o circo de Apolo ( dramaturgia)

O CIRCO DE APOLO

Personagens:

Heitor – criança (principal)

Ítalo – criança (principal)

Totô – criança (principal)

Fernandinha – criança (principal)

Dona Elizeth – mãe de Heitor

Dona Jaciara – vizinha

Pitonisa de Delfos

Apolo - apresentador de circo

Dédalo – trapezista Ícaro – trapezista

Andrômeda – amazona

Pégaso – cavalo alado de Andrômeda

Hércules – domador

Leão de Neméia (engolidor de objetos)

Hidra de Lerna (jogo de bolas)

O javali de Erimanto (dançarino)

As Nereidas – bailarinas

gregos – palhaços

Observações:

- A peça é representada por adultos, mesmo no papel de crianças.

- As personagens do circo, são todos bonecos (a pitonisa e o apresentador podem ser humanos).

Cena um:

Heitor está de pé pensativo e só próximo à boca de cena, ele se vê dentro de um ambiente parecido com um campinho de futebol utilizado por famílias do bairro pra brincar ou soltar pipas, no entorno existem casas baixas e sem edifícios com um ar de rusticidade, há traves improvisadas e é dia claro.

Num rompante volta-se para o público e diz:

_Um dia desses surgiu um circo aqui na minha cidade de Paraisópolis! Não era um circo apenas, claro que circo não é uma coisa comum, mas, esse... (olhar impressionado) era um circo mágico!

Anda para outra direção e os personagens principais vão sendo iluminados passo a passo, porém não se mexem.

- esperamos tanto tempo por alguma coisa, assim... (diz com certa aflição) Legal como: palhaços, trapezistas, domador, puxa isso é demais! Um dia desses vimos, mulheres girando na corda com chafarizes de águas coloridas ao seu redor, malabaristas chineses, fiquei de boca aberta, mas é bobagem... Se eu comparar com o (empolga-se) circo de Apolo!

As crianças se movimentam em cena jogando uma bola de futebol uns para os outros em dois times separados

Ítalo: - Passa a bola!

Fernandinha (driblando Totô): espera aí! (se desvencilha de Totô e passa a bola para Ítalo que faz um gol)

Ítalo: - Goooool!

Fernandinha (gabando-se, abraça Ítalo e os dois sorriem maliciosamente para os adversários): - Golaço! Cinco a três, nós ganhamos, aiai, isto tá ficando muito fácil, vocês vão ter que chamar mais pessoas para jogar no seu time!

Ítalo: - Pois é... Campeões não podem ficar sempre no mesmo estágio! (aponta o dedo para Totô no final da frase)

Totô (irritado): - Até parece que vocês são campeões, mas é só ganhar uma partida a mais, que já estão se achando, vão aprender a jogar bola de verdade suas pernas de pau, eu estou pegando leve por causa da Fernandinha!

Fernandinha (ri debochadamente de Totô): - ah é, inclusive os dribles que eu te dei foi você que deixou, hummmm sei!

Ítalo – então eu os desafio a uma revanche!

Fernandinha: - amanhã cedinho aqui no campinho!

Heitor (apaziguando): - tá combinado então, mas sem discussão, eu quero é jogar!

Ítalo: - é isso aí, eu quero é fazer gols! (Fernandinha e Ítalo riem)

Totô: – vai ser mole para nós!

Fernandinha: - humpft, nem vou comentar! (sai rindo)

Todos saem em duplas em direção ás suas casas.

Cena dois:

Casa de Heitor, sua mãe está na cozinha terminando de colocar o café à mesa, Totô já se sente à vontade, vai entrando sem cerimônia.

Totô: - Bom dia dona Elizeth, tem café com leite na mesa?(põe a mão no bule de leite quente e abre a tampa para olhar)

Dona Elizeth (Tomando o bule das mãos de Totô): - Tem sim, mas antes vá chamar o Heitor para tomar café com você e vê se lava essa mão hein, seu porquinho!

Totô: (grita) – Heitooor, sua mãe está chamando para tomar café, veem logo que eu estou com fome!

Heitor: (grita da coxia como se estivesse em outro cômodo) – Ok, obrigado, só não precisa gritar!

Dona Elizeth: (exaltada, vai em direção a coxia buscar o filho): - ótimo, ainda bem que você sabe que essa não é uma casa de loucos, por isso pare de gritar também e vão logo tomar esse café e rua, vão brincar uma pouco!

Heitor: (tomando seu café): Depois nós vamos à casa de Fernanda, o Ítalo já deve estar lá!

Totô: - Com certeza, eles estão sempre juntos como nós!

Dona Elizeth: - Coisas de amigos inseparáveis, isso não quer dizer que vocês todos não sejam muito ligados!

Heitor: - Vêm, eles já devem estar terminando, e a Fernandinha mora perto do campinho, não podemos demorar!

Totô (resmunga): - humpft, não darei motivos a ela!

