O afogado

Diniz Sauer saiu da favela da Rocinha, bem cedo, para mais um dia de trabalho. Diniz era salva-vidas do Corpo de Bombeiros e trabalhava há quinze anos, na praia de Copacabana. Alto, destemido e boa pinta, cabo Diniz costumava ser paquerado pelas banhistas, mas por ser casado, ter um lindo casal de filhos e ser evangélico, não deixava a paquera evoluir.

O sol forte de verão era sinal de cuidado redobrado para os salva-vidas. Dizem que quem morre afogado, geralmente, é quem sabe nadar, pois o banhista se arrisca confiando em sua perícia. Mas uma câimbra é imprevisível e pode acontecer com qualquer um e a qualquer momento. Eram onze horas da manhã, hora do almoço do cabo Diniz, quando um banhista estava se afogando na área dele. O salva-vidas não pensou duas vezes. Esqueceu a quentinha e se atirou na água para salvar o afogado.

Cabo Diniz precisou fazer respiração boca a boca no homem alto e corpulento da cor do pecado.

Após alguns minutos, o banhista, que quase morre afogado, acordou. Luiz Pedro Bimbo, que era ator, não tinha palavras para agradecer a cabo Diniz. Disse-lhe apenas que adorou a respiração boca a boca e que amaria repeti-la, mas bem longe da água…

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 14/10/2018
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