MENINOS DA ROÇA

Cap. XVIII


um jatobazeiro. Buscou assento nas enormes raízes aparentes da árvore. Zico sentou-se ao lado dela. Os dois olharam um pra o outro e começaram a rir. Os rostos encarvoados de ambos pareciam o pelo do gato Paizinho. As lágrimas deles fizeram rajas na pele suja de carvão. Naquele instante, sem pensar nos momentos de poucos minutos atrás, ela comentou:

_ Moço, por que será que ele anda nu? Acho que ele estava xingando alguém...será que ele cria cachorros pra comer a carne? É muito maluco, aquele polonês, você não acha?

Zico olhou sério pra ela e disse que não queria mais falar naquilo. Menina compreendeu o medo do irmão. Por entre a copa das árvores que os cercavam, percebeu que o sol já estava alto. Naquela hora, em sua casa, já estaria sendo servido o almoço.

Sentindo-se repousada o suficiente, convidou o irmão para prosseguir. Depois de algum tempo, ela viu que as marcas não estavam ali. Conseqüentemente, aquele não era o caminho de casa.

Apavorada, parou e procurou ouvir as vozes dos homens que estavam na lida. O único som que ouvia era o da mata e o das batidas de seu coração assustado. Onde estaria a cerca? Que lugar era aquele? Os tiros! Será que ninguém ouvira? Seus pensamentos foram interrompidos pela pergunta de Zico:

_ Moço, nossa casa já está perto?

Olhando-o com ternura, ela respondeu:

_ Vamos logo achar a cerca. Quando a gente encontrar, aí vai estar perto. Vamos procurar as pontas de matos que eu quebrei, assim vai ser mais fácil.

_ Você não sabe mais voltar moço? A gente se perdeu?

_ Não! É porque eu quero brincar de Joãozinho e Maria, lembra? A estória que a mamãe conta pra gente?

_ Moço! Eu não quero brincar de nada. Eu quero voltar pra casa - disse o pequeno.

A garota estava começando a se afligir. Seus olhos buscavam com ansiedade os raminhos quebrados. Sua boca estava seca, as picadas 


Continua...
Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 17/05/2008
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