Cena três:

As crianças estão chegando ao campinho e encontram a parte frontal de um circo de lona amarelado brilhante compondo com listras de cor laranja; das cordas que o sustentam pendem fitas coloridas e em uma faixa está escrito se chamar: Circo de Apolo; ocupando boa parte da extensão do palco e algumas tendas pequenas bem rústicas e com aspecto cigano, têm lanternas antigas e penduricalhos de metal penduradas, tecidos bordados à mão com aparência de orientais transparentes ou não junto com tapetes de tear forram as barracas, tudo remete a coisas antigas, passagem de tempo, à memória de varias décadas ou séculos, tudo muito antigo, muito colorido e gosto pessoal.

(Ítalo corre para dentro das tendas sem dizer nada para investigar sua procedência)

Fernandinha (surpresa e incomodada) – Quem colocou esse trambolho aí justo no dia da revanche, poxa com tanto lugar para colocar um circo, tinha que ser justamente no campinho, ainda mais esse tão esquisito, cadê os animais?

Heitor: - olha que bacana, um circo, como foi que ele apareceu, será que é inflável?

Fernandinha: há, mas como pode um circo inflar? (arqueia as sobrancelhas) hein?

Totô: -ihhhhhh, mas e a revanche?

Ítalo: reaparece (esbaforido e impressionado) – tem vários bichos esquisitos lá atrás do circo, um leão imenso, mulher-peixe...

Heitor: - sério? Então vamos lá ver de perto!

Fernandinha: - claro que nós não vamos, deve ter mula sem cabeça!

Totô: - é mesmo, eu não vou lá dentro porque meus pais me ensinaram a não entrar em lugares estranhos!

Heitor: (brincando) - mas nos lugares conhecidos você fica bem à vontade né?

Totô: (retrucando) – não, só na sua casa mesmo!

Ítalo (interrompe o dois): - nós vamos ou não vamos ver os bichos?

Fernandinha (de forma autoritária vai empurrando para longe os amigos): - de jeito nenhum, do jeito que o Ítalo falou, só tem monstro aí, e eu sou uma menina delicada e linda demais para ser devorada pelo bicho papão!

Heitor: - até parece que isso vai acontecer de verdade!

Totô: - nós podemos vir à noite para a estreia!

Fernandinha: - será que é seguro?

Totô: (empolgado) – claro, eles nem se incomodaram comigo!

Ítalo: - então vamos para casa e um pouco antes da hora de estreia, nós no encontramos aqui!

Fernandinha: - oba, eu quero usar meu vestido novo!

Ítalo: - eu também!

Fernandinha: - você vai usar um vestido novo?

Ítalo: - claro que não, vou usar uma roupa nova!

Heitor: - então tá combinado?

Todos (empolgados): combinado!

Todos saem

Cena quatro:

Totô chega à casa de Heitor com roupas diferentes.

Dona Elizeth: (surpresa) – Meu Deus, mas que diferença daquele rapazinho que fica dos pés à cabeça, sujo de terra do campinho! Você não era o Totô, amigo do Heitor?(ri).

Totô: eu arrumei uma roupa melhor que eu tinha, já que a Fernandinha e Ítalo vem de roupa nova!

Dona Elizeth: - mas o Heitor não tem dinheiro para comprar roupa nova também, esses dois querem é aparecer, a Jaciara trabalha muito para manter a casa com o marido, se alguém acha que as pessoas vão gostar mais delas só por causa de dinheiro ou andam arrumados, está enganado, isso é uma bobagem!

Dona Jaciara: (tomando uma xícara de café, olha curiosa para Totô) – exatamente, e eu já disse isso para o meu filho, ninguém gosta de gente metida exibida, eu detesto! Mas o que houve, essas crianças tem o hábito de ficar o dia e a noite no campinho? Não sei o quem tem de tão especial naquele lugar para não saírem de lá!

Dona Elizeth: (arruma a mesa e pega a bolsa para tirar dinheiro) – é claro que não precisa andar desarrumado e sujo, senão o circo contrata vocês como os palhaços: trapo velho e farrapinho, toma, para pagar a entrada e tomar um refrigerante! Eles vão ao circo!

Dona Jaciara: (muito surpresa) - que circo?

Dona Elizeth: - um circo estranho que o Heitor passou o dia inteiro falando a respeito, ansioso para conhecer!

Dona Jaciara: (quase gritando) - circo estranho, como assim?

Totô: - um circo cheio de bichos diferentes, eu nunca vi esses bichos no zoológico!

Dona Jaciara: (exaltada) – como assim? Isso não procede, eu sei tudo o que acontece nesse bairro, nada foge do meu controle, não é possível que um circo tenha vindo se instalar aqui! Eu sou líder comunitária desse lugar, com essas pessoas conversaram para colocar esse trambolho aqui?

Heitor: - foi isso o que a Fernandinha falou!

Dona Jaciara: (lamuriosa) - todo mundo já está sabendo e eu fui última?

Dona Elizeth: - Parece que sim!

Dona Jaciara: (imperiosa) – mas isso não fica assim, eu vou averiguar esta história direito, eu quero saber que tipo de circo é esse, se é adequado para crianças ou não, afinal está cheio de animais estranhos, eu não posso permitir que pessoas boas pudessem ser devoradas por monstros perigosos, se for necessário, eu tomo providências enérgicas, o que estão pensando, este é um bairro familiar, temos que tomar cuidado com esses bandidos, eles vão tomar conta de nossas vidas, será um caos, daqui a pouco vamos ter até toque de recolher!

