TRANSFORME SEUS GRILOS EM BORBOLETAS

"Você tem medo de quê?"

(Frase de pesquisa de opinião)

Pois é, depois dizem que eu minto.

Tenho um antigo cliente do norte que tornou-se meu amigo.

Ele é homossexual e bem resolvido com seu velho companheiro.

Antes de julgar as pessoas, dobre a língua.

Ele é empresário, bom negociante e cria algumas centenas de empregos.

O Brasil seria melhor se houvesse outros como ele.

É mais produtivo do que eu, você e a grande maioria das pessoas neste recanto.

Sua opção sexual é parte da sua identidade; e não temos nada com isso.

Ele veio até São Paulo e trouxe outro casal junto; amigos dele, homem e mulher.

Telefonou para mim e disse que estaria em São Paulo e que gostaria de me ver; associei a data e deduzi que eles vinham participar da parada Gay, ou GLS, ou GLTBS; (sei lá!).

Enfim, a parada do Arco Iris.

Ficamos num hotel no centro.

Visitamos museus, exposições ("Bambu house"), vimos um show.

No domingo foram antes do meio dia para a avenida Paulista.

Eu e minha mulher fomos matar a saudade circulando pela Vila Madalena.

E fomos ver os grafites no "Beco do Batman"; passeio que indico para quem tem o espírito livre.

Combinamos nos encontrar ao entardecer, no final do desfile.

É o que fizemos.

Cansados, tive a ideia de leva-los à Cervejaria Goose Island, no Largo da Batata, única franquia na América do Sul.

Para quem não conhece explico que é uma fábrica de cerveja dentro do bar/restaurante.

As paredes são de vidro, as máquinas de produção de aço inoxidável, e a gente bebe em mesas ao redor.

Depois de algum tempo convidam-nos a fazer um "tour" na indústria, onde é explicado todas as fases da produção da cerveja e mostram todos os ingredientes.

Fabricam vários tipos de cerveja, todas "de-li-ci-o-sas".

É a cerveja mais fresca que você pode tomar; sai da produção direto para o seu copo, antes de passar pela pasteurização.

É um investimento de milhares de dólares que, como negócio, duvido dar retorno a curto prazo.

Se é que dará.

Enchemos a cara.

Por volta das onze da noite resolvemos voltar para o hotel.

Estávamos em seis e pegamos dois táxis.

Minha mulher foi num táxis com o casal... casal!

Eu fui com meus amigos homossexuais;

Muito alegres e, para utilizar a expressão deles próprios: "estavam sentido um misto de vergonha e intensa felicidade."

No trânsito os táxis se perderam um do outro.

Minha mulher e o casal amigo foram desembarcados na frente do hotel.

Eu e meus amigos desembarcamos numa rua transversal, a uns cem metros do hotel, pelo fato de que a avenida era mão única e levar-nos à porta demandaria muitas voltas.

Na calçada eu me vi perdido.

Meus amigos, alegres, se abraçavam e riam alto por conta de algo que disseram um no ouvido do outro.

Ao nosso encontro, a passear com um cachorro, vinha um velhinho que pela aparência deduzi ser um morador das redondezas.

Adiantei-me e perguntei-lhe onde ficava o hotel.

Antes de responder, ele nos avaliou por uns instantes, pesou os prós e os contras, e revelou que já havia, há muito tempo, trocado os seus grilos por borboletas, porque disse:

_____ Não precisam de um hotel. Eu empresto um quarto !

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Araçatuba-SP, junho/2015 + 2

Obrigado pela leitura e fiquem com Deus.

Sajob

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