[Original] The Simple Plan - Capítulo 10

Capítulo 10

1 mês depois

Eduardo Mendes

Talvez eu devesse mesmo estar sorrindo agora. Feliz por saber que no fundo, eu estava certo, Paolla não duraria tanto tempo como a “namoradinha” de Eric.

Eu conheço o irmão que tenho, já vi muitas passarem pelo mesmo processo, mas diferente da metidinha as outras não derramavam uma lágrima por ele. Já Paolla... Bem, ela não vem à escola há um mês e pelo o que Emanuella me disse. A coisa está indo de mal a pior.

E por incrível que pareça isso tá mexendo comigo. Eu não paro de pensar naquela idiota.

– Você poderia ir lá. - Emanuella sugeriu, sorrindo tristemente. – Sério Du, ela vai te ouvir cara... E eu sei que você quer ir lá.

– Não... - Entramos na sala de aula e encontramos Melissa e Johnny conversando, nos sentamos e eu continuei. – Eu não quero.

– Eduardo, larga a mão de ser cri-cri! É só uma visita! - Emanuella bufou, brava.

– Tá, eu vou, se não vejo que você surtará.

– Com certeza.

E eu irei, por mais errado que seja.

O sinal pra hora da saída bateu e eu suspirei enquanto jogava tudo dentro da bolsa e via Emanuella me olhar apreensiva, esperando me ver correr feito um louco até a casa da ex-namoradinha do meu irmão.

– Emanuella, se acalme. - Pedi, vendo-a agora roer as unhas. – Eu vou conversar com a Paolla, não vou pedi-la em casamento.

– O que não seria de todo mal né? - Johnny murmurou, risonho. Rá, muito engraçado. – Ah, qual é Du, tudo bem que vocês não se suportam, mas a Paolla é linda.

– Linda e esnobe. - Emanuella e Melissa me olharam bravas. – Eu não estou mentindo, e outra, quando foi mesmo que o assunto de ajudar passou pra casamento hein?

– Quando o tonto do Johnny resolveu fazer piada com uma situação séria. - Melissa respondeu, beliscando o braço do nosso amigo. – Vamos.

Por isso que eu gosto da Melissa.

No caminho à casa de Paolla eu me sentia estranhamente nervoso. Parecia mesmo que eu ia pedi-la em casamento. Urgh, Deus me livre de casar e Deus me livre de casar com alguém como ELA.

Do que adianta tanta beleza se a mentalidade é da menor o possível? Bom mesmo seria se todo ser humano equilibrasse seus defeitos e qualidades.

– Está vendo aquela casa marrom onde tem uma velhinha molhando as plantas? - Perguntou Emanuella, tirando os fones do meu ouvido e apontando pra uma casa onde realmente tinha uma senhora de idade molhando as plantas.

– Aham.

– Vai lá e se identifique, pois dona Beta, a avó dela está meio brava com seu irmão, é capaz dela confundi-los. - Revirei os olhos. – Depois me ligue ou entre no MSN à noite.

– Ok.

E Johnny me empurrou para ir logo. Eu bufei e comecei a andar rápido, quanto mais rápido isso acabar melhor.

Parei em frente à casa marrom e a senhora me fitou com a sobrancelha erguida, se ela for que nem a neta eu me lasquei.

– É... Bom dia. - Olhei no relógio. – Aliás, boa tarde! Eu me chamo Eduardo e sou... (o que eu sou da Paolla?) amigo (Aham, grandes amigos) dela, e...

– Ela nunca me contou sobre você. - Devo dizer que fico absolutamente feliz por isso? – Entre, aquela garota precisa de uma luz na vida dela. - A senhora balançou a cabeça, parecendo irritada e até um pouco debochada. – O quarto dela é o primeiro depois da escada. Não se assuste, ela está ouvindo Nickelback e deve estar chorando. Desde que aquele moleque a deixou é só isso que ela faz... - Eu assenti, entrando na sala e subindo as escadas.

Bati na porta duas vezes.

– Vó, eu não quero comer, na boa.

– Sou eu Paolla, Eduardo.

