O BOÇAL de plantão!

Cheguei, despretensiosamente, com as mãos nos bolsos

Mascando aquele chiclete para parecer despreocupado

De jeans, tênis, camiseta branca bancando o jovial

Caminhava meio olhando por cima para parecer tudo acidental

Já vislumbrava ela de longe, achando que estava tudo ganho

Treinei uma música para impressionar os seus ouvidos

Ela me olhava e me achei o máximo, olhei para o outro lado

Passou uma loira, olhei para ela com olhos de tarado

Achei que algo a intrigava no meu jeito, porque me fitava

E fui parando o passo sem tirá-la da minha mira

Levantei os óculos escuros para cima do meu cabelo

Achando que os olhares dela eram puro apelo

Cantarolei algo em inglês para impressioná-la

Já estava perto o suficiente para ela me ver melhor

Tinha um lugar ao lado dela no banco, era perto da livraria

“Agora ela vai ter que falar comigo”, e pensei que abafaria

Sentei-me achando que ela estava demorando demais para me abordar

Comecei a achar um desaforo da parte dela

Eu estava todo produzido, todo lindo e ela nem ainda falou

Comecei a me irritar e tanta desfaçatez a música calou

Dei a ela mais um tempo para se redimir do pecado

Para me abordar dizendo que eu era o homem da vida dela

Para me roubar um beijo, um abraço me pedir em casamento

Ao invés, olhou para o outro lado aumentando ainda mais o meu aborrecimento

Do lado que ela olhou então, surgiu um homem de 1.85m

Loiro, de olhos verdes, com um terno cortado provavelmente na Itália

Levantou-se como uma dama, olhou-me então com um desprezo colossal

Como se dissesse: “É esse homem que eu quero, e não um Boçal”

Paulo Eduardo Cardoso Pereira
Enviado por Paulo Eduardo Cardoso Pereira em 04/01/2016
Reeditado em 05/01/2016
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