Lutava para sobreviver num mundo hostil que a abominava.
   Ela não sabia por que não gostavam dela. Vivia quieta no seu canto, só saindo de casa para batalhar o seu pão de cada dia.Não exigia nada, bastava-lhe o seu humilde cantinho e sua frugal comidinha.

   Não fazia mal a ninguem mas era perseguida sempre que saia de casa.
  Frequentemente era agredida e como era fragil corria serio risco de vida,. mas tinha uma habilidade impar de escapar das agressões, correndo e escondendo-se em lugares inatingiveis.
  
   Mariazinha tinha medo dela e cada vez que a via corria para o colo da mãe que tambem parecia meio apavorada..

   Por que será? Será porque era negrinha e não cheirava mu ito bem? Ela não tinha como tomar banho , não tinha culpa de seu cheirinho.

   Certo dia resolveu ir atá a escola assistir uma aula de literatura.

   A professora toda empolgada recitava o poema de Olavo Bilac “ Ora, direis, ouvir estrelas ...” e os alunos compenetrados tentavam interpretar o arroubo do poeta.

   Ninguem percebeu sua presença até o momento em que, sem querer, encostou no pé na Maiazinha que deu um grito:

   Olhem uma barata!

   A professora, sem perceber o que fazia, jogou o livro no chão, subiu na cadeira e gritou:

  — Matem ela!
   A criançada toda debandou, uns gritavam, outros riam, outros corriam para fora, outros tentavam matá-la e ela escondia-se daqui, escondia-se dali e burlava todo ataque até que alcançou a parede e foi subindo tranquilamente até o teto, fora do alcance da gurizada.

   O serventa apareceu com uma bombinha de inseticida, mas não conseguiu acertar-lhe o jato. A professora espirrou, as crianças começaram a tossir e ele achou melhor desistir.

   — Precisamos mandar dedetizar o prédio.

   A professora desceu da cadeira ainda meio ressabiada, olhando pelos lados e tentou prosseguir a aula, mas nem ela, muito menos os alunos, conseguiram tranquilizar-se para interpretar a poesia de Olavo Billac