O BOÇAL de plantão!
Cheguei, despretensiosamente, com as mãos nos bolsos
Mascando aquele chiclete para parecer despreocupado
De jeans, tênis, camiseta branca bancando o jovial
Caminhava meio olhando por cima para parecer tudo acidental
Já vislumbrava ela de longe, achando que estava tudo ganho
Treinei uma música para impressionar os seus ouvidos
Ela me olhava e me achei o máximo, olhei para o outro lado
Passou uma loira, olhei para ela com olhos de tarado
Achei que algo a intrigava no meu jeito, porque me fitava
E fui parando o passo sem tirá-la da minha mira
Levantei os óculos escuros para cima do meu cabelo
Achando que os olhares dela eram puro apelo
Cantarolei algo em inglês para impressioná-la
Já estava perto o suficiente para ela me ver melhor
Tinha um lugar ao lado dela no banco, era perto da livraria
“Agora ela vai ter que falar comigo”, e pensei que abafaria
Sentei-me achando que ela estava demorando demais para me abordar
Comecei a achar um desaforo da parte dela
Eu estava todo produzido, todo lindo e ela nem ainda falou
Comecei a me irritar e tanta desfaçatez a música calou
Dei a ela mais um tempo para se redimir do pecado
Para me abordar dizendo que eu era o homem da vida dela
Para me roubar um beijo, um abraço me pedir em casamento
Ao invés, olhou para o outro lado aumentando ainda mais o meu aborrecimento
Do lado que ela olhou então, surgiu um homem de 1.85m
Loiro, de olhos verdes, com um terno cortado provavelmente na Itália
Levantou-se como uma dama, olhou-me então com um desprezo colossal
Como se dissesse: “É esse homem que eu quero, e não um Boçal”