A Próxima Manifestação - Reunião 2

Depois de uma semana, todos voltam à sala de reunião, Larissa aparece cabisbaixa:

- Meninos, não deu certo, será que o mundo do manifesto dormiu?

Beto, que havia dito que estava perdendo os cabelos por culpa do tempo, acrescenta:

- Isso é um coma daqueles fortes. Você viu quando chamamos aquela senhora para segurar o cartaz e gritar “Fora mensalidades caras”? Ela recusou e ainda disse “vocês não tem o que fazer?” Tá difícil, tá difícil...

Larissa tem uma ideia:

- Eu acho que precisamos colocar a sensualidade nas pequenas coisas, a sutileza é que vai consagrar o movimento, ser sexy sem ser vulgar, é moda, é moda, ser sexy sem ser vulgar...

- Exemplos, Larissa, exemplifica essa parada...

- Sexy sem ser vulgar, acho que já vi uma loja com esse nome...

- Também vi, mas é pra criticar quem? As secretárias?

A moça responde:

- Tão viajando heim macharada feia. Ser sexy sem ser vulgar é seduzir sem colocar o dedinho na boca, nossos atos precisam ser assim, vamos à guerra, mas sem armas, vamos andar no meio da Paulista e sem pedir licença, porque as ruas, as vias pertencem aquelas mulheres que não recebem um beijo de boa noite dos maridos só porque estão cheirando a detergente, se elas dormissem de lingerie de sex shop seria outra coisa, sex shop é vulgar, mas supermercado, que não deixa de ser um shopping, não é vulgar, mas pode ser sexy...

Beto pergunta:

- O instinto “femen” baixou aí?

Ela responde:

- Não necessariamente, mas talvez eu faça uma tatuagem aqui entre o pé do seio e a testa do umbigo com essa frase, mas voltando com o raciocínio, não tenho chance, uma mulher e três homens, deixo essa ideia depois que eu furar o olho de vocês e trocar de turma, vou procurar as colegas que não vão a faculdade nas sextas-feiras...

O líder Bruno faz uma indagação:

- Precisamos mudar o foco mesmo, falando de mulher ou de pseudo-mulheres, chega de centro da cidade, vamos para a periferia, damos umas balas aos moleques que ficam o dia todo empinando pipa e eles gritam, molecada tem voz boa, adoram gritar, eles ajudariam na questão sonora já que estamos sem megafone, né?

A garota da turma comenta:

- Eu falei para não levar o megafone e deu no que deu, vou escrever uma história, como ser assaltado por um mendigo sem dentes...

Igor, o quarto membro da trupe das manifestações, argumenta:

- E como não ter dinheiro e mesmo assim o mendigo levar o equipamento de trabalho, esse tava ligado...

Bruno conclui:

- Diferente do país, o mendigo estava acordado!