Hora de aprender

Dormi debruçado na carteira enquanto a professora escrevia, corrigia as lições dos meus colegas. Porém foi tempo suficiente para eu ter um terrível sonho e acordar desesperado. Sonhei que todas as letras riam de mim. Elas perguntavam quem eram elas e eu não sabia. Então elas riam muito e fingiam que iam me engolir. Depois fizeram uma roda e colocaram-me ao meio e diziam para eu escrever meu nome e eu não sabia e elas se jogavam em cima de mim sem dó e eu chorava.

Desesperado começava a gritar por minha professora e ela não aparecia, só via uma porção de letras zombando de mim.

Finalmente acordei daquele pesadelo e desde então me esforcei o máximo para saber o nome das letras e juntá-las para ler. Logo eu estava escrevendo tudo e lendo.

O meu nome eu não queria aprender a escrever eu sabia escrever Zico. Já estava muito bom, gostava de ser chamado de Zico.

Os anos passaram e apenas meu nome eu fazia questão de não escrever, porém eu já sabia escreve-lo. Escrevia escondido quando mínguem estava vendo. Eu ficava pensando quem será que colocou esse nome Wesderley em mim?

Um dia tive coragem de perguntar aos meus pais quem escolheu meu nome. E a conversa foi longa até soube nome de parentes que nunca vi na minha vida.

Wendel era meu tio avó, Esdras era um tio que faleceu pequeno, Wanderley era meu bisavô. Então juntaram os três nomes e surgiu meu nome em homenagem aos parentes. Eu até fiquei conformado com meu nome só assim soube um pouco da estória da família. Porém continuava achando meu nome feio. Se eu escolhesse meu nome eu seria Paulo. Meu amigo era Paulo e todos o chamavam de Paulinho. Já pensou me chamarem Wesderleyzinho era impossível.

Todos me conhecia por Zico, mas na hora da chamada a professora falava meu nome e eu fazia um sinal rápido com o dedo apenas para a professora ver que eu estava lá.

Demorei a aceitar meu nome, porém hoje eu até gosto desse nome. Agora escrevo com orgulho, Wesderley da Silva Santos.

Já pensou se as letras pensam que eu não sei ainda escrever meu nome?

DEBORA DANTAS
Enviado por DEBORA DANTAS em 16/11/2016
Reeditado em 03/01/2018
Código do texto: T5825226
Classificação de conteúdo: seguro