ENTARDECER

Cai a tarde lenta, cinzenta, calada,
E eu só, cismando, olhando a estrada,
Parece me levar a nenhum lugar.

Nessa densidade - saudade multiplicada,
Sinto uma dor de Florbela na alma desalada.
Uma vontade insana de chorar.

Mas, a dor é tão tirana, tão enviesada,

Que a lágrima se esconde do meu olhar.


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CLARIDADE

Limpo os olhos da poeira da estrada,
que impede de melhor eu enxergar
o que está do outro lado do mar.

 Foram tantos os passos a desgarrar
que, parece-me, caminhava em meio ao nada
na visão que se fazia embaçada.

 A chuva lavou-me o rosto, vejo agora.

 Lá ao longe já desponta u'a nova aurora.

(HLuna)