Reflexos. (Capítulo 10)

Fiquei empolgada com esse capítulo,o próximo sai amanhã *-*

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Capítulo 10:Interrupção (muito) incoveniente.

Rosa bebê.Rosa claro.Rosa pink.Vermelho.Vermelho sangue.Vinho.

Essa foi a sucessão de cores que o meu rosto tomou,quando ouvi aquela voz.

- Acho que é melhor eu ir agora,né?Você tá mais vermelha que um pimentão.

-Deu pra notar?

-Amanhã eu passo aqui – ele selou os lábios nos meus – Te amo.

-Te amo também.Tchau.

Me preparei mentalmente enquanto ele ia embora.Claro,eu tinha sempre que contar com a minha sorte.A Dani aparecer era uma das piores coisas que podiam acontecer naquele momento.Além de ser tipo super corta-clima,adeus tentativa de sigilo.

-Alice da minha vida,quem é esse?

Momento “o que é que eu vou dizer pra não me ferrar mais ainda?”

-O que é que você tá fazendo aqui essa hora Dani?

-Eu avisei que vinha entregar os convites da minha festa,esqueceu foi?Mas nem adianta mudar de assunto,quem é esse?

-Meu namorado,há uns,deixa ver,cinco minutos.

-SÉÉÉÉRIO?

-Não.Note a ironia da frase.

-Malz aí por ter interrompido o momento casal – o rosto dela mostrava aquela expressão tipo ‘ :9 ’

-Cadê o convite,afinal de contas? – eu sentia meu rosto quente.Ainda bem que tava escuro.

-Convite?Ah,tá aqui. – Só relembrando que tu é uma das quinze,e tem que ir de vestido preto,tá?

-Eu me recuso a acreditar que não tem mais ninguém nesse mundo pra dançar essa valsa no meu lugar.

-Você é insubstituível,Lice.Mesmo sem saber dançar valsa.

-Finjo que acredito.Então,quer entrar?

-Não,vou terminar de entregar o resto dos convites.Eu só entraria se fosse por um motivo super especial,tipo você me contar as últimas novidades.

-Pode tirar o pônei da chuva.

-Amanhã você não me escapa. – sério,eu me apavorei com o tom de voz – Vou indo então,Liz.

Ohmygosh.Já iaginei qual seria a novidade amanhã,na sala,na escola.Juro,se eu pudesse cavar um buraco,me enfiaria nele e só sairia no Natal.

Entrei em casa.Esquentei a janta que a Rita tinha feito,fui comer na sala.A ficha de tudo que tinha acontecido só caiu agora.

Era tão sei lá.

Coloquei o prato na pia e subi.Fiquei lendo um livro,lendo o mesmo paragrafo quatro vezes pra poder entender o que ele dizia.Desisti.Abri o convite pra festa da Dani,que seria daqui a duas semanas.Aproveitei e escrevi um post-it pra lembrar de comprar vestido,sandália e bolsa,ou eu provavelmente esqueceria e só ia lembrar na véspera da festa.

Eu estava exausta.Não física,e sim mentalmente.Aquele fim de semana poderia facilmente dse encaixar num dos mais movimentados da minha vida.Num dos mais felizes também.Eu me sentia leve,sorridente e,provavelmente,um pouco abestalhada.

Tomei um banho quente.A água escorrendo relaxou os meus músculos involuntariamente contraídos.Nem sei quan tempo passei debaixo d’água,Mas deve ter sido muito,porque senti os dedos começarem a engilhar.Saí,escovei os dentes,me preparando para o que eu pensei que seria uma noite confortável de sono.

Mais uma vez,eu estava errada.

O cenário agora era um salão.Grande,antigo e vazio,exceto por uma mesa grande e retangular de madeira no centro,com doze cadeiras ao redor.Meus pés descalços afundavam até o tornozelo no tapete vermelho,amarelo e laranja,e eu vestia um vestido branco,leve, esvoaçante.Meu cabelo estava solto,e eu tive a impressão que ele parecia mais comprido também.

A comida era uma coisa à parte.Parecia um banquete,daqueles de filmes de época ou dos desenhos das princesas que eu assistia quando criança.Senti um impulso,uma súbita vontade de comer.Sentei na cadeira à ponta da mesa,me recostando no espaldar que era mais alto que a minha cabeça.