Dona Elizeth: meu Deus, que exagero!

Totô: - eu também acho, o Ítalo entrou lá dentro do circo, perto dos bichos, e eles não fizeram nada!

Dona Jaciara: (exasperada) – meu filho, meu filho foi devorado pelos monstros?

Heitor: (apreensivo) - nããão, ele não foi devorado, ele só viu os animais!

Dona Jaciara: - Nem em sonho eu vou deixar meu filho ir neste lugar de novo, mas o que ele está pensando da vida, eu vou tomar providencias sobre este tal circo! (sai apressada pisando forte e sorri nervosa), muito obrigado pelo café viu!

Cena cinco:

As tendas estão internamente acesas, uma delas está aberta e se pode ver uma figura dentro sentada sobre um banco alto.

O circo está com sua tenda virada em posição oposta, deixando ver seu interior e o picadeiro e há uma arquibancada pequena para as crianças sentarem.

Heitor está chegando à mesma hora em que Fernandinha e Ítalo,

Heitor: - vocês não viram o Totô?

Ítalo: (com Fernandinha apertando seu braço, ansiosa) – não, achei que ele estivesse com você, para de me apertar, meu braço está doendo!

Heitor: - ele estava à tarde, mas depois foi para casa!

Totô aparece arrumado e bem vestido.

Totô: - oi gente! Ítalo, como você conseguiu convencer a sua mãe de vir ao circo, ela estava furiosa por causa dele!

Ítalo: - eu nem vi minha mãe hoje, meu pai está até preocupado por causa disso, até agora ela não aparece em casa, foi ele que me deu dinheiro para vir ao circo!

Fernandinha: - hoje realmente é um dia diferente, a mãe do ítalo sumiu e não está xeretando o circo e o Totô tomou um banho caprichado e se arrumou, nem parece o esculachado, cadê o tênis mastigado?

Totô: - só uso para jogar bola!

Ítalo: (irritado) - me larga, se está com medo não devia ter vindo!

Heitor: mas vocês acreditam mesmo que existem esses animais que o Ítalo falou?

Ítalo: (valente) – existe sim, vamos tirar a prova lá atrás! Você tem coragem?

Totô: (apavorado, faz sinal da cruz depois de ressalto) cruz credo!

Fernandinha: (agitando as mãos à frente dos meninos quase ordenando) – até parece, ninguém vai sair daqui e se enfiar no meio daquelas feras, não vão sair da minha beira porque sou uma dama desprotegida, sem alguém por perto vou voltar para casa e nunca mais falo com vocês!

Ítalo: - tenha calma, ninguém vai a lugar nenhum, mas também não precisa ficar assim!

Totô: - é isso mesmo, você está muito mandona, é claro que ninguém vai lá, só o Ítalo tem mania de se meter onde não é chamado, também, filho de dona Jaciara, a maior mexeriqueira do bairro!

Ítalo: - coitada da minha mãe, ela gosta de ajudar! Vamos ver o que tem ali naquela tenda?

Todos se dirigem devagar e meio desconfiados à tenda onde há uma mulher sentada e que está visível ao público.

Totô: (fazendo uma careta) - hummmm, que cheiro estranho, diferente!

Heitor: (se aproximando mais rápido)- é uma fumaça perfumada! Será que podemos ver de onde vem?

Fernandinha: (incisiva)- aonde você vai?

Heitor: (volta-se para Fernandinha com cara surpresa)- vou saber o que é?

Fernandinha: - Por acaso você foi convidado a entrar? E se for fumaça de espantar mosquito?

Totô: (com cara de espanto) - e se for macumba?

Fernandinha e Ítalo dão um passo para trás com as mãos juntas e bastante apertadas.

Fernandinha e Ítalo: (fazem o sinal da cruz) - cruz credo!

Heitor entra na tenda e vê uma mulher enrolada em tecidos diversos e de cores pastéis, são tecidos bordados de seda e cambraia levemente orientais, ela tem o rosto maquiado ressaltando um ar misterioso em sua face, muitos anéis nos dedos e colares dourados no pescoço, braceletes nos braços e antebraços e aspira uma fumaça vindo de um objeto tal como um narguilé colocado ao seu lado.

Heitor: (observa e diz) - a senhora está bem? Parece meio tonta!

Pitonisa: - estou!

Heitor: - tem certeza, eu posso pedir ajuda!

Pitonisa: - tenho sim! Quem é você?

Heitor: - meu nome é Heitor, tenho 11 anos e jogo bola todo dia de tarde aqui neste lugar onde você armou a sua tenda! E você?( pergunta intrigado)

Pitonisa: - eu sou o oráculo de Delfos, sou uma sacerdotisa do deus Apolo, posso predizer o futuro para as pessoas através do vapor de incenso que aspiro!

Heitor: - ah essa fumaça aí é incenso, por acaso você sabe predizer o meu futuro?

Pitonisa: (olha fixamente para o menino e se aproximando) - é preciso conhecer as coisas além do seu próprio tempo, aspirar ao aroma de seus frascos, imaginar, porque o futuro é feito de sonho!

