O GRANDE PRESENTE DO GENRO DEIXOU O SOGRO PREOCUPADO

-E aí, sogrão como está?

Geraldo, o genro. Por coincidência, aniversário do sogro.

-Bem... Mas poderia estar melhor.

-Que é isso, sogrão! O senhor deve agradecer todos os dias por sua filha ter me conhecido...

-Ela sofre de distúrbios alucinatórios desde pequena, coitadinha.

-Toma, é pro senhor.

O pacote era do tamanho de uma caixa de fósforos.

-Se isso aqui demonstra o seu sentimento por mim, juro que começo a ficar preocupado.

-Pode ser um presente assim... digamos, insignificante, mas é muitas vezes maior que... sei lá... um pacotão que não significa nada...

-Você estudou Filosofia?

-Um pouco, mas depois descobri que não ia me levar para lugar algum.

-Você é perspicaz. Mas aposto que não é muito inteligente!

-Convenci a sua filha.

-Perdi a batalha, mas não a guerra. Ainda tenho lá no meu quarto um fuzil de matar búfalos...

A sogra, a dona Beatriz ia passando e ouviu a conversa:

-Que bonito, estão se entendendo.

-Ah, minha sogra, este é um paizão!

Seo Etevaldo neste momento se lembrou do dia em que entrava na igreja, conduzindo a sua filha. Sussurrava no ouvido dela: “Tem gente melhor neste mundo. Ainda há tempo de chutar esse cara. As chaves estão no contato da picape, o tanque está cheio, só depende de uma decisão sua...”

-Sogrão, não vai abrir o presente?!

-Não é melhor chamar o esquadrão anti-bombas primeiro?

-Sogrão, não é à toa que a Cíntia falou que o senhor é o melhor pai deste mundo.

-Não sei se devo abrir isto. E se eu não abrir e ficar com a dúvida pelo resto da vida?

-Ah, sogrão, aí vai ser chato.

-Sei não...

-Vai. Pode confiar.

O senhor Etevaldo foi tirando a fitinha azul, depois lutou com os barbantes envolvendo o embrulho. Pra quê tanta segurança assim? Pediu uma tesoura. Enfim, superado os obstáculos, faltava abrir a micro-caixa. Seo Etevaldo abriu e a surpresa: um dente.

-Isso aqui, meu presente!?

-Foi de um cacique da tribo Kikiauau, morto em combate. Traz sorte.

-Cacique da tribo kiki...?

-Kikiauau, sogrão!

-Ahn, sei. E traz sorte?

-Claro que traz.

“Mas por que o cacique que perdeu o dente morreu em combate?! Se isso traz sorte! –pensou o senhor Etevaldo, -Ah, deixa pra lá.”

-Sei não. –concluiu o sogro, -Prefiro o meu fuzil de matar búfalos.

Leozão Maçaroca
Enviado por Leozão Maçaroca em 16/04/2013
Código do texto: T4243779
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