– Vai embora.

– Não mesmo.

– O que você quer?

– Conversar com você.

– Eu não quero falar conversar Eduardo! Não quero ver você esfregar na minha cara o quanto fui burra, não preciso!

– Olha, tudo bem, eu não vou fazer isso, mas tente não ser egoísta e pense nos seus amigos uma vez? - Eu a ouvi bufar e respirei fundo. – Manu, Johnny e Melissa estão sofrendo por você...

Ela abriu a porta, me olhou irritada e eu me dei ao luxo de observar aquele corpo tão... Sob medida. Paolla era mesmo linda.

– Entra, ou terei que implorar? - Educação pra que né?

Entrei no quarto de Paolla, ele estava... Hum, bagunçado, bagunçado demais. Roupas jogadas no chão, fotos rasgadas, um monte de CD’S em cima da cama e a própria me fitava com um ar meio doentio.

– Ahn... Não vai arrumar isso não? - Perguntei meio preocupado com a bagunça do quarto. Não me perguntem o porquê disso, mas estou preocupado e ponto.

– Eduardo, vá direto ao ponto. - Paolla sentou-se no chão e eu fiquei ali mesmo observando seu quarto. – Esquece meu quarto. Eu estou revoltada.

– Percebe-se. - Ela assentiu, não se importando com minha provocação. Sentei-me ao seu lado. – Paolla, quando é que você vai erguer a cabeça e ver que isso é apenas uma fase? Se revoltar contra o mundo não adiantará nada.

Eu estou mesmo dando conselhos a uma garota de 17 anos? Não é possível.

– E você acha que eu devo fazer o que? – Ela estava mais flexível na conversa. Respirei fundo e continuei.

– Qualquer coisa menos chorar. Dói? É fato. É chato? Sem dúvidas. Mas você é uma menina linda, irritante, mas linda, irá encontrar um monte de cara que daria a vida por você, e bem, pode ser no sentido literal da palavra... - Franzi o cenho.

– Você me acha linda? - Perguntou, sorrindo de canto. Eu mordi o lábio. – Nossa...

– Paolla, foco. Eu estou tentando te animar.

Ela riu, seu riso era calmo, tão...

– E quem disse que não me animou? - Ela deitou a cabeça em meu ombro. – Elogios sempre me animam, Eduardo.

Paolla fez menção de pegar em meu dedo, mas eu afastei minha mão.

– Eu acho que vou embora.

Sou um pouco covarde, só um pouco.

Me levantei e peguei minha mochila. Paolla se levantou, novamente exibindo aquelas pernas maravilhosas sob um short jeans curto.

– Por quê? Ah, Eduardo! Fica!

– Eu tenho que ir.

E ela fez a voz mais manhosa do mundo ao insistir pela minha presença.

– Fica... Por favor.

Eu, como um idiota dominado pela sensualidade de sua voz, fiquei.

– Ok, mas só até as 14h00, hein? - Ela bateu palminhas, uma empolgação que eu não entendi. – Certo. Primeira vez que eu entro no quarto de uma garota, e hum... Primeira vez que eu entro no quarto de uma garota mais velha!

Porque mesmo que eu divulguei essa informação “tão importante”?

– E o que quer fazer? - Perguntou com um sorriso cínico. Eu arregalei os olhos, incrédulo. - Porque esses olhos arregalados? Eita malícia, Eduardo Mendes! To boba.

– Eu posso ser o que for pra você, mas ainda sou homem. - Ela assentiu, rindo. – Besta.

Paolla jogou as coisas que estavam em cima de sua cama no chão e se sentou, cruzando as pernas. Depois sorriu para mim. Até parece que nós nunca brigamos, que estranho...

– Senta pô. Parece que ta com medo de mim.

– Porque eu estaria? - Ela riu enquanto eu me sentava ao seu lado.

– Sei lá, sou bonita demais e você pode estar deslumbrado. – Quanto deboche. Revirei os olhos. – Eduardo...!

– Sim?

– O que você pensa da Carolina? - Franzi o cenho. - Sei lá, agora que ficamos mais flexíveis em relação a nossa... “Amizade”, eu queria dizer minha opinião.