À medida que Heitor vai conversando com a pitonisa, os outros vão se aproximando, Fernandinha é a última e se comporta como uma inspetora explorando todo o lugar.

Totô: – vamos Heitor, aqui não tem graça!

Ítalo: – vai começar logo a apresentação!

Fernandinha: (surpresa e indignada) – Nossa senhora, que tenda é essa, e a fumaça é para quê, é para aspirar, é um jeito diferente de fumar? Faz mal a saúde e ainda por cima no circo, que horror! Você não sabia que o circo pode pegar fogo? Quanta bijuteria ela tem; mamãe não usa as dela de uma só vez, ela disse que é cafona!

Pitonisa: são joias de ouro puro!

Fernandinha sai balançando os ombros com expressão infantil de desprezo.

Fernandinha: - o que ela falou para você?

Heitor: (faz uma expressão engraçada) - disse que meu futuro é feito de sonho!

Totô: - ué, então você vai montar uma padaria?

Heitor: - não, ela falou que em meu futuro há muita fantasia!

Fernandinha: então você vai ser palhaço!

Ítalo: (impaciente) é melhor a gente entrar!

Todos se dirigem a uma parte cenográfica de arquibancadas e se sentam próximo ao picadeiro.

Cena seis:

Heitor: (acenando) – olha lá papai e mamãe e meus irmãos menores!

Acena mostrando que está com seus amigos e seus amigos acenam para os pais de Heitor.

Um foco de luz de pino acende devagar e o apresentador vai primeiro colocando seu rosto e depois o restante do corpo dentro do foco.

Apresentador: (faz cara intrigada) - olá! Alguém? Tem gente? (brinca) Está cheio? Cheio de quê? Se tiver gente gritem: Sim!

As crianças gritam: - siiiiim!

Apresentador: atenção senhoras e senhores, meninos e meninas; diante de vocês surgirão coisas incríveis, que nos levarão a viajar pelo universo das mitologias e além do oceano, iremos além dos delirantes e surpreendentes truques, penetraremos assombrados o interior oculto e fantástico da Grécia antiga, como primeira atração, envoltos nas brumas do conhecimento vou mostrar os inexplicáveis cientistas do ar, Dédalo e Ícaro!

O palco tem no seu picadeiro duas bases altas e pintadas de preto para não ficarem muito visíveis, as duas bases têm duas torres de tamanhos diferentes que se comunicam através de um fio resistente por onde passará Dédalo, Dédalo aparecerá no foco de luz e acenará para o público fazendo reverências manipulado por pessoas que não estão visíveis, em seguida será colocado no fio e ao som de uma percussão descerá como se usasse o recurso da corda tirolesa para chegar ao outro ponto que imediatamente será iluminado, agradecerá o público e surgirá Ícaro também manipulado por pessoas que não estão visíveis, Ícaro faz reverência ao público se movimenta cinematograficamente para frente de uma prancha de salto.

Surge o som baixo de um tarol e o apresentador aparece de repente.

Apresentador: - muito calma agora, este é um momento de tensão, diante de nossos olhos Ícaro saltará e mergulhará num tanque de água e lá dentro encontrará uma bandeira que irá recuperar!

Da posição de Ícaro há uma haste vertical que atinge o meio de uma tina extremamente rasa de fundo falso sobre uma base preta onde ficará um contra regra com uma luva da cor do braço do boneco e uma bandeira vermelha na mão, o boneco descerá pelo fio vertical até a tina e será puxado assim que chegar à parte de baixo pelo contra regra que em seguida levantará a mão com a bandeira para fora da tina.

As crianças aplaudem e o apresentador reinicia.

Apresentador: - prestem atenção agora neste talento incomum, a grande adestradora Andrômeda e seu cavalo Pégaso!

Sobre uma base pintada de preto os bonecos de Pégaso e sobre ele, Andrômeda, começam a cavalgar sem sair do lugar, a boneca sobe sobre o cavalo e fica em pé, depois de cabeça para baixo, o cavalo é alado, assim ele dá saltos e seu pouso é suave como se estivesse planando, neste momento concomitante com o salto a amazona faz peripécias no ar de forma cinematográfica, como se fosse à câmera lenta, em seguida às evoluções o cavalo para com uma ordem de Andrômeda diante do público e depois ela diz:

Andrômeda: - cumprimente seu público Pégaso!

Pégaso levanta uma de suas patas dianteiras, esticando-se e abaixando sua parte frontal.

Crianças: (todos) - êêêêêeeeee!

Ítalo: - incrível!

Heitor: - é mesmo!

Apresentador: (surgindo) – e então, gostaram?

Crianças: (todos) - siiiiiiiiiiiiiiiimm!

Apresentador: querem mais?

Crianças: (todos) quereeeemos!

Apresentador: o próximo número é de encantar, cuidado meninos para não se apaixonar, sim, o mistério das espumas do mar, as Nereidas, filhas de Nereu!

