DOS RATOS...OS MENORES!

Escrevo humoradamente com todo respeito aos "hamsters e afins".

Bem, quem acompanha, mesmo que "un passant", a atual e recente vida pública brasileira decerto que ontem colocou os miolos para fritar em meio às gargalhadas protagonizadas pelas cenas da Câmara Federal que voaram o mundo minutos antes do depoimento mais esperado da História (política?) nunca dantes vista nesse país.

O Brasil inteiro aguardava as explicações, aliás super didáticas, do tesoureiro mais famoso do planeta, um mimo de injustiçado, aquele senhor sofrido que com todo o direito constitucional tenta se defender humildemente do cargo e da função, sob possível desconfiança de tesourar (quais tesouros?) e que doutamente ensinou aos brasileiros, via metodologia científica com recursos da tecnologia da informação em posts, que tesouraria de partido nada tem a ver com recursos eleitorais financeiros arrecadados para campanhas de candidatos do próprio partido dele do qual ele AINDA é heroicamente (com todo orgulho) tesoureiro geral... com todo louvor pela brilhante eficiência na tesoura.

Elogios a parte, é que, como somos duma "civilização civilizada", toda o ônus de desqualificar os indícios de quaisquer provas dos propostos ilícitos de ductos de propinas com dinheiro público pertence aos inocentes cidadãos do bem donos do dinheiro).

O cidadão tem que provar que ele mesmo é o inocente e lesado nisso tudo.

Diante de tanta tristeza humorística, filosofia de direito também a parte, aqui nem me atreveria a prejulgar fatos que não vimos porque isso não nos pertence aos cidadãos comuns e de bem, aliás, ando tão assustada com a classe de cidadãos que se identificam como políticos, que me sinto anestesiada para deduzir qualquer presságio meu de que há algo de MUITO estranho além do paraíso DAS INOCÊNCIAS DAS TESOURAS.

Paraíso?

E antes que o próprio tesoureiro pudesse brilhantemente tentar tesourar as portas das inocências, os ratos voaram no chão da Câmara, assustando os gregos e os troianos da história planetária mais surreal de que se tem notícias.

NUNCA DANTES SE HAVIA VISTO NADA IGUAL NO MUNDO!

Isso mesmo!

Alguém com certo veio artístico embutido quis entrar para a história da História e resolveu poetar a metáfora que pra mim soou como se fosse um alerta assim:"- calma meu povo, dos ratos os menores!).

Não concordo com aquela agressão metafórica, obviamente que não, porque acho que os bichinhos foram tirados do seu habitat mais sagrado e poderiam ter sido contaminados pelo meio inóspito a eles.

Chega de depenar os "ecossistemas" da natureza, ainda que seja da natureza dos ratos.

Vemos o Brasil numa situação ambiental tão dramática e aqueles pobres hamsters, tão limpinhos e inofensivos, foram tratados como se fossem vilões do meio!

Ara gente!

A sociedade protetora dos animais decerto que refuta o acontecido ali, exatamente com eu.

Mas para quem está treinado a observar reações psicopatológicas dos seres humanos frente aos fatores "stressores", inclusive frente aos inofensivos pet- ratinhos, principalmente a reação das mulheres mais frágeis, convenhamos, dali se podia tirar várias conclusões analíticas científicas, só olhando o jeitão reacionário do entorno.

Uns mudos...outros histericamente esbravejantes.

A psicologia ensina que temos vários mecanismos de defesa frente às situações emergentes: racionalização, projeção, sublimação, identidade por figuração são as mais frequentes.

Funciona assim:

Racionalização: Afinal, o pensamento racional dirira que eram só alguns hamsters indefesos e inofensivos que nada poderiam causar aos humanos, homens tão bem intencionados e ali presentes numa tão nobre misão cidadã.

Projeção: deduziríamos que nós humanos não somos ratos, mas se inadvertidamente somos...é sempre os outros que são, e se alguém assim se sentisse por um descuido momentãneo da consciência da "gênese do ser" decerto que ficaria indignado em perder o status da espécie "HOMO SAPIENS" e blasfemaria contra os bichinhos que rejeita como parte integrante da sua própria constituição contaminada.

Então chamaria o outro de "ratazana" em pleno plenário e daí o difamado ratão seriam mesmo apenas os indefesos e desqualificado hamsters.Seria um compêndio de ilustrações também para as ciências jurídicas estudar e desvendar.

Sublimação: Atenção-não, ninguém ali era e jamais seria rato, claro que não, mas, ainda que injuriadamente assim se sentisse, logo deduziria que o rato é um ser esperto, enaltecido na escala animal, cuja inteligência pode ser admirada sob todas as facetas filosóficas do horóscopo chinês...e portanto até que valeria a pena de se ser rato.

Identidade por figuração: Aí sim é que moraria a METÁFORA danosa e claro, provocaria uma reação psicopatológica seríssima e sem auto-defesa o que levaria qualquer ser com o ego danificado até a defender incautamente a todos aqueles ratinhos ali tão inadvertidamente soltos e livres como se defendesse a si mesmo e obviamente que, quem assim se identificasse com ratinhos necessitaria de anos e anos de terapia para se convencer de que ser roedor não pertence à espécie humana, e se tal ocorreu consigo mesmo, seria um desvio da percepção...corrígível e quiçá indenizável pelos danos morais e físicos.

Bem, psicoantropatologia sócio-política a parte, só vi que a ratoeira ali foi prontamente montada!

E pegaram o incauto protagonista do teatro...que vai ser capa da play boy! -porque por aqui é tudo cultural, até os ratinhos que viram famosidades.

Saibam: rapidamente os roedores sumiram do plenário, os inofensivos, e houve até quem quissesse paralizar os trabalhos para prontamente convocar uma "CPI dos hamsters" que invadiram a casa sagrada do povo...

Gente do céu, que mundo metafórico!

Daí sim a planejada METAFORA SE COMPLETRIA POR INTEIRO", e o mérito só pareceria desviado do nobre propósito maior:o de limpar o planeta invadido pelos hamsters...

Só achei que quem colocou os ratinhos lá dentro, é um ser bem humano mas sem

" pet-coração".

E ficou muito notório a todo o povo brasileiro: os hamsters dali não eram culpados de nada...estavam apenas a procura da fatia do seu queijo, a porção legítima que também lhes foi tesourada.

Moral da metáfora: " dos ratos...que nos sejam sempre os menores!".

Amém.