HISTÓRIA DO BRASIL-parte 2

E chegaram aquelas treze caravelas nas costas do Brasil; Cabral foi logo escolher Porto Seguro, pois era esperto; pensou em lugar para passar as férias de verão porque não era bobo.

Eles desembarcaram com aqueles lanchões e a indiaiada já estava ali, de butuca, pois, vai lá saber quem eram aqueles estranhos? Talvez já tivessem tido contato com os espanhóis, como Orellana, que já tinham andado por aqui antes dos portugueses; há histórias também de que viquingues e fenícios já tinham dado as caras por aqui. Sorte de Cabral e de sua tripulação, pois os índios com que primeiro travaram contato eram tupiniquins, naturalmente pacíficos; tivessem encontrado os tupinambás e teriam levado flechadas e bordunadas a torto e a direito.

Por isso puderam trocar com eles carapuças de linho, sombreiros e outras quinquilharias; ao sinal dos recém-chegados, abaixaram os arcos. Sabemos de tudo isso por causa do famoso escrivão de bordo, Pero Vaz de Caminha. Dizem que a marujada vivia caçoando dele, dizendo: “Pero, já vais pra caminha?”. Ele também ficou caidinho pelas índias presentes na terra brasilis, pois sua descrição pitoresca das tais é mais do que descarada:” Suas vergonhas mui limpas e certinhas...de muito as olharmos não tinham nenhuma vergonha”. E mais outra : “Em se plantando tudo dá”.

Desde esse tempo e de antes ainda o Brasil era considerado o paraíso perdido, tanto que existe uma ilha na costa da Irlanda chamada Brasil; quem inspirou quem no nome ninguém sabe, mas essa ideia de felicidade e alegria perdura até hoje. Dizem que a Utopia, de Thomas Morus, foi inspirada em Fernando de Noronha. Não fica muito longe da verdade.

Chegados aqui, coube aos portugueses nomearem a nova descoberta. Inicialmente acharam que era uma ilha – Ilha de Vera Cruz; depois Terra de Santa Cruz e, por fim Brasil, nome comercial , pois a planta que servia para tingir os mantos de cardeais foi a única riqueza encontrada. Na verdade por muito tempo o Brasil ficou conhecido como “terra dos papagaios. Já pensou você ser chamado de Papagaiense? Não dá!

Uns índios foram levados a bordo; ao verem um castiçal e uma corrente em Cabral, apontaram para terra. Eles entenderam que havia ouro por perto. Na verdade, eles pensaram “oba, tomara que nos deem esses brinquedos”. A verdade é que os portugueses acharam a gente boa, o lugar aprazível, as índias bonitas, mas, ouro que é bom , nada! Por isso o Brasil ficou abandonado, praticamente, por uns trinta anos, pois o comércio de especiarias rendia muito. Imagine não haver geladeira para guardar a comida; elas impediam que se estragasse, ou , pior : disfarçavam o gosto de podre, pois como fazem alguns restaurantes suspeitos, tudo se aproveita, e , aquele bife de hoje é o croquete ou bolinho de amanhã.

Só com a expedição de Martin Afonso de Souza, em 1530, começa definitivamente a colonização do Brasil, com a fundação da Vila de São Vicente, lá onde muitos já devem ter passado as férias. Acontece que o lugar escolhido para a tal vila não era lá muito adequado; os gajos cismaram de fazê-la quase à beira-mar, tanto que na hora em que a bacalhoada estava cozinhando, lá vinha onda e levava tudo embora. Tanto é que rapidinho trataram de mudá-la para local mais afastado das marolas.

Nessa mesma época El-rei teve a ideia genial de criar as Capitanias Hereditárias. Notando a semelhança enorme que há entre o tamanho do Brasil e de Cabo Verde, onde foi aplicada, resolveu doar enormes sesmarias a quem quisesse se aventurar por essas terras; conseguiu doze valentes; alguns chegaram a vender tudo e se arriscar por aqui, ou naufragando ou sendo atacados pelos indígenas, desmentindo a índole pacífica a que sempre lhes atribuiu o indianismo, mais tarde. Apenas as capitanias de São Vicente e Pernambuco prosperaram. Naquele tempo o Brasil era muito menor; se continuasse assim , acabaria um pouco além de Santos e São Vicente. Criou-se o primeiro Governo Geral, com sede em Salvador. Mais tarde, imitando os espanhóis, tentou-se dividir o país em dois governos, um do Maranhão e outro do Brasil, mas não deu certo; imagine um país inteiro de um senhor de bigodes muito conhecido!

Nesse meio tempo ,temos a famosa história do naufrágio do bispo Sardinha; dizem as más línguas que sabendo do nome do bispo ,os índios quiseram experimentá-lo! Que maldade! A verdade é que havia canibalismo por aqui e, Hans Staden, que escapou de uma fria, afirmou que para sobreviver a esse banquete devemos nos fazer de covardes; explicando: o guerreiro acreditava que comendo o inimigo, adquiriria sua coragem; sendo um borra-botas, Staden se livrou dessa; a Glória de um Covarde!

E toca os portugueses batizarem os locais descobertos; ou eram nomes de santos, ou indígenas, ou pelo menos o que entendiam: Buritioca (toca dos macacos), os lusos entenderam Bertioga; imagine Itaquecetuba! O mais curioso foi o Rio de Janeiro; aquela baía enorme, eles acharam que fosse um rio; os computadores lusos não decifraram adequadamente; como era janeiro e dia de São Sebastião, ficou São Sebastião do Rio de Janeiro. Outro lugar curioso foi São Bernardo da Borda do Campo; realmente, quem passa pela Serra do Mar, observa que logo depois aparece um campo. Outros nomes não deram muito certo, como Brejo de fevereiro, Buraco de Abril ou Atoleiro de segunda-feira, mas aqueles dois nomes pegaram.