui pensar.
Tenho que admitir.O cara era bom.Era como se prevesse os meus movimentos um segundo antes de eu executá-los.Conseguiu tirar meu elmo.Ele bloqueava todos os meus ataques,destruía todas as minhas fintas.
E me atingiu no ombro esquerdo.
Caí,ainda com espada e escudo na mão.Meu ombro latejava de dor,a maior que eu já sentira na vida.Meu braço esquerdo estava completamente inutilizado,e ele sabia disso.
Já pensava em desistir.Não conseguia mais focar em nada.Tudo piscava em cores fosforescentes, e eu via tudo dobrado.
Estava quase me entregando e caindo.Era realmente uma força sobrenatural que me mantinha sentado, fracamente apoiado na mão direita,com o lado esquerdo do corpo completamente exposto.
Foi quando eu vi dois Pauls vindo na minha direção,com duas espadas levantadas.Os dois Pauls seguravam a espada com as duas mãos,e se preparavam pra me atingir bem no meio da cabeça.Senti uma coisa molhada por baixo da armadura.Uma coisa molhada e quente.
Nem precisei olhar pra saber que era sangue.
Mas havia uma coisa mais importante.
Ah,sim.Eu tinha que bloquear Paul Bincher.
Com uma mão só.
Foi quando uma parte do meu subconsciente começou a trabalhar como nunca tinha feito antes.
Ela me fez notar que ele estava tão concentrado em esmagar meu crânio que tinha se esquecido completamente do seu próprio ponto fraco.
As pernas.
Como última tentativa,girei debilmente a espada.
Na verdade,foi um golpe de sorte.Não foi tão debilmente assim,já que ele caiu estatelado quando a espada atingiu seu calcanhar.
A parte do corpo que destruiu Aquiles.
Ver ele cair na minha frente liberou uma descarga de adrenalina.Me fez lembrar quem eu era,e o que estava fazendo.
Eu era James,filho de Hades.Eu não desisto.A dor que se f***.E vou pegar a bandeira e voltar para meu lado.
Levantei,tentando ignorar a dor no ombro.
Peguei a bandeira.
Quando senti uma lâmina no meu pescoço.
-Muito bem.Pode soltar a espada e a bandeira.Agora.
Lenta e deliberadamente,me virei.E lá estava Annie Jackson,com uma espada e um boné dos Yankees na mão.
-VOCÊ.NÃO.VAI.ME.ATRAPALHAR!
Me lancei em outro combate,o mais louco até então.Ela era principiante, mas meu braço me deixava numa condição deplorável. Mesmo assim,consegui atingí-la,e ela caiu.Não tinha desmaiado,mas estava ofegante.
Meu braço pingava sangue em cima dela.
Foi quando notei o aviso que meu cérebro estava tentando me dar desde que eu sentira aquele cheiro.Levantei o olhar,e me deparei com um morro de metros e metros de altura.
-Di immortales!
Eu estava na Colina das Formigas.
Só a título de curiosidade,formiga em grego é “myrmekos”.
Também a título de curiosidade,aquelas decididamente não eram formigas convencionais.
Era coisas do tamanho de um São Bernardo,com a carapaça metálica vermelho-sangue.As pinças estalavam perigosamente.Eram armas mortais,com quase um metro cada uma.E,de quebra,um sistema de telepatia invejável.
Já havia escutado as lendas que me contaram sobre elas.Eram monstros carnívoros,que tinham fascínio por objetos de metal.Assim como fascínio por carne humana.Elas imobilizavam a presa,e a levavam pra dentro da colina cheia de túneis.Esperavam a carne amolecer para,em seguida,saborear a presa.Todo o processo não durava mais que 30 minutos.Isso se,nesse tempo, a pessoa não morresse asfixiada pelo gás sulfídrico resultante da decomposição de coisa podre dentro dos túneis,que levavam também a salas cheias de tesouros que faziam inveja a qualquer filho de Hefesto.
Já comentei que elas espirram ácido?
Foi isso que aconteceu.Elas sentiram o cheiro de sangue,e atacaram a presa mais próxima.No caso,Annie.
Eu podia correr.Ainda tinha a bandeira nas mãos.Se fosse realmente rápido,elas não poderiam me alcançar.
Ouvi um esguicho;depois,um urrar de dor.
Virei desesperado.Os myrmekos tinham começado a trabalhar em Annie,espirrando ácido nela.
O problema é que ela estava de armadura.O ácido não a corroía,mas a derretia pouco a pouco. Vi a armadura ir virando líquido e escorrer pelos braços e pernas dela,que gritava desesperada.
Simplesmente não podia deixá-la naquela situação.Em contrapartida, também não podia lutar contra aquele batalhão de formigas assassinas.
Usei meu último recurso.Tirando energia não sei de onde,levantei a espada,enterrando-a no chão enquanto gritava em grego antigo.
Nem eu sei o que eu disse.
Só sei que começaram a brotar da terra espíritos e esqueletos, atendendo ao chamado do filho de Hades.
Quando os primeiros myrmekos foram destruídos pelos mortos-vivos, o sistema de telepatia avisou algo como “Coisas que saem da terra.Mau.”
Os esqueletos trabalhavam rápido,ou eu estava vendo tudo muito devagar.Alguns foram destruídos,mas logo se remontavam,os ossos se juntando como se tivessem vida.Os espíritos não eram atingido,porque todos os golpes contra eles passaram direto.Não durou mais que poucos minutos.Os myrmekos que não fugiram foram estraçalhados. Terminado o serviço,as coisas mortas-vivas desapareceram na terra rápido como tinham surgido.
Não deu tempo nem de dizer obrigado.
Me virei.Annie desmaiara.O corpo dela fervia,literalmente falando,e jogava no ar um cheiro desagradável de coisa queimada.
Ainda estava impressionado com o que eu tinha feito.Mas eu não ia passar por tudo aquilo por nada.Era como nadar,nadar e morrer a um metro da praia.
Tinha que arrumar um jeito de voltar,levando comigo Annie e a bandeira.
E tinha que fazer isso rápido.
Foi quando me veio a lembrança.Teleporte.Sam já fizera uma vez,então eu também conseguia.
A diferença é que ela fora parar a alguns metros,enquanto eu precisava atravessar um bosque inteiro.
Me arrastei até a bandeira,e agarrei o corpo fumegante a meu lado. Com um esforço sobrehumano, invoquei,pela primeira vez,as forças do Senhor dos Mortos.
Pensei no limite entre os campos.De onde eu tinha saído.Dirigi todas as minhas forças até lá.
Lentamente,senti como se estivesse sendo transformado em minúsculos grãos de poeira,que eram soprados pelo vento,até que todos eles aterrissaram,juntos,na árvore que marcava o limite entre os campos.
Puxando Anne e a bandeira,me arrastei até lá.
Foi exatamente nessa hora que Sam tinha voltado,para verificar como tudo estava.Ela olhou pros lados e,quando me viu,correu desesperada.
Minha voz não foi mais que um sussurro.
-Conseguimos,Sam.
Me lembro vagamente de ela ter dado um senhor grito,antes de tudo desvanecer e lentamente sumir.
-Chamem Quíron!AGORA!!!