Marina atende à porta:
- Dona Inocência!
 
Sim, era ela mesma, a dona Inocência, sua ex sogra sobraçando um enorme buquê de rosas vermelhas.
Já fazia mais de dez anos que se separara do Edu, filho dela, mas todos os anos ela fazia questão de vir cumprimentá-la no dia de seu aniversário.
Aceitava o convite para entrar, tomar um copo de refresco e uma fatia de bolo, pequena porque era diabética.
Ficava até a noite quando Jorge, seu atual marido, sua mãe e sua sogra chegavam para uma singela comemoração, uma trazia o prato principal, outra a sobremesa e Jorge as bebidas.
É claro que nenhum deles gostava de encontrá-la ali, pronta para participar de uma intimidade que não era sua.
Parecia que ela fazia questão de ser desagradável e provocar situações constrangedoras.
Ninguém perguntava do Edu, mas ela contava o que ele estava fazendo e quanto era especial sua nova companheira.
- Foi pena o casamento de vocês não ter dado certo. Não é por ser meu filho, mas ele é um rapaz maravilhoso, não sei por que não tem tido sorte com as mulheres.
Ninguém melhor do que Marina sabia como o Edu era “maravilhoso” e por que “não tinha sorte” com as mulheres.
Não dizia nada, procurava mudar o rumo da conversa, mas a Dona Inocência não era fácil de ser controlada.
Voltava ao assunto insistentemente:
- Lembra aquele dia que eu surpreendi vocês se beijando... ficaram tão sem graça...
Não parecia perceber que fora a única a rir de sua própria tirada.
Dalva, a mãe de Marina, nunca gostara muito dela e quando o casamento de Marina e Edu começou a dar água as duas discutiram e acabaram brigando, mas no dia seguinte ela telefonou pedindo desculpas que Dalva aceitou, mas se já não gostava muito dela, agora não gostava nada.
Dona Ester, mãe de Jorge era uma pessoa discreta, muito educada, mas não tinha por que alicerçar a amizade com a Inocência.
.E o Jorge então, mal agüentava esperar a hora de fechar a porta atrás dela para voltar-se para Marina:
- Você precisa terminar de vez essa ligação com o Edu.
- Eu nunca mais falei com o Edu, não o vejo há muito tempo, mas, não posso deixar de receber a mãe dele quando vem me visitar.
Acabam brigando, pois a essas alturas estão os dois em ponto de bala (de revólver).
Que droga!
 


- Dona Inocência! Que bom que veio! Que lindas rosas!
Beijim, beijim e entram abraçadas para mais uma seção de alfinetadas.
  
 

Maith
Enviado por Maith em 19/12/2010
Reeditado em 19/12/2010
Código do texto: T2680666