Mágoas afogadas
Certa vez, chamaram-me para ver um vídeo.
As cenas contavam a história de um moço muito apaixonado; daqueles que só vê a mulher que ama pela frente. Ele foi chamado pela amada.
Ela, então, disse-lhe que não dava para ficarem juntos, pois não queria mais continuar com o namoro. Estava cansada de falta de liberdade, tinha outros planos, citou defeitos nele, reclamou de muitas de suas ações.
Terminou tudo entre eles, apesar vê-lo chorar muito, implorá-la para que desistisse da ideia; pediu -lhe outra chance, passou a prometê-la milhares de coisas, que iria mudar para agradá-la, que seria outro, como ela desejasse, mas mesmo assim, tudo estava terminado.
Não teve jeito.
O moço, desesperado, bebeu "todas" e foi para a beira do rio. Bravo, com gestos agressivos, falando alto, entrou nas águas correntes.
Dentro do rio havia uma árvore com troco e raízes já desgastadas pela força das águas. O moço gritava, chorava, dizia que sem ela ele não poderia viver, que não sabia como seria sem ela, a sua amada e, como um desnorteado, agarrou-se com força ao caule da árvore, como se tivesse agarrando-se à tal mulher.
Em seguida, o tronco desmoronou; o homem, no meio da correnteza, afundou, com restos de folhas secas, barro e sujeiras da madeira apodrecida; um susto repentino!
E foi sendo arrastado pelas águas; mesmo assim, lutando para chegar às margens do rio, culpava a "desgraçada" dessa sua situação, desse seu "alagado" e "podre" destino!
Nesse hilário momento, com as cenas do vídeo na minha frente, falei assim:
- Este aí queria "afogar as suas mágoas" e quase morreu afogado!
E a gargalhada foi geral!