A Crônica do Patinho Feio Que Não Voltou Pra Casa e Comprou um Apartamento

Era uma vez um patinho tão feio, mas tão feio, que todas as definições de beleza e feiura tiveram que ser atualizadas. Desde que ele nasceu, as pessoas e os patinhos diziam ou "mais feio que o patinho feio" ou "menos feio que o patinho feio", e isso já era considerado bom.

Assim, para ganhar a vida, o patinho (não vou dizer "patinho feio", porque para ele seria redundante) buscou ganhar a vida escrevendo textos em blogs. Ele contava sobre si mesmo em terceira pessoa (em quarta e em quinta pessoa, também, aliás, em todas as pessoas, e em todos os patos!).

Mas ele era tão feio que também escrevia muito feio. A sorte dele é que ele não tinha azar. Mas isso não ajudou muito, na verdade, não ajudou em nada. Aí ele decidiu ver vídeos de finanças e investiu tudo o que tinha (dois patiômeros, que era a moeda dos patos), conseguiu multiplicar os patiômeros e acumulou um patrimônio de quarenta e doze patiômeros, aos vinte e dois meses vivendo a vida de pato desgraçado. Então, comprou um apartamento. Na verdade, financiou, e pagou até o fim da sua vida de pato. E viveu feliz recebendo os juros do tesouro direto e pagando o apartamento. Ele viveu a vida toda feio, e morreu aos cento e dois anos de idade de pato, com um patrimônio acumulado de dois patiômeros e mais seiscentos patiômeros. Achei tão emocionante que escrevi esse texto em homenagem a ele, mas não chorei. É uma história de superação. Infelizmente, ele nunca foi bonito, mas vivia em um apartamento. Que esse texto dê forças para você - que não é bonito (e ainda por cima é pobre) - ir atrás do seu apartamento. Abraço de pato.

Ps.: ele não voltou pra casa, porque, depois de começar a investir no tesouro direto e acumular patrimônio, decidiu não dar o desgosto aos pais de aguentarem a cara dele, apesar de os pais dizerem que amavam ele; então, saiu de casa e foi morar no apartamento do prédio ao lado.