Quem não ouve conselho...

Esse foi mais um caso inusitado que aconteceu comigo.

Em um dia como outro qualquer, precisei sair para resolver alguma coisa.

Tudo começou quando falei para minha mãe:

- Preciso sair, mas não estou nem um pouco com vontade de ir.

Minha mãe falou:

- Filha, se você não está com vontade de sair, não saia. A gente precisa ouvir o coração. Vai que acontece alguma coisa ruim!

Eu que não acreditava nestas “besteiras” lhe respondi:

- Que nada mãe, isto é crendice boba. Vou sair sim, quero só vê se vai acontecer alguma coisa comigo.

Ela retrucou:

- Presta atenção! Não vá!

Não dei ouvidos ao que ela falou. Me arrumei, peguei minha bicicleta e saí.

Tudo ia bem até que, não sei como, próximo a uma esquina, apareceu uns garotos e com eles três cavalos.

Até ai nada demais! Bom, nada demais até os garotos enxotarem aqueles cavalos. Os bichos saíram em disparada! E um deles veio com tudo em minha direção. Quase batemos cabeça com cabeça. Só não ocorreu o pior porque, não sei como, espalmei uma de minhas mãos no peito do bicho e cai enquanto o animal pisoteou minha bicicleta.

A roda dianteira ficou toda empenada e eu toda machucada, cheia de hematomas. Joelhos ralados, mãos em carne viva e a calça rasgada. Para piorar um caminhão dobrou a esquina e quase me atropelou. Dei um salto não sei como, só sentir o vento e o barulho daquele monstro. Os garotos pareciam paralisados e alguns transeuntes também.

Peguei a bicicleta, olhei para os garotos e lhes disse um monte de besteiras e fui andando, toda estropiada rumo a minha casa.

Quando cheguei em casa foi aquele alvoroço, minha mãe quase teve um piripaque não parava de falar – eu te avisei, não te avisei? -. Não dei ouvidos, estava determinada! Ia resolver aquela coisa custasse o que custasse e pronto. Fui ao meu quarto, lavei as feridas, pus um mertiolate, troquei de roupa e saí novamente sob os protestos de minha mãe.

Dor? Que dor. Fiquei anestesiada e fui resoluta, agora rumo a parada de ônibus, nada mais nada menos que uns quinze minutos de caminhada. Enfim chego, e o ônibus também, atravessei correndo a rua e pam! Dei de encontro com o dito cujo. O motorista ouviu o barulho, pôs o rosto para fora e me olhou, não liguei, dei a volta e entrei no ônibus, paguei a passagem, sentei, e pensei: dessa vez resolvo a 'coisa' . O coletivo seguiu sua viagem e eu lá dentro, fomos e fomos e fomos...quando dei por mim, estava no ponto de partida. Não tive outra escolha, desisti de resolver aquela pendenga, saltei do ônibus e voltei para minha casa. Até hoje não sei que coisa eu tinha que resolver.

Moral da história.

“Quem não ouve conselho, ouve pancada'