– Hum, e quem disse que eu quero saber? - Eu rebati de imediato. Paolla fez cara de ofendida.

– Bruto.

– Sensível.

– Chato, arrogante, metido, babaca e...

– Lindo. Extremamente gostoso!

Paolla revirou os olhos.

– Menos... Garoto!

– Eu que o diga. Paolla, você só tem 17, não 20 como você pensa.

– Sou bem mais madura, adianto. - E ela me empurrou na cama. – Sou muito mais sexy... - Afastou meu cabelo e trilhou o dedo pelo meu rosto. Suspirei. – E sim... Eu te seduzo.

– Não, não me seduz, na verdade eu acho lamentável o estado em que você está. Não é a mim que você tem que provar alguma coisa, é a si mesma.

– E você acha que fazendo isto não estou provando nada? - Fiquei em silencio, apenas observava o desenho de seus lábios. Eu não podia estar reparando nisso, tanta coisa pra reparar! O teto do quarto, olha que bonito, é branco... E tão comum como os outros tetos. – Bobinho.

– Aham, claro. - Tentei empurra-la, mas ela me prensou. – Qual é? Há alguns minutos atrás você estava chorando.

– E agora eu estou bem. - Paolla respirou fundo, seu hálito estava com cheiro de bala. – Fique feliz.

– Estou morrendo de felicidade, não está vendo?

– Como diz o Tiago "sarcasmo a gente só vê por aqui!" Larga a mão de ser irritante Eduardo, se você está aqui é porque se preocupa comigo.

– Aham. - Respondi, distraído, mas ironicamente. Tentei empurrá-la. Sem sucesso. – Paolla, será que dá pra você sair de cima de mim?

– Eu sou gorda?

– Eu disse isso?

– Me responda.

– Não, você não é! - Ela bufou, brava. – Quer que eu minta e diga que você é uma obesa?

– Cavalo.

– Obrigado. - Paolla me olhou novamente, e se deitou em meu peito, nós estávamos na cama dela, se a avó dela ver isso...

– EITAAA! - Eu acho que falei cedo demais. – Vocês jovem são tão precoces, na minha época deitar com rapaz tinha que estar casado há 5 anos. E não, eu não estou exagerando.

Paolla não se intimidou pela presença da avó e eu me vi numa cena inusitada, mas sabia que estava gostando. Eu estou mesmo dizendo isso? Eu estou meio fora de órbita com essa garota em cima de mim.

– É, o século 20 era mesmo cheio de pessoas antiquadas.

Eu belisquei Paolla com descrição. Que má educação é essa?

– Não ligue pra essa mal humorada. - Dona Alberta sorriu. – Vim chamá-los para almoçar com a esperança de que esse rapazinho lindo incentive minha neta a comer. - Sorri para ela. A mal humorada saiu de cima de mim. – Aceitam?

– Eduardo já vai embora. - Bacana! Estou sendo mesmo expulso da casa dela? Cadê a sedução de minutos atrás? – Não é?

– Se ele for embora sem comer minha comida eu ficarei muito chateada.

– Vó...! - Paolla estava a ponto de mandar Dona Alberta ir para aquele lugar onde o sol não bate. Eu me impus, não querendo ver briga, pois, por incrível que pareça eu sou da paz.

– Vamos fazer assim, como a Paolla não quer sair de refúgio dela, eu pego a comida e como aqui no quarto se a senhora não se importar!

– Ah, que lindo! Claro querido, desça comigo.

Eu assenti e sai da cama. A avó de Paolla saiu primeiro, o que me deu a chance de olhar pra sua neta, que revirou os olhos.

– Vai lá, perfeitão.

– Ciúmes? - Não resisti a perguntar e claro, me lembrar do dia da enfermaria...

– Revolta. - Eu ri antes de sair do quarto. Aquela garota era mesmo muito maluca.

Tamiris Vitória
Enviado por Tamiris Vitória em 06/11/2010
Reeditado em 14/11/2018
Código do texto: T2600964
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