Manipuladas por varetas e pessoas vestidas totalmente de preto, bonecos representando sereias aparecem uma a uma ao som gutural e delicado de uma música de um coro feminino, são imagens brilhantes e coloridas de cintura de peixe todo escamado por acetato furta cor, de cor, e transparentes; estes tem luzes embutidas que piscam para aumentar o efeito misterioso da figura, são sobrepostas de luzes projetadas de muitas cores, elas dançam sincronizadamente em uma coreografia no ar onde só elas podem ser vistas .

Heitor: - (surpreso) eu acho que uma delas piscou para mim!

Totô: (bastante surpreso) - sério? Eu hein!

Ítalo: - eu vi também!

Fernandinha: (vira-se rápido para eles e diz com cara de reprovação) - onde já se viu isso, um menino namorar esse bicho aí?

Ítalo: - o que tem demais namorar uma sereia?

Fernandinha: - tem tudo demais! Imagina? Nós somos muito diferentes! Além disso, aonde vocês iriam namorar?

Heitor: - acho que iríamos namorar num barco!

Ítalo: - eu seria um mergulhador!

Totô: - ihh, você vai ter que morar na casa do caramujo!

Heitor: - nem ligo, eu ficaria com ela do mesmo jeito!

Fernandinha: - ah entendi, podem ir, garanto que elas trocam vocês pelo primeiro homem-sardinha que aparecer!

As sereias saem.

Apresentador: - (falando suavemente) gostaram garotos!

Ítalo: puxa já acabou!

Fernandinha: - (irônica) ah, que pena!

Apresentador: - o que foi?

Fernandinha: - nada, apenas meus amigos estão encantados com o seu aquário! Já terminou o show?

Apresentador: - nem comecei, ainda tenho muitas surpresas, e muito melhores!

Soam taróis em suspense.

Apresentador: (fazendo gestos demonstrativos) - mas o que é isso, o que está acontecendo, quem está vindo aí? É ele o filho dos trovões e dos raios, aquele que dominou feras e os mais ferozes monstros, é ele, o invencível Hércules, o domador e suas incríveis criaturas!

Aparece um boneco vestido de grego e aparência de gladiador e uma batuta comprida na mão manipulada por pessoas vestidas de preto que cumprimenta o público solenemente.

Apresentador: - em seu primeiro número nosso herói vai apresentar uma impressionante criatura que devora tudo que lhe oferecem, é o leão de Neméia!

Surge um leão gigantesco de dois metros de altura e boca enorme feito de espuma e revestido de tecido, sua cabeça é sustentada por hastes seguras por pessoas vestidas de preto e todo seu corpo é manipulado manualmente por essas pessoas, sobre seu dorso e o peito é possível observar a pele na sua cor normal, mas a parte interna traseira é feita de um tecido bastante elástico e de cor preta e juntamente com os fundos estende-se como um tubo curto por onde entrarão objetos e sairão também.

Hércules: primeiro, senhoras e senhores, nosso amigo irá engolir alguns objetos e depois irá devolvê-los intactos, isto será muito interessante!

Uma cadeira é trazida flutuando segura por alguém vestido de preto, ela é rígida, feita de espuma, de alta densidade, mas maleável o suficiente para entrar e ser amassada dentro da boca do leão.

Hércules: ah, uma cadeira, vamos a nossa primeira experiência, portanto, abra a boca leão (ordenando).

O leão abre sua boca e Hércules enfia a cadeira dentro da boca do leão, que a engole e ela é retirada também com a ajuda de um dos manipuladores que está quase dentro do boneco.

Fernandinha: - não me impressionou, com a boca desse tamanho é fácil engolir uma cadeira!

Ítalo: - eu já vi avestruz engolir coisas estranhas também!

Heitor: - eu achei demais!

Totô: - (apreensivo) eu estou achando que se a Fernandinha ficar falando muito, ele vai engolir a gente!

Fernandinha: - até parece, esse leão com cara de bobo, nem tem coragem de engolir gente!

Totô: - tem só a cara de bobo, mas você tem coragem de chegar perto e implicar com ele?

Fernandinha: Deus me livre, quem gosta de fazer essas coisas é a mãe do ítalo!

Ítalo: até parece que minha mãe ia se atrever!

Heitor: (debochado) – é mesmo, até parece!

Uma geladeira feita também de espuma vem flutuando manipulada pelos atores de preto.

Hércules: - atenção que agora o desafio se tornou muito mais interessante!

Hércules: - vamos leão, pode engolir a geladeira!

O leão engole a geladeira toda e dá um grande rugido.

Hércules: - e o que virá agora então?

Totô: agora ele me impressionou de verdade!

Fernandinha: - é mesmo, esse número foi mais difícil, concordo!

Heitor: - imagina o que virá agora hein?

Ítalo: - um fusca!

Heitor: - será? Seria muito engraçado!

Totô: - o fusca da dona Jaciara com ela dentro!

Ítalo: (defendendo veemente a própria mãe) - porque vocês ficam falando mal da minha mãe, coitada? Isso é muito chato, minha mãe não merece ser engolida pelo leão!

Fernandinha: - (debochada) é mesmo, não merece!

Um fusca também forrado de tecido de cor amarela e feito de espuma, manipulado pelos mesmos atores anteriores levam o objeto em direção ao leão.

