O CABRA-MACHO E A PECINHA EMPERRADA

Começava o dia...

-Eita dotô, que tô numa ressecação das danada nas bandas cá debaxo, pra mode de se esturricar pra se urinar todo, justo nessa cidade seca.- explicava aquele senhor todo sofregamente tão emperrado.

-O que ocorre seu Bastião de Deus, é dor ou calorão nas partes?

-Deve de ser calorão dotô, mas é que ando com uma baita duma ressecação bem lá debaixo do finalzinho das urinas...com uma mijanera presa dos diabos!

-Como assim seu Bastião, urina solta ou presa?

-Os dois dotô! Depende da hora, Até parece coisas das már feitas!

-O senhor está bebendo água? Pode ser alguma pedrinha...uma infecção, ou...já fez alguma vez o toque da Próstata...aquela tal pecinha emperrada dos homens?.

-Beber água e ainda desemperrar com o dedo a pecinha dos homens como Bastião de Deus? Mas nem de longe noutro mundo! Cê tá é endoidando dotô! Não bebo dessa água desse mundo daqui nem por pedido do milagrero do finado Padin Ciço!

E na minha pecinha aqui ninguém põe o dedo não! Sou cabra dos bem macho, dotô, eita! Sô do tempo que home é home pra sempre, dotô! Tem essa coisa de tocar pra se desemperrar não, dotô!

-É só um examezinho rápido seu Bastião de Deus, a pecinha pode estar entupida...pode precisar duma sonda pra aliviar o senhor, e eu sei, nem discuto isso, sei que o senhor é bem cabra macho! Dá pra se notar logo...

-Sonda no cabra Bastião? Aí tô é todo danado! E te digo mais dotô: Menino hôme que tá chegando nas barrigas de hoje nunca mais vai de ter saúde de ferro como este Bastião de Deus -cabra macho que só eu!-, e nem vai conhecer o mundo mais não dotô! Por causa d eque esse mundo daqui se acabô! Eu sim, Bastião, que vi o mundão bão da minha terra por demais... e óia que faz oitenta e uns dos meus baita anos bem vividos e sem essa coisa de pecinha emperrada!! Acabô a consulta dotô! Tem nada que o meió dotô desse mundo acabado possa fazê pra desemperrá as minhas urinas e prá enxugá minha mijanera! Só se for água de bica limpa, daí até pode de sê!.Mas donde?

Porque dagora em diante, neste mundo daqui, ninguém mais vê nem água, nem chuva e nem mundo! E nem vai vê a tár da minha pecinha emperrada, dotô!

Morro com ela assim mermo, como cheguei nesse mundo acabado e desandado tár qual minhas urina!

Até logo, sastifação em vê o dotô, fico com as minha urina desarranjada mesmo, o senhor me descurpa, por causa de que se o remédio é água e dedo pra pecinha emperrada , água daqui bebo não...e também não aceito o dedão!

Mode passar bem dotô João!

E claro, eu que vi tudo, também vi doutor João, ainda que de prontidão, desistir de desemperrar a pecinha do cabra macho Bastião.

É da vida e do direito do cabra acima de qualquer suspeita da ciência.