Eu, hospitalizado! (Me visita, poetisa Simone?)
Fui hospitalizado
E diagnosticado:
“Felicidade crônica”, disse o doutor Sena
Olhou para mim e maneou a cabeça, com pena:
Ordenou:
Levem-no para a sala de cirurgia
O paciente terá que passar por exames em bateria
A enfermeira me olhou sorridente
Mostrou-se amiga, mostrou-me os dentes
Moça, eu sei o que eu tenho, estou apaixonado
Ela disse: “O doutor está chegando, é melhor ficar calado”
E eu fiquei, mas abismado
Não era eu que deveria estar ali, hospitalizado
O doutor aproximou-se:
O que você está sentindo?
Eu: Meu coração doutor, alguém me deixa o dia inteiro sorrindo
Eu falei o seu corpo, o seu coração
Eu: ah sim uma poetisa que me faz cantar o dia inteiro a nossa canção
“Paulo Eduardo” , disse ele:
Eu não estou brincando porque isso é muito sério
Me conta desde o começo, tudo sem mistério
E passei, então, a contar:
Um dia, eu poetando, alguém comentou
Vi que naquelas palavras o amor despertou
Comecei as poesias da Simone Medeiros também a ler
E em cada uma delas começava o meu coração arder
Doutor Sena:
Tens, na família, pessoas com problemas vasculares?
Sim doutor, parentes que tinham medo até de olhares
Foram se esvaindo na vida e morreram sem saber
O que é amor, o que é a vida, o que é o bem querer
Olhou-me novamente com pena, o doutor Sena
E pediu para a enfermeira um ultrassom do coração
Tudo preparado na mesa de cirurgia
E me preparei então...
Colocaram um monte de fios no meu peito e eu só ria
Porque desde o começo eu já sabia
O que iriam achar no meu peito e no coração
No final teriam que me liberar e me livrar da operação
Chapa pronta, foi levada para a mesa do doutor Sena
Que indignado pela perda de tempo, disse uma palavra obcena
A junta médica, então, se reuniu, o doutor Sena e seus parceiros
E atônitos encontraram no meu coração somente um nome:
SIMONE MEDEIROS!
Nota: Fui liberado na mesma hora, ameaçado se voltar lá de novo e ainda de ter o plano de saúde cancelado, se mais uma vez fizesse isso!
Tenho culpa de estar apaixonado?