Carina, A Boneca de Pano


- Mamãe, quero uma boneca igual a mim!

-Disse a pequena Maria Vitória do alto de seus três anos de idade.

E na euforia de quem espera o Natal com muita ansiedade continuou...

Uma boneca que saiba andar, falar, cantar e que nunca se canse de brincar!

A mãe amorosamente ouviu o pedido, mesmo sabendo que seria impossível realizar o sonho da pequena por conta dos inúmeros compromissos financeiros.

Só que a pequena, com os olhinhos radiantes diariamente separava o par de sapatos impecavelmente brancos pedindo para a mãe colocar nas janelas.

Os dias foram passando, as vitrines coloridas, as ruas movimentadas, as fachadas multicoloridas, os presépios e a harmoniosa beleza do momento indicava a proximidade do Natal.

Lucy, a mãe dedicada pensando em proporcionar para a pequena um presente que a fizesse  feliz, porém não incentivasse o consumismo pensou longamente como atender o desejo.

Percorreu as lojas, viu a tal boneca completa que andava, falava, brincava.

Poderia comprar...

No entanto, teve uma idéia.

Imediatamente  a colocou em prática.

- Faria uma boneca de pano !

Gastaria pouco e o resultado, seria maravilhoso.

Saiu em busca dos comércios onde pudesse comprar retalhos de algodão colorido,um par de olhos, cabelinhos e a os flocos de espuma  para o enchimento.

Precisaria também de um pedaço de plástico para o par de sapatinhos e uns metros de fitas de  cetim para adornar.

Imbuída pelo espírito de Natal Lucy pensou ainda no meio ambiente, na redução do consumo, na importância de reciclar.

No comércio adquiriu apenas o par de olhos...

Retornou para seu lar – uma casa onde o perfume das flores se mistura com o da paz e o amor faz morada mediante a harmonia, a respeito mútuo, a união e a simplicidade.

Maria Vitória a esperava ansiosa correu para seus braços.

Mamãe – disse a pequena com um brilho inconfundível nos olhos.....

- E a boneca que anda, você vai comprar?

A mãe, com toda ternura lhe disse:

- Minha querida, vou sim lhe dar uma linda boneca de presente!

Espere o papai chegar, explique para ele como é esta boneca.

Passado algum tempo a menina ao ouvir a campainha saiu em direção à porta para abraçar o pai como faz todas as noites.

Conversaram sobre o dia, sobre as brincadeiras da pequena, sobre a boneca que anda, sobre os presentes de Natal.

Mesa posta, prece para agradecer o pão de cada dia e a saúde.

Maria Vitória cansada das brincadeiras do dia logo após o jantar adormeceu.

Aproveitando a tranquilidade Lucy  procurou o material para fazer a boneca que mais tarde tanta alegria daria para a pequena.

Precisava de enchimento, tecido para moldar o corpo, um vestidinho, sapatinhos, chapéu, adornos, fitas e rendinhas.

Lembrou-se de um travesseiro sem uso - os flocos de espuma perfeitos para o enchimento.

De um lençol que vestira o berço da menina, mais agora acumulando no armário com objetos sem - uso recortou o corpinho.

Ficou super feliz quando se lembrou do primeiro vestidinho de Maria Vitória – lindo rosa com bolinhas azuis todo enfeitado de laços, pedrinhas e renda – ajustaria para compor a sonhada boneca.

Com o plástico do trocador de fraldas faria os sapatinhos e o chapéu.

Com sobras de lãs coloridas os cabelos.

As fitas que vieram com os presentes do dia da criança serviriam para fazer as graciosas chiquinhas.

Uma caneta para pintar tecido foi a solução para desenhar o nariz e a boca.

A colônia refrescante de Maria Vitória daria o acabamento final.

Lucy separou tudo muito feliz, colocou a criatividade para funcionar.

Passou os tecidos recortou o corpinho da linda boneca de pernas longas e carinha feliz com jeito de amizade.

Abriu a antiga máquina de costura que pertencera à sua avó.

Costurou com precisão a primeira etapa daquele presente especial.

Pediu ajuda para o marido na hora de colocar os flocos,  moldou o corpo da boneca.

Separou os fios de lã.

Fez os cabelos costurando manualmente.

Adornou com as flores das Maria chiquinhas.

Colocou os olhinhos, pintou a boca, o nariz, coloriu com blush as bochechas.

Pronto!

A boneca ganhou uma face!