Alguma coisa estava errada.Que besteira,Alice,porque você sempre tem esse tipo de pensamento?Mas era mais uma intuição.Nada nunca estava completamente bem,pelo menos, não nos meus sonhos.

Perdida nesses devaneios,nem notei que eu não era a única que ocupava a mesa.Na outra ponta,havia outra pessoa.Mais especificamente,um cara.Devia ter por volta de uns 20 anos, alto,moreno,os cabelos pretos escorridos té os ombros.Os olhos pretos sem fundo.Vestia uma armadura.Pra quê vestir uma armadura ali nem eu sabia,mas...Não dava pra negar que ele era,com o perdão da palavra,um gato.

-Sabia que virias,milady. – aquela voz grave me fez estremecer na cadeira.

Ahn?Agora,além de se vestir que nem um cosplay,o cara tem que falar esquisito também? Ok,ele pode ser lindo,mas provavelmente não tem absolutamente nada na cabeça.

-Você me conhece?

-Claro que sim,milady.Esperei muito tempo até que tivesse a honra de contemplar-te novamente.

Certo,ele era muito estranho mesmo.

-E pra quê,exatamente,você queria me ver de novo?

-Não te lembras?Como é possível que não te recordas de tudo que vivemos?

-Desculpa mesmo,mas é a primeira vez que eu te vejo,tu deve estar me confundindo com outra pessoa.

-A questão é que eu não esqueci,milady,de nada.Esperei que voltasses aqui para terminar o que deveria ter feito há tempos.

-E o que é que tu tem que terminar? – aquele jeito de falar me deixava assustada,sério.

-Algo que não tive coragem de fazer porque pensei ser digno de teu amor.Infelizmente,tudo que me destes foi tua compaixão.Agora,hei de vingar-me de ti.Hás de pagar por todo o sofrimento que me causaste! – aquelas palavas proferidas naquele tom me deixavam mais angustiada que se fossem ditas cheias de ódio.

E ele veio a meu encontro.

Acoredei ofegante com o toque do celular.

-Alô?

-Bom dia,meu amor. – preciso saber por que só aquele “bom dia” me acalmou tanto.

-Bom dia *-*

-Dormiu bem?

-É,mais ou menos.Você?

-Ótimo.Quer que eu te leve na escola hoje?Dá pra passar aí sem problemas.

-Não dá certo,tu vai se atrasar de novo por minha causa,ainda tem que sair de casa e fazer todo aquele caminho até aqui...mas brigada pela intenção.

-Olha pela janela.

-Você tá aqui embaixo? – sim,ele estava.O sorriso era inconfundível, mesmo àquela distância.

-Tô esperando.Beijo.

-Beijo.

Se era possível se arrumar mais rápido do que eu normalmente,juro que fiz isso.Mesmo tendo visto ele há menos de dez horas,já sentia saudades.

Peguei meu café da manhã da cozinha,disse um “Tchau Rita” rápido e fui até a porta,enquanto enfiava de qualquer jeito o resto das minhas coisas na bolsa.

Ele estava lá,como smpre.Encostado no carro,parecendo uma estátua grega,esculpida em mármore.Meu Deus,como eu nunca tinha percebido que ele era lindo daquele jeito?

Ele me envoleu num abraço apertado,me beijando em seguida.Se aqueles beijos tivessem gosto de alguma coisa,provavelmente seria a comida mais deliciosa do mundo.

-Senti sua falta.

-Eu senti mais.Não adianta nem discutir,você sabe que eu sempre ganho.

-Convencido.

Ele jogou minha mochila no banco de trás depois que abriu a porta pra mim.Own,ele era tão fofo,tão perfeito,tão...Ok,parei.

Chegamos no portão da escola no que pareceram segundos.Na verdade,eu não queria entrar.

Como que lesse meus pensamentos,ele prometeu que viria me buscar também. Espontaneamente,um sorriso se abriu pelo meu rosto.Saí do carro meio anestesiada,meu corpo funcionando no modo automático, meus pensamentos todos direcionados a ele.

Acordei abruptamente,quando senti que tinha acabado de esbarrar numa pessoa.

MLTG
Enviado por MLTG em 21/01/2011
Reeditado em 19/02/2011
Código do texto: T2743854