ENTRE O CRIME E O CASTIGO

«No Reino da Venezuela»

Há Natais conciliadores,

E há Natais de refrigério,

Há Natais bem promissores

E há sempre um qu´ é mistério.

Já lá vai, enfim, o tempo

Do Reino da Dinamarca:

S´ a traição é passatempo

Tudo sai mal ao monarca.

Mas hoje ninguém fala dela

Mas diz-se com nostalgia:

“Ide ao Reino da Venezuela

E perguntai pela harmonia!”

Chegado que foi o Natal

Nem sequer havia pernil

Prendeu-o a traição fatal

Nas malhas de um louco ardil.

Não sei s´ há crime ou castigo,

Ou se é, tão só, fatalidade,

O Natal virou sem-abrigo

Morando nele a saudade.

“Os barcos foram pro mar”,

Dizem os arautos pedantes,

“E o pernil é urgente pagar

S´ o querem ter como dantes.”

Todo o Natal sem pernil

Não tem sentido e é tristeza

E não há um Hamlet viril

Que o traga pra cada mesa.

Exaltam-se as emoções:

Em terra onde não há pão

Sejam quais forem as razões

Nunca ninguém tem razão.

Será o Pai Natal ou Jesus,

É esta a grande questão?

Ser ou não ser falta de luz

Antes o pernil do que o pão!

No Reino da Venezuela

Já ninguém trilha o carril

E no devir, para mal dela,

O povo esticará o pernil!

Frassino Machado

In ODIRONIAS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 29/12/2017
Reeditado em 29/12/2017
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