NÃO SABIA QUE ERA SONÂMBULO

O sonambulismo é muito interessante. Não sou sonâmbulo, mas, tirei proveito. Um dia, a sogra, dona Tunica, estava sentada no sofá, lá em casa. Era um domingo. De repente surgi andando como se fosse um zumbi.

-Minha filha, ele está estranho.

-Parece sonâmbulo.

-Mas ele era sonâmbulo, filha?

-Primeira vez que vejo ele assim. Mas é um sinal de sonambulismo.

Fui caminhando, atravessei a sala, fui em direção à sogra. Me aproximei. Ela só olhando. Parei. De leve estendi a mão e dei um peteleco na orelha dela.

Dona Tunica, num gesto de reação já ia me tascar um tapa daqueles, mas a esposa impediu:

-Mamãe, não pode acordar quem está sonâmbulo.

-Filha, você viu o que ele fez?

-Mãe, não pode acordar um sonâmbulo.

Serenamente, fingindo dormir, voltei para a cama.

Nem dez minutos depois eu de novo, sonâmbulo, fui para a sala. Dona Tunica e a esposa ficaram observando. Eu de novo em direção a sogra.

-Minha filha, ele vem vindo para o meu lado.

-Mamãe, não podemos acordar um sonâmbulo.

-Filha, sei não...

-Mãe, um sonâmbulo não pode ser despertado assim.

Devagar fui até a dona Tunica e de novo outro peteleco na orelha dela. Ela tentou reagir, mas contida pela esposa.

Mais uma vez fui para a cama.

Dez minutos depois, eu de novo, caminhando pela sala.

-Óh, não minha filha.

-Mãe, eu já disse, não podemos acordar sonâmbulo.

-Ele vem pro meu lado de novo.

-Mãe, mas nós podemos fazer o quê?

-Filha, vou tomar uma providência.

-Mãe, não!

Fui até a sogra, serenamente, pisando calmamente no chão da sala. Cheguei de novo e outro peteleco na orelha dela.

Mas na quinta encenação de sonambulismo, um inesperado, surgiu um pernilongo, começou a me azucrinar. Tocando aquele violino desafinado perto da minha orelha. Foi quando vacilei. Dei um tapa no inseto.

-Minha filha, sonâmbulos se irritam com pernilongos.

-Sei lá, mamãe.

-Ah, espera lá.

Ela apanhou um guarda-chuva, que eu sempre deixo ali em pé próximo do canto da porta. E como o tempo estava limpinho, não ia chover, uma noite cheia de estrelas. Pra quê o guarda-chuva?

Os meteorologistas preveram tempo limpo, e eu prevendo que o tempo ia fechar para o meu lado, sebo nas canelas.

Eu correndo pela rua, minha sogra correndo atrás. O pessoal na rua apreciando tudo.

-Estão olhando o quê? Resolvi praticar uma corridinha pra perder barriga. Eu e a minha sogra. Perder barriga em família.

Leozão Maçaroca
Enviado por Leozão Maçaroca em 18/04/2013
Código do texto: T4246650
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