CÔNICA DO LIVRO " A MENINA QUE SONHAVA EM VOAR"
Um livro infantil de Irá Rodrigues
UM LIVRO INFANTIL DE IRÁ RODRIGUES
Miguel Carqueija
Resenha de “A menina que sonhava em voar”, de Irá Rodrigues. Editora Gregory, São Paulo-SP, 2016. Capa de Ramon Alvarenga. Prefácio: Miguel Carqueija.
Sou suspeito para falar desse livro, pois o prefaciei. Entretanto posso garantir que é um dos mais extensos livros infantis que já li: são aproximadamente 90 páginas com letras miúdas e sem ilustrações, afora algumas bem pequenas, nas margens.
Irá Rodrigues (Iraci) não é uma ilustre desconhecida. Membro da Academia Brasileira de Letras de Araraquara (SP) e da Academia de Artes e Cultura de Minas Gerais, geógrafa, e tendo um livro publicado em Portugal (Sonhar sem segredos), é escritora atuante e especialista em letras infantis.
O amor de Irá pelas crianças e pela natureza está bem presente nesta novela que gira em torno de uma menina paralítica, que passa a vida em cadeira de rodas: Aninha órfã de pai e que vivem numa região inóspita do Cerrado, com a mãe, avós e tio. A escola era distante e ela não frequentava, pela dificuldade de transporte e também porque, quando iam à vila, crianças e adultos falavam mal dela. O preconceito era forte, o crime de Aninha era ser paralítica.
Entretanto a situação muda radicalmente quando Aninha e sua mãe vai morar com um primo, o seu Quinzinho, que vivia em outro lugarejo; lá o ambiente era muito diferente, a menina não sofria “bullying” e era aceita normalmente pelos colegas.
A história poderia ser só isso com alguns toques de ecologia, mas também penetra no surreal. Por vezes, animais (como um macaco) falam com as pessoas, como se fosse à coisa mais normal do mundo, mas é nos sonhos de Ana que acontecem os eventos mais extraordinários. Por exemplo, viajar com Quinzinho numa cadeira voadora. Aninha se preocupa por não ter avisado a mãe, e ele a tranquiliza:
“Certamente alguém vai nos ver voando numa cadeira e logo os jornais e a televisão vão noticiar achando que somos um disco voador com duas ou seis rodas. Isso se puderem enxergar as nossas pernas, também.”
O desejo de Aninha de poder ir além da cadeira de rodas e até voar, livre como os pássaros, com quem ela conversava, realiza-se à noite nos seus sonhos que, de tão nítidos, compensam a deficiência que se torna presente nas horas de vigília.
E assim a novela passa a bela mensagem de que ser feliz é mais uma atitude interior que fatores externos. E que é possível ser feliz mesmo em meio a adversidades como a deficiência física.
Rio de Janeiro, 21 a 23 de fevereiro de 2017.
Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 10/03/2017
Código do texto: T5936525
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ORGULHOSAMENTE POSTO A CRONICA DO AMIGO SOBRE O MEU LIVRO ,,,