Desculpa Esfarrapada (Assassinaram a educação)
Esta história, meus amigos leitores, é real. Por razões de ética, omiti os nomes de pessoas e do lugar onde o fato ocorreu.
Eis o fato:
Em uma era surreal, eu estava assistindo a uma convenção de um partido, que lançava a candidatura de determinado alcaide. Um dos correligionários resolveu discursar. Falou bastante. Depois,para justificar os atentados involuntários às normas da língua de Camões, saiu-se com esta:
- Pessuá, mim discurpe por num falá bem... É que só fiz o sigundo grá.
Pus-me a pensar: As pessoas que fazem o segundo grau têm esse nível de discurso?
O orador, que acabava de golpear gravemente a gramática do vernáculo, feriu de morte o ensino brasileiro, que deixa as pessoas chegarem ao fim do segundo grau sem conhecer o suficiente de sua língua materna.
Isso me deu uma ideia para a educação brasileira: Substituir o excesso de conteúdo inútil por um conjunto de conhecimentos realmente necessários à vida do estudante. Afinal de contas, não se justifica o aluno chegar na escola, passar nove anos no ensino fundamental e três anos no médio e não saber falar a língua que escuta em casa o dia todo, que está impregnada em tudo que se faz... Pra onde olhamos, a linguagem estará lá. Aliás, se não fosse o código linguístico, eu nem estaria aqui, diante do teclado, digitando letras, sílabas, palavras, frases, períodos e textos. Eu estaria enviando sinais de fumaça! Se não fosse a linguagem, a humanidade não teria chegado a um nível de progresso tão significativo.
No princípio era o Logos, ou a palavra. Tudo que existe no mundo nasceu da palavra. E cada vez que o homem cria um artefato, nova palavra é inventada, para dar-lhe nome.
Sem o idioma, estaríamos na idade da pedra lascada.
Portanto, meu correligionário, se você estudou no primeiro e concluiu o segundo grau, há pelo menos uma coisa que você não estudou bem: A Língua Portuguesa, a "Última flor do Lácio inculta e bela, a um tempo esplendor e sepultura"*!
* Trecho do soneto "Língua Portuguesa", de Olavo Bilac.