Reflexos. (Capítulo 16)

Capítulo 16:Não consigo me controlar.

Buft.

Luz.Escuro.Luz.Escuro.Dor.Luz.Luz.Mais luz.Tapa.

-Alice,cê tá bem?

-Eu...eu caí?

Sem memória.Zonza.Segurei no braço estendido à minha frente,me alçando pra cima.Me apoiei na árvore do meu lado,não conseguia ficar em pé,minhas pernas pareciam gelatina.

-Na verdade,não sei.Acho que sim.Eu tava ali do lado e escutei o barulho, me virei e tu tava aí tipo caidaça.Quando eu ia chamar alguém,tu se mexeu.

Ah.Quer dizer que agora por qualquer coisinha eu vou tá perdendo a consciência e caindo é?

-Certo.Qualquer jeito,brigada.

-Nada.Mas que é que tu estava fazendo aqui?Tipo,não devia estar andando com as meninas ou outra coisa assim?

Reposta correta:não,na verdade eu tive um pressentimento ruim que eu achei que fosse uma visão e vim pra cá ver o que era que estava acontecendo,já que repentinamente se manifestou em mim uma vontade absurda e incontrolável de ajudar as pessoas,mesmo aquelas que eu preferiria não ver nunca mais.

-Ah,é que hoje eu pensei em fazer alguma coisa meio diferente, sabe, sem ficar andando por aí,tipo ficar quieta num canto isolado.

-Tem certeza que não quer tomar um remédio?Sei lá,ver se não foi mesmo nada sério?

-Tenho,acho que eu só dormi um pouco menos do que devia hoje de noite.

Mentira deslavada.Nem acredito que colou.

Mesmo de lá,ouvimos o toque que anunciava o fim daquele maldito intervalo.Me virei,indo na direção do corredor da minha sala.Todo aquele barulho estava me deixando mais tonta ainda.As pessoas passando,conversando,rindo,falando.Uma mistura de centenas de vozes,associadas a centenas de corpos que não faziam sentido nenhum pra mim naquele momento.As pessoas começaram a sair do foco.Ah,não.De novo não.ALI,NÃO.

Não senti o impacto no chão.Antes disso,alguém me segurou.

Acordei na enfermaria,deitada naquelas macas pequenininhas de consultorio médico.Uma saletinha pequena,com uma porta de vidro meio translúcida.Na minha frente,a enfermeira anotava alguma coisa num bloquinho.

-Ah,que bom que você acordou.

-O que aconteceu comigo?

Nossa,como essa pergunta tinha se tornado frequente na minha vida nos últimos dias.

-Hipoglicemia.Quando foi a última vez que você comeu?

-Hoje de manhãzinha.

-Diabética?

-Não - nota mental:ela não deveria ter feito um teste de,uhn,dez segundos pra saber a resposta dessa pergunta?

Ela se virou,pegou um confeito e me entregou.

-É um mistério.Não há nenhuma razão médica provável pra você ter uma baixa tão grande na glicose em tão pouco tempo.

Não respondi.Mas sim,eu sabia exatamente qual o motivo.O que não queria dizer que eu entendesse ou até mesmo gostasse dele.

Depois desse depoimento muito esclarecedor,ela me liberou.Saí da saletinha,indo parar em outra saletinha menor ainda,com uma escrivaninha e duas cadeiras pra esperar.Uma delas,ocupada.

-De novo?

-É.Sinceramente,acho que me internar daria mais futuro.

Ele riu.E não aquele sorriso sarcástico(que mesmo assim era lindo), aquele sorriso que você mostra quando não tem mais nada que se possa fazer,ou quando foi uma coisa tão idiota,mas tão idiota que a única saída é concordar,mesmo sendo idiotice da sua parte fazer uma coisa dessas.

Por um momento,esse sorriso me fez esquecer do porquê:porque eu estava ali,na enfermaria,e não na sala.

Porque eu sentira uma coisa estranha.

E porque,no meu íntimo,eu sabia que alguma coisa ruim ia acontecer,cedo ou tarde.

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Parte matraca-não-tão-matraca-assim:

Sim,eu sei que esse capítulo foi pequeno.Sim,eu sei que ele foi meio confuso e que eu parei numa parte confusa.Acredite,não é culpa minha (na verdade é,mas deixa pra lá).É que hoje meu dia foi muito³ exaustivo,e eu tô muito cansada MESMO.Só postei hoje porque prometi à vaca da Lívia :B *brinks,te amo*.Enfim,amanhã eu escrevo o próximo, juro que vou tentar fazer ele um pouco maior.