"Uma esmola pelo amor de Deus!"

Certo dia, sem dinheiro, uma amiga pediu que eu fosse até o banco com ela pra tirar uma quantia e emprestá-la.

Eu disse a ela que não tinha dinheiro nem pra pagar o ônibus (isso é sério, não tinha mesmo!), ela disse que eu não me preocupasse que ela tinha e íamos tirar o dinheiro e aí não teria problema mesmo (ficou parecendo o Chaves falando, sem uma vírgula sequer, zás, zás e zás).

Bom, começamos a andar e andar, até que o sapato que ela estava usando começou a apertar seu pé e ela teve a brilhante idéia de ir até o Shopping Oiapoque comprar uma sandália baixa e o fez - gastou a única cédula que tinha, R$10. Só nos restaram moedas, mas não tinha problema estávamos indo ao banco tirar uma bolada mesmo!

O que acontece é que não consegui tirar o dinheiro! Pronto, e agora, quem poderá nos defender??

Claro, nessas horas dois seres pensantes e "espertos" sempre vão encontrar uma solução...

Andando pela Avenida Afonso Penna, já sem esperança, surge um daqueles "oferecedores de cartão de crédito"... lá vai eu fazer o tal do cartão.

- Senhora, o sistema não aprovou! - disse a atendente com a maior cara limpa. Eu, com minha cara de pau, que virou cinzas naquele momento, a fuzilei!

- Como assim? Como não aprovou? Gente, que absurdo!

Absurdo era mesmo a minha cara de pau! Eu não trabalhava na época, só fazia faculdade e havia dito que era autônoma, o absurdo sou eu, em pessoa!

A minha amiga me olhou com uma cara de soltar palavrão, sabe? Aquele: fu... Então!

Bom, não tínhamos mais dinheiro mesmo, mas fomos contar as moedas... não dava nem para passar juntas na roleta. A situação só se agravava.

Até que ela lembra de sua tia que trabalha logo ali (ali de mineiro, todo mundo conhece, né?), fomos até o serviço da tia pedir um dindin emprestado. A tia estava de férias! O que faltava acontecer?

Fomos até a Praça Sete, sentamos, quase chorando, contamos outra vez as moedas e nada! Pensei em pedir ao cobrador que nos deixasse embarcar e interrompesse a viagem quando a quantidade em dinheiro cobrisse a quilometragem gasta. Tipo assim: - Ô seu "trocador" - ninguém fala cobrador ou agente de bordo mesmo! - a gente tem R$1,75, quando a viagem der esse tanto ocê manda a gente descer, ok?

Íamos fazer isso mesmo... até que - eita história - surge mais um oferecedor de cartão de crédito... lindo, alto, moreno - lembrei daquela música: moreno alto, bonito e sensual. Talvez eu seja a solução do seu problema. E foi! - Bom, veio mexer com a gente, safadinho! Dei-lhe uma olhada daquelas, eu sou brava! Ele assustou e perguntou se a gente precisava de alguma coisa, nem hesitei em responder, quase aos prantos: - Dá um dinheiro pra gente voltar pra casa então!

Pronto! Eu já tinha falado! Ele pediu que esperássemos...

- Espera aí, vocês não tem dinheiro pra voltar pra casa não?

Respondi com a voz chorosa: - Nããããooo!!! - E minha amiga ao lado ria tanto que eu tive vontade de matá-la.

Ele colocou a mão no bolso, e no gesto mais solidário que eu já tinha visto, tirou uma nota de R$5 e perguntou se aquela quantia dava.

O quê? Dava e sobrava pro lanche, estávamos famintas.

Pegamos o telefone do rapaz, para poder ligar e devolver o dinheiro, claro! E fomos para a lanchonete mais próxima que tinha.

O dinheiro que tínhamos daria para comer pastéis fritos da promoção, mas não daria para beber nada! Depois de pedir dinheiro para pagar passagem, que mal haveria em pedir o suco ao atendente? Pois minha amiga, maluca, pediu!

Pagamos a passagem, comemos pastéis fritos de carne e queijo e tomamos suco.

Ufa! Que dia!

Voltamos para casa, enfim, felizes e entupidas da gordura dos pastéis. Ah, e cheias de história pra contar, claro!

AnaNunes
Enviado por AnaNunes em 13/06/2009
Reeditado em 16/06/2009
Código do texto: T1646250
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