Fernandinha: - olha lá, um fusca amarelo, igual ao da dona Jaciara!

Ítalo: para de falar da minha mãe!

Heitor: - mas que parece, parece!

Ítalo: - não existe, um só fusca!

Totô: - mas amarelo?

Ítalo: - é sim, amarelo também!

Heitor: - ele tá engolindo tudo!

Todos: - uau!

Hércules: (circunda a cena com seu braço esticado indicando o grande feito do seu leão) - pode expelir todos os objetos agora leão!

O leão começa a expelir todos os objetos, primeiro a cadeira, depois a geladeira, o fusca e por último a dona Jaciara.

Heitor: - olha lá, a dona Jaciara gente! O que aconteceu? (ri intensamente)

Ítalo: - minha mãe coitadinha, ela foi engolida pelo leão!

Totô: - coitada, que coisa feia que o leão fez!

Fernandinha: - (rindo intensamente) agora deu para entender o sumiço dela, e o fusca amarelo!

Dona Jaciara: ( absolutamente indignada e furiosa, gesticula para todas as direções e pisa duro e com força no chão) - mas isso é o cúmulo do absurdo, é um disparate, é uma hecatombe, eu fui parar dentro da barriga desse monstro! Então é isso que eu mereço por trazer a ordem para esse bairro, então é dessa forma que uma líder comunitária honesta é recebida nesse... Circo! Eu vou tomar as providências necessárias, isso não ficar assim, eu sou uma autoridade!

O leão dá um rugido e dona Jaciara sai correndo.

Ítalo: - mãezinhaaaa!(se levanta para tentar ir atrás da mãe)

O leão vai saindo.

Heitor: - calma Ítalo, sua mãe está bem, só está nervosa, mas ela sabe se virar, não vá perder o resto do espetáculo por causa do que aconteceu, além disso, ela, assim como você tem mania de se meter onde não pode!

Fernandinha: - (bastante séria) o Heitor tem razão, a sua mãe é muito controladora, eu acho que o que aconteceu deve servir de lição!

Ítalo: (balança os ombros) - tudo bem, eu vou ficar!

Hércules: - a próxima atração será a excêntrica hidra de Lerna, a criatura mais esperta do mundo da Grécia, ela vai adivinhar onde está a bola que eu irei esconder nesses objetos!

A personagem mostra três objetos em formato de copos muito grandes onde será escondida uma bola e em seguida giram-se os copos com a mão rapidamente para que se perca de vista onde está o objeto, isso será feito de acordo com uma coreografia para que se saiba exatamente sempre onde estará a bola, esta prática será usada três vezes e se a personagem quiser pode interagir com os atores humanos ou a plateia.

Enquanto a personagem vai demonstrando os copos depois de apresentar a criatura, a hidra vai chegando aos poucos, tem o corpo de lagarto e sete cabeças compridas com orifícios atrás da cabeça como um boneco de luva com uma expressão simples e quase aparência infantil, muito parecido com a cabeça de uma minhoca e cada uma delas está caracterizada com detalhes diferentes que as personalizam, uma tem cabelos e óculos de nerd (pessoa intelectual, mas com cara idiotizada); outra terá cabelos longos loiros em trança, olhos pintados, batom e cílios postiços; mais uma terá tranças afras, barbicha e óculos escuros; outra terá um gorro colorido, cachecol colorido, e óculos em forma de estrela; a quinta tem cabelos em estilo Chanel, usa minissaia e óculos estilo gatinha; em seguida outra possui um chapéu de caipira e uma barbicha e a última usa turbante dourado com brincos enormes e colar de bolas prateado. Os copos serão deslocados, trocando de lugar várias vezes, em seguida a hidra será questionada sobre o local exato da bola e as cabeças irão discutir entre si, algumas cabeças vão concordar uma com a outra, outras discordarão veementes, todas farão expressões diferentes para poder responder a questão e finalmente uma vai escolher a localização correta, diante da resposta positiva do domador elas se felicitam, se agitam e sorriem.

Heitor: - que bicho engraçado, tem um monte de cabeças!

Totô: - é mesmo, tem sete, parece que elas pensam de um jeito diferente umas das outras!

Heitor: - legal!

Fernandinha: - imagina essa criatura opinando nos vestidos que vou usar, eu nem vou conseguir sair de casa!

Ítalo: minha mãe nunca iria me deixar criar um!

Heitor: - ah, mas não ia mesmo, do jeito que ela é e depois do que ela passou!

Ítalo: - seria legal ter um, só que ele dever comer comida por sete!

Fernandinha: - isso é que é influência para engordar!

Heitor: (olha com cumplicidade para totô) - se existisse sete cabeças de Fernandinha nem os pais dela iriam aguentar!

Fernandinha: -(faz uma careta) ahaha, mas que engraçado, se fossem sete Heitores eu mudava de bairro!

Heitor: que nada, você ia ter assunto para as minhas sete cabeças!

Hércules: - obrigado querida Hidra, você pode ir embora e muito obrigado meu público, pela sua atenção, um abraço e adeus!

Fernandinha: - sabe de uma coisa, o Hércules é bonitinho!

Ítalo: - credo, ele podia ser seu pai!

