HUMOR – Dois bêbados!

 

                Quem teve a oportunidade de passar por fontes d’água, especialmente dessas que ficam à beira das estradas, ou mesmo em açudes e aguadas de um modo geral, pôde ver aquela ruma de lavadeiras a esfregar e bater roupas de terceiros (e até próprias) para ganhar um dinheiro extra e ajudar no sustento de suas famílias, porquanto a renda do cabeça do casal é uma vergonha... alguns ganham apenas o “bolsa-família”.

            Fazendo uma breve retrospectiva da vida, de mim não se apossa vergonha alguma ao dizer que a fabulosa minha mãe, magrinha como os seiscentos diabos, que Deus a tenha em bom lugar (juntamente como o meu velho pai), lavava e passava roupas para uma clientela até razoável. Aguentar aquele ferro de engomar pesado, carregado de carvão, consumia o que lhe restava de forças. O salário-mínimo que o pai ganhava não dava pra coisa alguma, tão-somente para comprar fiado na caderneta da bodega pra pagar no final do mês.

            Pois bem, à beira do açude de um engenho ali do Cabo de Santo Agostinho, contam os donos do domínio público, uma senhora lavadeira estava a esfregar com aquele sabão em barras umas peças de roupas. Interessante a posição dela, praticamente de cócoras, oferecendo distraidamente lance inédito aos que por ali transitavam.

            Foi quando passavam dois compadres bêbados que a controvérsia veio à tona: -- Aquilo é a calcinha dela, falara um deles! – Qual nada, sujeito, aquilo é cabelo! – Coisa nenhuma, rapaz, você não entende de nada, tá maluco, só pode ser a calça, sô!  A polêmica esquentava e os caras já estavam se estranhando. É calça, é cabelo, é calça, é cabelo, é cabelo, é calça...

            Nisso vai passando o garoto Cabecinha, que ia pra escola, quando os compadres o chamam. – Você quer ganhar uns trocados, perguntara um deles? – Quero sim, pra quê? – Vá ali bem perto daquela lavadeira e verifique com jeito se o que está por baixo é calça ou cabelo, ordenara o outro...e tome logo cinco pratas.

            O garoto saiu correndo doido de contente. Chegou, olhou detidamente, voltou ainda mais rápido. – Fale sinceramente o que você viu, menino, vamos, anda. E ele: “Nenhum dos dois acertou... e juntando os dedos com o sinal característico: Está assim de mosca”, e saiu correndo como um raio com medo de lhe tomarem a grana.

Em revisão.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 30/05/2010
Código do texto: T2289653
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