Em seguida colocou o vestidinho – aquele que fora de Maria Vitória.

Ajustou a barra, as rendas, os laços, as pedrinhas.

Ficou um encanto!

A cada etapa a boneca ganhava vida.

Por fim recortou os sapatinhos e o chapéu.

Incrementou ainda mais fazendo uma pequena bolsa tiracolo.

Ponto!

Que linda boneca!

A soma do amor de Lucy, a consciência ambiental em termos de reciclagem e a criatividade
resultou na linda boneca de pano – presente de Natal para Maria Vitória.

Perfumou de lavanda, fez o pacote.

Em seguida colocou ao lado dos sapatinhos brancos  da menina.

Esta ao despertar – era manhã de Natal, ansiosa abriu o presente esperado.

Não era a boneca que falava, ou andava igual gente.

Era muito mais!

A boneca construída pelas habilidosas mãos de sua mãe com tanto amor que ao apertá-la junto ao junto ao peito parecia que a tinha um coração!

Sentiu o perfume, o aconchego, o carinho dos pais, a maciez , o colorido e a beleza da boneca de pano.

Mamãe – disse a pequena.

Que nome vamos dar para ela?

Ah minha filha, escolha você – disse a mãe não se cabendo de felicidade ao ver a alegria de Maria Vitória.

Já sei – emendou a menina.

Ela vai se chamar Carina.

Carina - indagou Lucy ?

É sim mamãe, porque Carinha não é igual a carinho?

Então!

Carina porque você fez ela para mim mamãe com muito carinho!

Mamãe eu adorei!

Na sala podia se ouvir a canção....

Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar....

Naquele momento toda a felicidade do mundo cabia no coração daquela família, onde
a simplicidade, o amor e a união fizeram o melhor dos presentes de Natal...

Ao final da canção abraçaram-se louvando a Deus pelo momento...

Maria Vitória não larga de jeito nenhum Carina, a boneca de pano que tem nome de carinho.

E...quando os sinos anunciaram a hora santa - a meia noite do dia 24 de dezembro, ocorreu algo mágico -  uma voz meiga quase  que sussurrando disse para que todos ouvissem....

Feliz Natal Maria Vitória, Muita alegria no novo Ano!!!!!

Era a boneca de pano.....



(Ana Stoppa)


(quando o ser humano divorciar-se dos sonhos
 perderá o sentido da vida!) Ana Stoppa.
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Agradeço ao querido Poeta Jairo Válio pela amabilidade desta mensagem, a qual recebo em meu coração como um  terno incentivo, um presente raro, daqueles que fazem a alma acordar para o sagrado compromisso de compartilhar.
Agradeço ao grande Criador do Universo por emprestar-me a inspiração através das palavras.(AnaStoppa)


Obrigada Jairo.
25/12/2011 12:10 - Jairo Valio
 
Querida Ana Stoppa.Que alegria imensa te receber em minha página justamente quando comemoramos com alegria o nascimento do Menino Jesus, mesmo Ele tendo nascido numa humilde manjedoura por lhe negarem lugar mais aconchegante.

Você é a mensageira do Menino Jesus junto à criancinhas da Pastoral do Menor e as doentinhas do Hospital Regional, pois através de suas histórinhas infantis na qual sou seu interlocutor, muitas vezes consigo tirar delas sorrisinhos escondidos e quando se abrem, parecem até pétalas macias de rosas tão lindas e perfumadas.

Por esse motivo, eu é que sou imensamente grato à ti, minha querida amiga por me dar o oportunidade de contar histórinhas que você tem um dom que só pode ser divino, pois alia à elas também conteúdos sobre consciência ambiental e com isso aprendem a preservar a natureza tão bonita, sendo as defensoras futuras para que ela não seja destruida pela ambição dos homens.

Ficou um encanto esta histórinha infantil de Carina a Boneca de Pano e tenho certeza que todas vão se encantar quando ler o lindo presentinho de Natal enviado pela titia Ana Stoppa e que todas conhecem.

Para ti, minha querida, os meus mais sinceros votos de Um Feliz Natal recheado de sorrisos e que Deus esteja sempre presente em seu lindo coração.Para o ano de 2012, então um montão de votos de sucessos, realizações, paz, amor, tudo recheado com bolinhas azuis da cor do céu.

Bjos com todo carinho deste seu admirador incondicional.(Jairo Valio)
      
                   

 
Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 22/12/2011
Reeditado em 04/02/2015
Código do texto: T3401912
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