Fernandinha: - mas se ele fosse menino, eu o namoraria!

Totô: - mas ele nem é daqui!

Heitor: - ele é grego!

Fernandinha: - (incomodada) e daí, vocês não gostaram daqueles peixes?

Totô: - são sereias!

Fernandinha: - tanto faz!

Heitor: - tudo bem, vamos ver o resto do show!

Totô: - será que tem palhaços?

Heitor: - claro! Já viu algum circo sem palhaços? Mesmo este que é diferente!

Apresentador: atenção, muito atenção porque agora virão os divertidos palhaços que finalizarão a nossa apresentação de hoje, eu apresento a vocês: Minervina e Netúnio!

Dois bonecos se apresentam com vestes gregas e coloridas, rosto pintado, cabelos e sapatos como de palhaços, suas feições e corpo são caricatos e exagerados.

Uma mesa surge com dois pratos, colheres e um tacho com concha por onde se vai representar servir uma sopa simbolicamente, os dois se encaminham para a mesa, mas uma grande borboleta batendo suas asas aparece e começa a lhes chamar a atenção enquanto Netúnio puxa a cadeira para Minervina sentar, ele a puxa excessivamente sem perceber quando a borboleta passa na sua frente e Minervina acaba caindo no chão, ele fica sem graça tirando-a do chão, Minervina senta e netúnio lhe serva a sopa, a borboleta passa de novo e ele sem querer serve a sopa em seu colo, ela pula assustada e lhe dá um tapa, um aperto no nariz fazendo-o girar sentindo dor e ela aproveita para lhe dar um chute no bumbum, ele quase se atira ao chão pelo chute mas ela dá um assobio sinalizando que volte e se senta para ele servi-la de novo, ele a serve, ela pega a colher e colhe a sopa no prato ficando bem próxima do prato, seu rosto está de frente ao prato no momento em que a borboleta pousa na cabeça de Minervina, Netúnio irritado com a borboleta tenta lhe dar um tapa, porém a borboleta voa e ele apenas consegue fazer com que Minervina enfie a cara na sopa, irritada, Minervina se levanta rápido e induz Netúnio a sentar na cadeira que hesitante sinaliza que não, Minervina insiste segurando a cadeira, Netúnio vai se sentar e Minervina puxa a cadeira fazendo Netúnio cair no chão, ela então pega o prato de sopa e despeja-a em sua cabeça, Netúnio olha frustrado para o público, se levanta e sinaliza que pede desculpas para Minervina fazendo também sinais de amor como ajoelhar-se, Minervina se encanta e os dois se sentam lado a lado com os pratos na mesa, Minervina se serve de sopa e a borboleta vai pousar em cima do prato quando ela tenta colocar a colher, neste instante Netúnio puxa o prato para a borboleta não pousar, Minervina irritada puxa o prato de volta e a borboleta que está ali sobrevoando tenta novamente, essa situação se repete três vezes até que Netúnio se levanta por a borboleta estar insistindo em pousar no prato, Minervina vai atrás para o pegar de volta e está sempre às costas de Netúnio, este nunca deixa Minervina pegá-lo, ela finalmente se volta em direção da mesa e vai tomar a sopa no tacho, mas a borboleta vai pousar justamente nele e Netúnio então pega o tacho antes dela, Minervina irritada pega o tacho e o deixa cair no pé de Netúnio que sofre de muita dor, os dois vão para lados opostos bastante chateados um com outro e ficam de costas, todas as peripécias contidas nesta ação tem concomitantemente uma trilha sonora de percussão, no momento em que os dois estão em desentendimento, uma música romântica toca e os dois olham rápido um para outro até que finalmente se olham fixamente, começam a se aproximar, se encontram e se beijam levemente, Netúnio tira de sua roupa uma flor e entrega Minervina que a cheira e depois coloca na orelha ao lado do rosto, a borboleta reaparece e vem pousar na flor e Netúnio num rompante dá-lhe um tapa, neste momento ouve-se o estampido de um prato de bateria e as luzes se apagam.

Fernandinha: - ahahahaha, isso foi muito engraçado, se eu fosse ela, dava um monte de tapas também, aiai, que maluco, vê se pode sair fazendo aquela fuzarca toda, eu ia embora na hora!

Totô: - coitado, ele é muito desajeitado!

Heitor: - desajeitado sim, mas ela também não se deu conta de que a borboleta estava atrapalhando, ora essa!

Ítalo: - mas ela estava toda empolgada em comer a sopa e nem se deu conta disso!

Heitor: - (fala sorrindo) - ela já está muito cheinha para pensar só em comida!

Totô: - Heitor, você parece a Fernandinha falando!

Heitor: (sério compreendendo o que diz) - é mesmo, que coisa feia!

Fernandinha: - feia nada, verdade seja dita ela está cheinha mesmo, e ele parece um palito de picolé, que combinação engraçada!

Ítalo: - (se inflama) - Não tem nada de engraçada, o que tem de errado em ser diferente? Nós não somos todos iguais, somos todos parecidos, mas somos diferentes!

Fernandinha: - ítalo!!! Você vai ficar contra mim? Eu não jogo mais bola com você!

