QUESTÃO DE ÉTICA

O seu pai era político

e sua mãe era doméstica.

Ela era filha única

e curtia a Ayurvédica.

O seu nome era Verônica,

era simples e hermética,

tinha uma voz metálica,

era alta e esquelética.

Foi um dia filha pródiga,

faltava-lhe o osso cúbito.

De gaveta eram suas nádegas,

mas seu sexo era cúpido.

Casou-se com um homem lúgubre

que tomava ansiolíticos,

que era gago e epilético,

que só tinha um testículo.

Na frente de um padre bêbado,

no altar da igreja Gótica,

celebraram a paz num ósculo,

de uma forma bem erótica!

Foi então que o padre etílico,

fez o ato mais patético,

beijou a boca do cônjuge,

que era gago e epilético!

Vendo cena tão insólita,

a noiva que era mórbida,

partiu pra cima do pároco,

e apertou suas carótidas.

E com o passo meio trôpego

o padre com voz silábica,

sai de cena como uma bólide,

pra tomar mais uma Vodka.

E a platéia espasmódica

a fingir não ver escândalo,

só olhava para a abóbada

da igreja de Santo Ângelo.

Sou apenas um satírico,

eu não sou poeta sádico,

mas não quero ser hipócrita,

e brincar com um fato trágico.

Essa história é verídica,

não é invenção poética.

Discorri de forma límpida,

conservando toda a estética.

Como eu disse é verídica,

não é invenção poética

mas eu não contei na íntegra,

por uma questão de ética!

SBC-SP-José Alberto Lopes.

11/10/2006