Crianças fumam escondido

Evelyn chegou da escola, rapidamente trocou de roupa e foi para a casa da família que estava em construção na frente de onde moravam. Ali havia uma caixa enorme enterrada no chão: a fossa. Ali as crianças gostam de se esconder.

Quando Ângela viu a irmã se dirigindo pra lá, foi atrás sem ser notada e quando percebeu a irmã entrar na caixa, apareceu de repente lhe dando um baita susto.

_ O que você veio fazer aqui?

_ Cai fora, linguaruda! Respondeu Evelyn escondendo as mãos nas costas

_ Hum... Conta logo, sua chata, o que tem aí?

_ É... é, que... Sabe? Tá bom ganhei um cigarro. Se você contar pra mãe ou pro pai vai ver só.

_ Obá me deixa fumar com você, senão eu vou mesmo contar tudinho pro pai.

_ Isso não é coisa pra criança e você é uma pirralha de seis anos.

_ Deixa, deeeeixa, só um pouco, vai.

_ Pára de gritar, sua tonta! Entra e fica quieta que eu deixo você provar, mas só um pouco.

A ansiedade toma conta das duas. Com ar importante Evelyn acende o cigarro.

_ É cheiroso, né? Diz Ângela e a irmã: _ é dos bons, tem até filtro!

Evelyn chupa o cigarro e em seguida assopra a fumaça pra cima e passa o cigarro pra Ângela que a imita.

_ Boboca, tem que deixar a fumaça um pouco lá dentro guardada e soltar pelo nariz. Nunca viu ninguém fumando não?

_ Ah! tá; dái...

_ Ao tentar reter a fumaça, Ângela se engasga, começa a tossir, tossir... Fica vermelha, roxa e de tão apavorada não consegue respirar. A irmã sem saber o que fazer dá tapas nas costas da irmã, cada vez com mais força; uma, duas, várias vezes. Ângela de tão raivosa, desentala e começa a xingar de todos os palavrões que conhece e parte pra cima de Evelyn para descontar os tapas e assim ambas saem da fossa, literalmente, correndo uma atrás da outra, Ângela xingando a irmã que tenta se livrar dos palavrões e dos tapas da baixinha enfurecida:

_ Ca........cete, merda, doida, meleca... além de me deixar entalada ainda me bate???? Tonta, idiota, agora que eu vou contar tudinho mesmo eu vou, eu vou e você vai v.... Estancam, sem graça ao darem de cara com o pai que muito sério as esperava parado à porta da casa. Ambas ganharam petelecos, ficaram de castigo o resto da tarde, sentadas uma em cada canto da sala. Cedo foram pra a cama. Difícil foi parar de rir e conciliar o sono.

Os pais nunca souberam a razão daquela briga.

Nenhuma das duas jamais tornou a colocar um cigarro na boca.

Anita D Cambuim
Enviado por Anita D Cambuim em 01/10/2009
Reeditado em 25/10/2009
Código do texto: T1841691
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