Interrogatório Matrimonial

Certa vez viajei para a cidade onde nasci, e após alguns anos sem ver minha ex-namorada ela acabou por coincidência me encontrando. Conversamos um pouco, contamos coisas de nossas vidas, e antes de se despedir ela me pediu um favor. Eu querendo ser simpático, antes mesmo de saber do que se tratava, já fui respondendo que faria com prazer. Eis que veio o tal pedido: Levar um presente para uma amiga dela que estava morando em São Paulo, cidade onde moro atualmente. Ela ainda com um sorriso lindo no rosto perguntou se tinha algum problema, e eu com um sorriso nada lindo, e sim muito amarelado, respondi que não havia problema algum. Passamos na loja, compramos o presente e ela mandou empacotar. Quando eu cheguei no hotel já comecei com o plano. Abri a mala, tirei a metade das roupas, coloquei o pacote lá no meio e recoloquei as roupas que havia retirado, cuidando para que o pacote ficasse totalmente escondido. Viajei no dia seguinte para São Paulo, e chegando em casa entreguei os presentes que a minha família tinha mandado para a minha mulher. Atirei a mala em um canto e fui tomar um banho, e logo que saí fui direto dormir, pois estava cansado da viagem. No outro dia de manhã acordei e percebi que minha mulher não estava mais na cama. Fui ao outro quarto e ela já me parou na porta, com um presente na mão e uma cara de poucos amigos.

- Que presente é esse?

- É um presente que um amigo meu mandou.

- E porque está separado dos outros?

- Porque como era o único que não era pra você resolvi separar.

- Para quem é?

- Para o filho de uma amiga dele que mora aqui.

- E porque não tem nome?

- Não sei, talvez ele tenha esquecido.

- Então como você vai saber pra quem entregar?

- Eu anotei o nome da pessoa em algum lugar.

- E desde quando um presente de um amigo precisa ficar exatamente no meio das roupas na mala?

- Eu não sei, estava com pressa pra arrumar a mala, coloquei de qualquer jeito.

- Não parecia estar de qualquer jeito. Como você vai entregar este presente?

- Vou ligar para a pessoa e pedir pra ela buscar lá no trabalho.

- Você acha adequado chamar uma pessoa que nem conhece para o seu trabalho?

- É, talvez não seja. Bom, eu ligo pra ela e peço o endereço para ir entregar.

- Certo, então ligue agora e vamos juntos entregar.

Fiquei sem saber o que dizer, e acabei inventando que tinha perdido o telefone da tal pessoa, sendo que o presente ficou confiscado e nunca foi entregue. Acabei me indispondo com minha mulher, e ainda fiquei com uma péssima imagem perante a minha ex-namorada, pois não entreguei o seu presente.

Portanto nunca subestime a capacidade de interrogatório de uma mulher, muito menos a sua capacidade de levar um homem exatamente pelo caminho que ela deseja.