A FORÇA DAS "EXs"

Bem, minha crônica de hoje é simplesmente um mero relato da vida, dessas coisas algo engraçadas que acontecem no cotidiano digital do mundo atual e que, mesmo que queiramos não participar, a deselegância alheia "nonsense" já não nos permite mais.

Acredito que não haja alguém nessa vida sem fronteiras privativas que não tenha participado duma conversa do outro ao celular.

Confesso que isso me irrita.

Mas claro que não vou sair por aí pedindo para que todos tenham educação a fim de não perturbarem os sensíveis e desprecavidos ouvidos do mundo.

E foi assim que, meio ao meu lado, ela seguia pela calçada aos gritos no celular, fato que despertou a atenção de todos que por ali passavam e que aos poucos se juntavam à minha perplexidade em plateia curiosa.

E o monólogo da calçada, ao pé dos gritos das letras, fluiu literalmente assim:

"O quê cara, sua ex me manda uma mensagem e você não diz nada, cara? Tipo, que homem é você, cara? Você pensa que eu sou, tipo, que tipo de mulher? Que aguenta uma mensagem mandada pela sua ex? Me responda "amor", você pensa que eu vou aguentar esse tipo de vida, tipo, sua ex me manda uma mensagem e você não faz nada? O que você quer para nós, amor? Fala cara! Claro você não fala e nem faz nada! Eu cuido de você e você não faz nada! Você não diz nada mesmo? Você acha que eu quero um homem que tem uma ex que manda uma mensagem e, repito, você não faz, tipo, absolutamente nada? Quero lhe dizer, amor, que sinto muito, mas eu não quero mais você!"

Confesso que eu, e acredito que a plateia toda da calçada, fiquei zonza...com o silêncio daquele cara sem cara.

E não apenas ficamos todos com dó do cara como também, e em conjunto, sentimos certa admiração por aquela tão poderosa ex.

Poderosíssima, aliás.

Tipo, durante o monólogo, nem um pio...não se ouvia uma viva voz do outro lado da linha.

A mensagem da sua "ex" paralisou o cara!

Nossa vontade, a da plateia toda, era chacoalhar aquele cara, tipo: "reage cara, diga tipo alguma coisa em sua defesa, ao menos".

Mas aquele silêncio poligâmico mais parecia uma ode à mensagem da sua ex.

Então, logo entendi que era uma quietude super providencial, tipo réu confesso....

Um alívio e um agradecimento para a toda a vida.

Ali, do outro lado da linha, estava mais um cara livre, o mais feliz desse mundo de era digital!

Ali renascia um homem que seria eternamente um cara tipo grato à libertadora mensagem da sua ex.

Moral da crônica: nunca despreze a força duma ex, por mais sonsa que ela possa parecer.

Ela poderá fazer de qualquer cara mudo o mais indefeso , feliz e silencioso tipo colecionador de "exs".