NO HIPERMERCADO
É entrar no hipermercado
Que logo fico hipertenso
Na porta, a primeira decepção;
Nenhum item em promoção
Já no corredor, vou direto ao chá Matte
Em tempos difíceis, uso meu cupom para o resgate
Sabe como é, preços estão pela hora da morte
E não é todo dia que se tem sorte
A pressão arterial aumenta perto das carnes bovinas
Acho que o que encarece são elas virem de Minas
Pra que papéis tão caros para embrulhar
Para em casa pinchar fora e no lixo colocar?
Acho que o frango morreu fazendo indulgência
Com o bico pra cima, deve ter pedido clemência
E sem nenhuma piedade, o cutelo desceu sem dó
Porque o sangue ainda escorria quente do seu gogó
Oh dó...
Tomate, beterraba, brócolis e alho-porró
Só foram baratos no tempo da minha avó
Porque agora são irmãos gêmeos da inflação
Que come o nosso dinheiro como se come pão
Ovos da melhor galinha é como resolver urucubaca
Como vou saber quem tem a melhor cloaca?
Brancos ou vermelhos a escolher
Tem a ver com mais ou menos colesterol obter?
Sem resposta...vou seguindo pelo setor de bebidas
Muita cola, dizem, prejudica até a vida
Por isso, sigo para os vinhos dos quais sou sommelier
Digo isso por apreciá-los e não para aparecer
De bolachas e chocolates não sou muito fã
Embora presentear alguém é um fino gesto e galã
Procuro uma marca específica e acho que aqui não tem
Irei em outro hiper, há muitos, tudo bem...
Acho que os queijos são agora de vacas de ouro
Vêm embalados em papéis mais parecendo um tesouro
Daí se paga o preço pelo papel e não pelo produto
O peso líquido é o mesmo do peso bruto
E chego ao caixa abarrotado de itens para levar
A garota me sorri e pergunta como vou pagar?
Procuro os cartões, entediado e já morto de cansado
Descubro ali mesmo: todos cartões com limites estourados!