Rodrigueanas

Quem nunca leu nada de Nelson Rodrigues (1912-1980), mas se interessa por conhecer um importante autor brasileiro do século passado, pode começar com Nelson Rodrigues Por Ele Mesmo (editora Nova Fronteira, 2012), volume cujos textos foram organizados pela própria filha, Sonia Rodrigues. Eles dão uma boa amostra do pensamento e das realizações artísticas do pai em várias áreas da cultura brasileira além de seus palpites sobre política. Apesar de ser chamado de reacionário, dizia não ser um homem nem de direita nem de esquerda. Dizia que ser reacionário, prezar a liberdade, era a melhor maneira de não ser canalha num país como o Brasil.

Mas o pensamento de Nelson não era assim tão simples quando estou resumindo, claro, então talvez seja interessante transcrever aqui algumas de suas frases mais conhecidas ou polêmicas. Vamos a elas:

“A grande, a perfeita solidão exige a companhia ideal.”

“A pior forma de solidão é a companhia de um paulista.”

“Entre o público e uma obra de arte, quem tem razão é sempre a obra de arte.”

“Sou um obsoleto, um carcomido, porque coloco a questão da liberdade antes do problema do pão.”

“A nossa língua tem sido uma boa desculpa para os que a assassinam.”

“Ai do escritor que não usa, de vez em quando, um mínimo de cafonice.”

“A constante dos seres humanos é a burrice. Para um gênio há dez milhões de imbecis.”

“Eu só sei viver com minha língua e minha pátria. Sou um homem da minha rua.”

“Consciência social de brasileiro é medo da polícia.”

“Não sou um escritor unânime, porque a unanimidade é uma burrice.”

“O Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe, porém, um líder que o monte.”

“O grande acontecimento do século [XX] foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota.”

“O socialismo ficará como um pesadelo humorístico da História.”

“A imparcialidade só merece a nossa gargalhada.”

Concorde-se ou não com o autor, passam-se momentos divertidos e de reflexão lendo o que ele escreveu ou pensava. Recomendo, pois, Nelson Rodrigues Por Ele Mesmo.