O ENCONTRO DA BICHARADA NA TERRA DO SOL

Fogo na mata. Não se sabe como tudo começou. Vê-se alguns animais correndo em busca da sobrevivência. As aves voam para outro lugar menos tóxico. Fogem da fumaça. E o fogo se expande rapidamente. Tudo parecia consumido.

Foi aí que um grupo de animais em desespero reunem-se para solucionar o problema. A iniciativa não partiu do leão. Embora sendo o rei dos animais. Proviu de um simples e desprezado pintinho, embora, chateado com a situação do galinheiro, não calou o bico. Piava, piava invocando:

 Fogo, fogo! Glup! Piu, piu, piu, piu. Corria ciscando de um lado para o outro o pintinho.

 Como pode isso ter acontecido? Soluçou abismado.

 Nós todos morreremos? Ah, não !

 E o que faremos? Como proceder? Piu, piu, piu … sai em disparada para o centro do galinheiro.

Todo o galinheiro toma conhecimento. A fumaça cobre céu adentro. As labaredas destroem as árvores que nada podem fazer, a não ser lamentar daquela terrível catástrofe ecológica.

 Quem fizera isso? Dizia o camaleão resmungando na fuga. E no galinheiro os pintos se agitam e saltam no esforço em vão de liberdade.

 Có, có, ccoricó ! Cocoricó !

 Calma, nada de desalendo. Apazigua o galo do poleiro.



 O desespero sempre é prejudicial a todos. Afirma o galo confiante.

 É preciso decompor o problema. Concluiu o galo.

 É certo que muitos problemas aparentemente sérios, devemos dar nossa parcela de contribuição na tentativa de solucioná-los. Não importa onde estejamos. O importante é participar, contribuir. Analisa uma galinha caipira, acalmando a piadeira dos demais.

 Nada de piadeiras inúteis, pois, do contrário acabaremos no fundo de uma panela. Carecemos de paciência. Retrucou o galo e pulou do poleiro achegando-se.

Um outro pinto do pescoço pelado que observava atento, exultou:

 Precisamos ajuda de todos os animais para apagar esse fogo. Rezingou o pinto solitário.

 Voces têm razão ! Algo há de ser resolvido. Irei até ao leão. Veremos o que tem a nos dizer. Aguardem. Mas, ponderem.

E o galo sai desalentado a procura de ajuda.

O leão tomou conhecimento e logo afirma com seu jeitão de rei:

 Esse fogaréu é culpa do homem. O homem é incompetente para administrar esse planeta. Ele destrói árvores e florestas que servem para purificar o ar que respiramos. Nós bichos não compreendemos por que ele ainda está à frente de tudo isso. Afirma o leão e socode a juba irritado.

 É, precisamos agirmos. Os fatos nos pedem providências, exigem que descruzemos as patas para a luta. Precisamos avisar a todos os animais da terra; faremos um encontro rápido e, veremos como agir. Concluiu o leão com segurança de rei.

O bem-te-vi e o fogo-pagou que estavam por perto e ouviram o grunhido da conversa no galho de uma oiti de sobressalto disseram:

 deixem conosco, avisaremos a quem pudermos. Disseram . E saiu o bem-te-vi mundo afora avisando a todos os bichos que encontravam. E o fogo-pagou voou ruma ao sertão com o mesmo objetivo.

Próximo ao lago o bem-te-vi encontrou o sapo e avisou da tragédia. O sapo ficou estarrecido.

 Fogo ? Quer dizer que tudo está se transformando em cinzas? E as árvores, os animais? Alarmou o sapo.

 Isso mesmo seu sapo! Botaram fogo em tudo. O leão convoca a todos nós. E dê licença que já vou-me agorinha mesmo, avisar aos outros. Não esqueça de comunicar a quem encontrar pelo caminho. E sai o bem-te-vi.

O sapo vai ao chamado do leão.no caminho encontra o camaleão atarantado.

 De onde vens assim aturdido, mudando de cor constantemente compadre camaleão. Replicou o sapo.

 Tento salvar-me a pele compadre sapo. E corre em disparada o camaleão.

 Calma! Espere, não é assim que se resolve o problema. É preciso encará-lo. Anima o sapo sem jeito.

A libélula que voava na redondeza observou o bate-papo rápido dos dois. E tratou de se inteirar do assunto. Sentia que o camaleão fugia e que o sapo não. Contudo, respirava um cheiro de fumaça no ar. Por isso pousou em um pé de juá e esperou o sapo. O sapo se aproxima alvoroçado:

 olá, olá! Foi bom encontrar-te por qui. Vais me auxiliar.

 O que ocorre? Que fumaça é essa, de onde vem?

 A floresta está pegando fogo e precisamos dar um fim em tudo isso. O leão quer nos encontrar para juntos ver o que fazer. E tua tarefa é simples: avisar aos demais que encontrar à frente. Tens imensos olhos laterais que te dão grande visão. Com eles facilitará o contato. Afirma o sapo.

 E não esqueça de comparecer, também. Seja rápida. Concluiu o sapo e salta a gritar: bú,bú.bú...

Aos poucos chega o papagaio, o colibri, o azulão. Meia desconfiada se avista a siriema. O socó não faltou. Veio , também, o canário, o curió, o sabiá, o gavião e a águia.

Em saltos largos aparece o canguru. O tamanduá já esperava no canto deuma árvore que restava. O tatu chegou com o macaco. A girafa preocupada observava pelo alto os acontecimentos. A formiga veio logo que foi avisada. O jacaré rangia os dentes impaciente. O elefante também compareceu, irritadíssimo. Quem quase não chegava foi a tartaruga. Atrasada, mas veio. Estava exausta, abalada.

E quem não se abala com determinados problemas em nossas vidas?

E quando todos os animais chegaram o leão começou a falar:

 o fogo continua.o que faremos? Deixaremos que tudo se desvaneça? Retrucou o leão.

Ao mesmo tempo todos falavam. Queriam dar uma solução. Ninguém se entendia. Foi uma coisa de bichos. Uma loucura. Quando, de repente, do céu cai uma forte chuva que durou três dias, apagando o fogo e dispersando a todos os animais.

PRESERVAR A NATUREZA É DEVER DE TODOS. ALIMENTE ESSA IDEIA.

William Augusto Pereira
Enviado por William Augusto Pereira em 20/03/2016
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