O Príncipe Espantado

Conheci um adolescente que se sentia como adulto

Agradava alguns com seu comportamento, a outros não

Conheci um adulto que se sentia como adolescente

Uns riam, outros censuravam, poucos se agradavam

Na ficção há vários exemplos de dupla personalidade

O Incrível Hulk, o recatado cientista que se irritado

Transforma-se numa fera descontrolada e perigosa

O Homem Aranha, pacato cidadão, meio bobão

Transforma-se e sobe pelas paredes solta teias, enfim

Super homem, o repórter disfarçado, desajeitado

Muda de roupa, sai voando, lança laser pelos olhos

Do lobisomem então, é bom nem falar, vira o cão lobão

Mas me incomoda mesmo é uma fábula infantil

A Branca de Névoa, linda, meiga, pura, uma ternura só,

Aí vem a madrasta, que é na verdade uma bruxa malvada

Mas já pensou se a madrasta, que é bruxa, cheia de inveja

Uma ganância só, o castelo, quer só pra ela, beleza só a dela

Será que ela também não é a própria Branca de Névoa?

Coitadinho do príncipe, de repente feliz da vida

Ali com a sua Branquinha de Névoa, e ela se transforma:

Na Madrasta? Na bruxa malvada? Sei lá! Tanto faz...

Dá arrepios só de pensar, mas onde eu quero chegar?

Fiquei com medo, estou meio perdido, e não é pra menos

Ah! Me lembrei; alguém precisa inventar com urgência

Um detector de bipolaridade, não tem príncipe que agüente

Ele está feliz no bosque, a Branca de Névoa em seus braços

Daí ele monta em seu cavalo branco, com ela grudadinha

E cavalgam soberbamente por campos floridos até o castelo

Lá todos já sabem, ele vai enfrentar a perversa Madrasta

Que vira Bruxa, depois vira Madrasta, vira Bruxa de novo

E ele se agüentando, bate, apanha, cai, levanta, corre

Mas tem a branquinha que o estimula, dá um beijo

E o Príncipe se empolga, vai lá, apanha mais, outro beijo

Assim vai até acabar com a Madrasta, a Bruxa e tudo que é ruim

Mas na nossa história não, não é assim, é mais real, pouca ficção

Quando entram no castelo, ele e a Branca de Névoa, ele só quer beijo

Ela não!Ãhã!,Primeira coisa, a branquinha tranca o portão do castelo.

É claro, a ponte sobre o fosso de crocodilos, já era, não está mais lá

Então a linda tranca tudo e joga a bendita chave não no fosso

Mas no crocodilo, que furioso vai logo engolindo, e mergulha

Aí, lá vem ela, trazendo um balde e um esfregão, e esgoela furiosa

Quero tudo brilhando, o castelo inteiro, o Príncipe Espantado,

Olha de novo e descobre, sua Branca de Névoa e a Madrasta, pasmem,

São a mesma pessoa, seu pavor é indescritível, só tem uma saída

Antes que ela se transforme na Bruxa malvada ele tem que sumir

Mas de que jeito? Bem, eu seria um escritor perverso, se não agisse

Então vamos pôr mais personagens nesse drama tão realista

Nosso Príncipe começa a ficar verde, cada vez mais verde e mais verde

Mas não é de fúria não, nosso Príncipe é boa gente, só queria amar

Ele está verde de medo, desespero, terror, pavor e mais alguma coisa

Já sei, você está pensando que ele se transforma no incrível Hulk

Mas não é, Tem mais um personagem aqui, pra superar essa bagunça

O Príncipe se transforma num Homem Aranha verde, sobe pelas paredes

E antes que a doce Branca de Névoa, que vira Madrasta, e que vai virar bruxa

Complete seu ciclo tri polarizado, o Príncipe some, leva tudo no peito

Nem olha para traz, e proclama um edital por todo o seu Reino:

Súditos e povo meu, inventem urgentemente o tal detector de Transtorno Bipolar

Este Príncipe, e todos os outros, próximas vítimas em potencial ; agradecem.

Atenciosamente: o Príncipe da Branca de Névoa, que vira Madrasta, que vira Bruxa

Livrai-nos...

A Carlos Borges
Enviado por A Carlos Borges em 19/07/2013
Reeditado em 14/09/2014
Código do texto: T4393858
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