Ítalo: - calma, não precisa ficar com raiva!

Heitor: - acontece que você tem mania de falar as coisas de qualquer jeito!

Fernandinha: - mas gente, eu só fui sincera!

Totô: - ah, mas, você às vezes diz coisas muito maldosas!

Ítalo: - é mesmo, você quer ter razão sempre!

Fernandinha: - então estão todos contra mim? Puxa vida, será que eu não posso me expressar? Até parece que eu quero mandar no mundo!

Heitor: - gente é o jeito dela, todos nós temos uma forma de sermos, nós gostamos da Fernanda do jeito que ela é e não tem problema ela falar o que pensa, ela não diz de maneira maldosa!

Ítalo: (passa o braço em volta de Fernandinha) - é mesmo, deixem-na falar!

Totô: (joga os braços para o alto) - mas ela fala demais!

Fernandinha: - cruzes, não falo não!

Heitor: - ahahaha, fala sim!

Fernandinha: - eu falo muito Ítalo?

Ítalo: - e como fala!

Fernandinha: ( dá um sorriso maroto, e balança a cabeça) - ai gente, mas eu sou menina, e menina gosta de dizer coisas!

Heitor: - eu também tenho uma coisa importante para dizer!

Totô: - o que é?

Heitor: - eu acho que acabou o espetáculo!

O apresentador se aproxima para dar seu último recado

Apresentador: - senhoras, senhores e queridas crianças, eu gostaria de agradecer muitíssimo a presença de vocês aqui no circo de Apolo, se é surpreendente e novo para vocês, certamente é para nós também enriquecedor e sentimos profundamente o encanto e a felicidade de vossa presença, nossa família se despede, no entanto deixa a certeza de que no ano que vem voltaremos e desejamos alegria, muita alegria para todos, adeus, adeus e um abraço!

Ítalo: ah que pena!

Fernandinha: pena mesmo!

Heitor: - vamos para casa então!

Ítalo: puxa vida, eu queria ficar!

Fernandinha: - mas você não queria ver sua mãe? Depois do que ela passou por aqui e souber que você veio ver o show, ela vai te mandar ir embora com o circo mesmo!

Totô, Heitor e Ítalo: - Fernandinha!!!!

Fernandinha: - eu sou menina, meninas dizem o que pensam!

Todos se dirigem de uma direção do palco para outra direção oposta e as imagens relacionadas ao circo começam a sumir ou ser retiradas no escuro dos refletores se apagando, ao chegarem a um extremo do palco, retornam conversando e a cenografia das casas no fundo começa a surgir, todos param então.

CENA SETE:

Totô: - que pena, foi tão bom ver aquelas pessoas... Parecia gente de verdade vestindo roupa de bichos!

Heitor: - eram diferentes, devem ser de outro mundo!

Ítalo: - minha mãe deve estar traumatizada!

Fernandinha: - para mim não eram gente, mas foi tão bonito, e o Hércules até que era bonito!

Ítalo: (piscando para Heitor) - nós podíamos ir pedir um autógrafo!

Fernandinha: - não senhores, vamos entrar para as casas porque o divertimento acabou e provavelmente eles estão descansando, já nos aventuramos demais hoje, senão pode acontecer o que aconteceu com dona Jaciara!

Ítalo: - coitadinha da mamãe!

Todos se entreolham, inclusive o Ítalo e começam a rir muito.

Heitor: - minha mãe deve estar me esperando em casa com meus irmãos menores.

Totô: - Mas tem uma coisa que eu não entendi muito bem!

Heitor: - o que é oráculo de Delfos?

Ítalo: - acho que na Grécia antiga, ela respondia umas perguntas em nome de Apolo!

Totô: - ah, deve ter sido uma espécie de secretária particular!

Fernandinha: - e das importantes! Ei, Heitor aquela mulher astróloga disse que sua vida seria feita de sonho, mas que coisa esquisita, o que ela quis dizer com isso? Eu a achei meio sem noção, ainda mais vestida daquele jeito cheio de penduricalhos, toda enfeitada, minha mãe detesta!

Heitor: deve ser a maneira de se vestir da época dos gregos!

Fernandinha: - sei lá, acho que não!

Heitor: a vida é feita de sonho... Sonho para mim é dormir e ver um montão de coisas que não acontecem na vida real, ou seja, as mesmas do circo, então eu acho que sei o que ela quis dizer, no futuro eu serei um artista, também não quero dizer que na vida da gente não exista mágica, mas provavelmente nunca encontraremos uma mulher peixe na praia!

Fernandinha: - não mesmo!

Ítalo: - será que não?

Totô: - ia ser muito legal... Seria nossa próxima aventura!

Todos: - se entreolham com cumplicidade e riem novamente.

Heitor: - bem boa noite para todos, até nosso próximo jogo!

Totô: - boa noite, até a próxima partida!

Ítalo: - boa noite a todos!

Fernandinha: - boa noite gente, até a minha próxima vitória na partida do campinho, hahahaha!

Todos vão saindo em direção ás coxias, tudo se apaga e conclui o espetáculo.

FIM

AUTOR: VINÍCIUS MAGALHÃES